Fiat Titano resolve defeitos para ser rival à altura de Hilux, Ranger e S10
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Em março de 2024, durante o lançamento da então inédita Fiat Titano, o clima era de decepção.
Não dava para negar o preço atraente da picape, mas era difícil apontar outros destaques. Um ano e meio depois, o modelo passou por uma grande transformação. Mudou quase tudo "por dentro" - e, aqui, não estou me referindo à cabine.
Essas alterações profundas conseguiram resolver os maiores problemas da picape, para transformá-la no que sempre deveria ter sido. Com novos motores e câmbio, reformulação nos sistemas de suspensão e direção e adição de importantes tecnologias, a Titano agora tem desempenho, conforto e outros atributos para enfrentar com autoridade as versões de entrada e intermediárias de Hilux, Ranger e S10, dentre outras.

É impressionante, e até chocante, o competente trabalho feito pela engenharia do Grupo Stellantis na Titano, uma picape baseada na Peugeot Landtrek - derivada de um modelo chinês de quase duas décadas atrás, quando os carros da China estavam bem longe do que são hoje.
O time da América do Sul conseguiu transformar o veículo em um produto contemporâneo, com tecnologias fundamentais para o segmento.
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Mas esse trabalho teve seu custo, e a Titano passou por seu primeiro aumento de preço. A versão de entrada, Endurance, única com câmbio manual, custa R$ 234.990. Ganha espelhos retrovisores elétricos de série.
A partir da Volcano, com o novo câmbio automático de oito marchas, por R$ 263.990, há freio de mão elétrico e Android Auto e Apple CarPlay sem fio (antes havia apenas com fio). Essa versão mantém itens que já tinha anteriormente, como a central multimídia com tela de nove polegadas.
A topo de linha Ranch é tabelada a R$ 285.990 e ganha sistemas de assistência à condução ADAS inéditos na picape: controlador de velocidade adaptativo (ACC), frenagem autônoma de emergência e sensor de ponto cego. Traz ainda câmera 360 com função 3D.
As mudanças coincidem com a transferência de local de produção. Antes, a Titano era montada no Uruguai com peças totalmente importadas da China. Agora, é feita em Córdoba, na Argentina, com 40% de índice de nacionalização.
Principais mudanças

O motor 2.2 do modelo 2025 foi substituído pelo 2.2 turbodiesel Multijet usado na Toro, Rampage e Commander (Fiat, Ram e Jeep são marcas da Stellantis e compartilham componentes).
Agora, são 200 cv, 20 cv a mais, e 45,5 kgfm (40,5 kgfm na versão manual). O modelo ficou 2,5 segundos mais rápido para acelerar de zero a 100 km/h (leia mais abaixo).
O câmbio automático de seis velocidades foi substituído por um novo componente, de oito, diferente da transmissão de nove velocidades presente nos demais modelos que usam o Multijet. Porém, ambos são da ZF. O da Titano vem da China e o outro, dos EUA (enquanto o motor é italiano).
De acordo com engenheiros da Stellantis, essa transmissão tem a mesma base da utilizada por Ram 1500 e Jeep Wrangler. O sistema passa a ter quatro modos. Há o esportivo, o normal e outros dois off-road: neve e areia.
Os freios passam a ser a disco nas quatro rodas para todas as versões. A suspensão também traz mudanças, com novas molas e amortecedores, enquanto o sistema de direção passa a ser elétrico.
No sistema de tração, a 4x2 é traseira. Porém, a 4x4 alta (H) foi substituída pela "Auto" (por demanda). Em vez de travar em 50/50, distribui automaticamente a força entre os eixos, transferindo no máximo 50% ao dianteiro.

A vantagem é que pode ser usado em qualquer situação, inclusive em pisos pavimentados, contribuindo para melhorar a estabilidade e desempenho em curvas e, segundo a Fiat, até o consumo. A Titano traz reduzida (por engrenagem, não com a primeira marcha) e bloqueio mecânico do diferencial traseiro.
Na versão de topo, o painel de instrumentos digital com tela de sete polegadas passa a ter novas funções, como a exibição dos gráficos e ícones dos sistemas ADAS (de assistência semiautônoma à condução). A central multimídia mantém a tela de dez polegadas, mas está mais rápida de usar, e traz novidades como as páginas off-road (exibe dados da condução fora de estrada).
Resultado

Com todas as mudanças, a impressão é de estar ao volante de outro veículo, bem diferente daquele lançado em 2024. Se o visual tivesse sofrido alterações, seria até possível chamar esta Titano de nova geração - o estilo, no entanto, é o mesmo.
O grande destaque é a direção, que antes tinha folgas e deixava a dirigibilidade desconfortável e difícil. Agora, com ótima precisão e respostas rápidas, o sistema elétrico contribui para a evolução do comportamentos da picape em curvas. Além disso, não há transferência de vibração nem reflexo de contato com pisos imperfeitos ao componente, algo que ocorria anteriormente.
A direção também contribui para a grande melhora no conforto ao rodar tanto em pisos imperfeitos quanto em diversos tipos de condições off-road. Mas, aqui, é a atualização da suspensão que merece o maior elogio.

O motor Multijet tem baixos níveis de ruído e vibração e, em conjunto com o câmbio, deixa a Titano bem mais rápida. Agora, acelera de zero a 100 km/h em bons 9,9 segundos. Para comparação, a Ranger Black, com apenas 10 cv a menos, cumpre a mesma missão em mais de 12 segundos.
Aliás, anteriormente o zero a 100 km/h da Titano era feito em 12,4 segundos. Assim, é significativa a melhoria na agilidade da picape para acelerar e retomar velocidade.
Claro que ainda há alguns problemas. O acabamento não é dos melhores, não há itens como teto solar e entradas USB-C (apenas três do tipo A) e a alavanca para ajustar a coluna da direção é dura.
Porém, a Titano resolveu seus principais problemas. Com isso, nessa faixa de preço, tornou-se uma das opções com custo-benefício mais interessante.
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