Veículos com tecnologia de propulsão a hidrogênio são velhas promessas da indústria automotiva, que investe milhões para tentar viabilizar carros como o Toyota Mirai. Isso pode ser facilitado com novas fontes de extração do combustível natural. Uma delas pode vir da Terra do Fogo, território argentino mais conhecido pela sua beleza e por ter uma localização estratégica para os novos investimentos. A empresa norte-americana MMEX Resources Corporation anunciou o investimento de notáveis 500 milhões de dólares para extrair o recurso de maneira verde, cerca de R$ 2,5 bilhões. De acordo com a companhia, o local foi escolhido por ser uma zona franca, o que os ajuda a ter vantagens tributárias, e também pela qualidade e frequência constante de ventos, algo ideal para a geração de energia eólica. A empresa ressalta que os ventos são dos melhores do mundo. Se engana quem acha que esse é o primeiro passo para motorizar a Argentina e os mercados do Cone Sul com carros a hidrogênio. O combustível também é necessário para várias aplicações. A escolha de um território tão afastado passa também pela questão logística. A Terra do Fogo tem acesso fácil aos oceanos Atlântico e Pacífico. Como a produção local será 100% exportada, isso facilitará a navegação das embarcações de transporte. Ainda segundo a MMEX, o objetivo principal é abastecer a demanda dos mercados europeus e asiáticos. Mas quem sabe se isso também beneficiará o Brasil? Células de combustível movidas a etanol são uma das possibilidades de alimentar pilhas de combustível adequadas ao nosso mercado, contudo, a tecnologia ainda é muito incipiente e reservada a um futuro distante. A verdade é que as mudanças na geração de energia estão sendo aceleradas pelas novas imposições de restrição de emissões em tais mercados. O hidrogênio está sendo planejado para abastecer tanto carros quanto usinas de geração. O curioso é que a Terra do Fogo se destacava antes pela produção de gás natural. Será uma bela mudança. O hidrogênio não precisa ser extraído apenas da energia eólica, a empresa também destaca o alto grau de incidência solar da região, algo indispensável, da mesma maneira que ressalta a possibilidade de geração por meios hidrelétricos. A Siemens Energy é parceira da MMEX no projeto, que deve gerar 1.500 empregos na fase de construção e 300 na segunda fase, a de manutenção. Embora os grupos de trabalho do governo argentino queiram manter parte do hidrogênio no país, algo que está alinhado com os planos de produzir mais esse combustível até 2035, a verdade é que a MMEX planeja exportar toda a produção diária de 55 toneladas de hidrogênio verde. O transporte será feito por navios criados especialmente para essa função, embora as embarcações ainda sofram com limitações. A MMEX não é a única empresa internacional que está investindo na Terra do Fogo. A australiana Fortescue anunciou que vai investir para produzir hidrogênio na região. Quem sabe um pouco chega por aqui? A iniciativa deve usar campos eólicos para gerar até 30 megawatts, além de uma planta de eletrólise para converter o material em hidrogênio e obter esse volume projetado. Ambas as estruturas serão na cidade de Rio Grande. A produção deve ser iniciada entre 2025 e 2026. Outro objetivo é obter capital de investidores privados e públicos. Há vários, com exceção de um grupo. Os investidores do Reino Unido esbarram na questão das ilhas Malvinas, ou Falklands, como chamam os britânicos. Depois da guerra de 1982, a relação entre a Inglaterra e Argentina está estremecida. E os argentinos reivindicam até hoje a soberania sobre as ilhas, que estão sob a jurisdição territorial da Terra do Fogo. ******** MAIS SOBRE CARROS E AUTOMOBILISMO: NEWSLETTER DE FLAVIO GOMESNa edição desta semana, o jornalista Flavio Gomes fala da genialidade de Max Verstappen, holandês de apenas 24 anos que entrou para o top 10 de maiores vencedores de GPs da Fórmula 1 e, a cada domingo, vai fazendo história na categoria. Todo domingo, Flavio Gomes escreve sobre a F1 e outras competições do automobilismo e relata bastidores de sua longa carreira como jornalista. Para se cadastrar e receber a newsletter semanal, clique aqui. |