Por que novos SUVs de entrada estão superando carros compactos veteranos

Ler resumo da notícia
Antes, havia as versões com apelo aventureiro de hatches compactos, como Volkswagen CrossFox e Renault Sandero Stepway. Com a popularização do segmento de SUVs, o cenário mudou. Agora, esses carros recebem desenhos e nomes exclusivos que os distanciam dos produtos em que são baseados.
Inicialmente, a ideia era chamá-los de utilitários-esportivos subcompactos, posicionados abaixo de T-Cross, Creta, HR-V, Renegade e outros do segmento. Porém, o nome não caiu muito bem, pois muitos são maiores do que alguns compactos (os mesmos T-Cross, Creta, etc).
"SUVs de entrada" acabou se mostrando uma classificação melhor. O primeiro representante dessa nova fase foi o Nivus, em 2020. Depois, veio em Pulse, em 2021. Mesmo com preço inferior, nenhum dos dois conseguiu vender mais que os compactos de suas montadoras, Fiat Fastback e Volkswagen T-Cross.
A hora da virada
Então, em 2023, veio o Kardian. E as coisas começaram a mudar. Quando olhamos para os números do modelo em 2025, as vendas (até setembro) totalizaram 15.559 unidades. Assim, o SUV de entrada teve mais emplacamentos que o compacto Duster, posicionado acima. Este somou 13.322 exemplares.
O Duster há tempos não é um modelo com vendas tão amplas quanto as de T-Cross e Fastback. Mas estariam seus clientes migrando para o Kardian, um produto menor, mas bem mais moderno?
É possível que isso tenha ocorrido com um ou outro consumidor. Porém, a maior diferença do Kardian em relação a Nivus e Pulse é a ausência de um hatch compacto semelhante na linha. A VW tem o Polo e a Fiat, o Argo. No caso da Renault, o Sandero deixou de ser oferecido, e o Kwid está muito abaixo em posicionamento.
Assim, diferentemente de Pulse e Nivus, o Kardian chegou pegando os consumidores do Sandero. E é aí que entra o Tera.
Tera e Nivus
Antes da reestilização e do reposicionamento de 2023 (que incluiu o lançamento da versão Track), o Polo estava em baixa no mercado brasileiro. Havia deixado até a lista dos 30 carros mais vendidos. Diversas razões contribuíram para isso. Uma delas foi a chegada do Nivus, que herdou alguns clientes do hatch.
A distância entre Polo e Nivus, porém, é imensa. O SUV não tem nem motor 1.0 aspirado, nem versão manual - coisas que estão disponíveis no Tera, lançado no início deste ano. Além disso, o novo modelo é bem menor, e mais barato.
Está posicionado em uma faixa de mercado em que o Nivus nunca esteve. Por isso, o substituiu como SUV de entrada da Volkswagen. No mês passado, o Tera não apenas superou seus "irmãos" da mesma marca. Ele se tornou o utilitário-esportivo mais vendido do Brasil.
De acordo com a Volkswagen, o T-Cross não está sendo afetado. O modelo perdeu espaço porque sua produção foi paralisada para ajustes na fábrica de São José dos Pinhais. No entanto, tanto Polo quanto Nivus perderam clientes para o Tera - algo que fica evidente nos resultado dos dois modelos em outubro.
Próximos passos
Fica claro, portanto, que há espaço para SUVs de entrada e compactos. Isso porque a verdadeira função desses modelos menores é, aos poucos, substituir os hatches. Isso já ocorreu na Renault, e as outras marcas podem seguir os mesmos passos nos próximos anos.
Ao ter os clientes dos hatches, os SUVs de entrada finalmente conseguem fazer um volume tão relevante que deverá, em breve, ultrapassar o dos compactos. Para isso, basta que sejam lançados mais modelos desse tipo.
O próximo a chegar será o Honda WR-V, que já está em pré-venda. Em 2026, será a vez de a Chevrolet lançar seu SUV de entrada, posicionado abaixo do Tracker. A Nissan, por sua vez, confirmou nesta semana o nome de seu representante para o segmento: Kait (também confirmado para o ano que vem).



























Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.