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Tank 300: SUV chinês é alternativa ao Toyota SW4 por R$ 132 mil a menos

O Toyota SW4 vendeu quase sete mil unidades este ano. É mais do que o Caoa Chery Tiggo 8 e o Jeep Commander, SUVs bem mais baratos. E um volume consideravelmente superior ao de concorrentes diretos, como o Mitsubishi Pajero Sport (950 emplacamentos) e o Chevrolet Trailblazer (770). De olho no potencial do líder, a GWM trouxe um produto para fazer parte desse universo. Trata-se do Tank 300, que custa até R$ 132 mil a menos.

Quando olhamos para o Tank 300, muita coisa passa pela cabeça. Talvez considerá-lo um rival do SW4 não seja uma delas. Afinal, na aparência este é um jipão raiz que lembra mais um Jeep Wrangler e um Mercedes-Benz Classe G (ou um Defender do passado).

E, aqui, cabe um parêntese. Se você sonha com um dos jipes como os citados acima, mas ainda não tem poder aquisitivo, ou coragem para investir tanto, o Tank 300 também é solução. Afinal, o Wrangler parte de R$ 500 mil, o Defender, de R$ 750 mil e o Classe G (disponível aqui apenas na versão esportiva 63 AMG) bate perto dos R$ 2 milhões. O GWM custa R$ 333 mil.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Assim, quem sonha com jipes também é um nicho do público alvo. Porém, a maioria dos clientes deve ser aqueles que estão de olho em SW4, Pajero Sport e Trailblazer. A não ser que esse consumidor faça questão de sete lugares. Esta é a única coisa dos três produtos acima que o Tank 300 não entrega.

Aliás, a única versão de cinco lugares do líder SW4 custa R$ 408 mil. Ou seja: R$ 75 mil a mais que o Tank 300. Quando partimos para a Diamond do Toyota, mais sofisticada, a diferença chega a R$ 132 mil.

Robustez

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Mas por que um modelo que parece jipe é rival do SW4? Não que isso seja o principal, mas os dois produtos têm quase o mesmo comprimento: 4,76 metros para o chinês e 4,79 m para o argentino da marca japonesa. O mais importante é a construção. Assim como o veículo derivado da Hilux, o Tank 300 traz carroceria sobre chassi.

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Esse tipo de solução garante a robustez típica de picapes (Hilux, Ranger, S10 e cia). Além disso, apesar de ser híbrido plug-in (leia mais abaixo), ele não usa a típica solução de veículos desse tipo para a tração 4x4. Nada de usar o motor elétrico traseiro para cumprir esse papel.

A tração 4x4 temporária é mecânica, como as de picapes. Tem reduzida, além de bloqueios eletrônicos dos diferenciais central, traseiro e dianteiro. Essa solução é de modelos mais sofisticados - e bem mais caros. A suspensão é independente na frente e usa eixo rígido atrás.

No off-road e em situações que exigem robustez, o Tank 300 vai muito bem. É um 4x4 de verdade, e capricha em parâmetros como vão livre do solo e ângulos de entrada, saída e transposição.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Além disso, cumpre bem o propósito esperado por clientes do SW4. Traz a valentia e a capacidade off-road das picapes, mas sem os inconvenientes que uma caçamba pode causar para pessoas que não precisam dessa solução. Aliás, no dia a dia nas cidades, o conforto não é de SUV feito sobre base de carro de passeio.

Porém, também não é inferior aos dos demais modelos que usam carroceria sobre chassi. Além disso, o ajuste de suspensão ficou muito mais bem acertado que o dos modelos Haval, também da GWM, quando o assunto é estabilidade. Apesar de muito mais alto, o Tank 300 é melhor para fazer curvas e passa mais segurança em alta velocidade.

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Diferenciais

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Na tecnologia, conforto e sofisticação a bordo, o Tank 300 está muito acima de SW4 e Trailblazer, e também leva vantagem ante o Pajero Sport. Há diversos recursos de assistência ADAS, para auxiliar o motorista na condução do veículo, quando necessário.

O multimídia (tela de 12,3") é conectado e há sistema de câmeras 360 com direito a função que auxilia no off-road. Há Android Auto e Apple CarPlay sem fio e diversas entradas USB (dos tipos A e C) pela cabine. O sistema de som tem 640 W de potência.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Outro destaque fica por conta do sistema de iluminação personalizável na cabine, com 64 opções de cor. Há ainda massagem para os bancos dianteiros e teto solar elétrico.

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O acabamento traz certa rusticidade típica dos off-road, mas é caprichado, com materiais de alta qualidade e emborrachados. Chamam a atenção na cabine alguns detalhes que lembram de carros da Mercedes-Benz, como as saídas de ar-condicionado e a típica posição de dirigir de jipes, próxima ao para-brisa (como a do Classe G).

Coisas que podem não agradar

Assim, no capítulo tecnologia, o Tank 300 deixa os demais modelos com esse tipo de construção comendo poeira. A não ser que você queira pagar R$ 2 milhões por um G 63 (porque o Defender de R$ 750 mil também tem tudo isso mas, além de muito mais caro, nesta geração passou a ser feito em base de carro de passeio).

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Mas nem tudo é alegria. A usabilidade dos GWM é extremamente complicada, e o Tank não foge à regra. Para ativar e desligar os diversos sistemas do carro, é preciso dar voltas na central multimídia. Muitos, no entanto, ficam no default, gravados. Nesse caso, toda vez que ligamos o veículo, precisamos desativar de novo tecnologias indesejadas.

Além disso, como os Haval, o Tank 300 apita demais. Os sinais sonoros são exagerados e podem causar ansiedade em algumas situações, como no trânsito das grandes cidades.

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Já o sistema híbrido, bem como o desempenho proporcionado por ele (são 397 cv), vai agradar demais quem roda na cidade. Afinal, dá para usar esse plug-in como carro elétrico em circuito urbano (a autonomia no modo EV é de 75 km, segundo o Inmetro, e a bateria tem 37,1 kWh).

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Além disso, quem gosta de agilidade na estrada não vai ficar desapontado. De 0 a 100 km/h, o Tank 300 acelera em 6,8 segundos. Porém, os clientes dessa categoria costumam dar preferência a modelos a diesel. Isso porque muitos são do interior do País, com grandes distâncias entre uma cidade e outra (ou uma fazenda e outra) e precária estrutura elétrica.

Mesmo sem carregadores, um híbrido plug-in não vai ter problemas na estrada. É só colocar gasolina. Porém, a autonomia vai despencar. Esse problema os veículos a diesel não têm. Muitos ultrapassam os 800 km.

Independentemente desses pequenos contras, o Tank 300 parece ter caído no gosto do público nesses dois primeiros meses de vendas. Já somou 877 emplacamentos. É mais que o Trailblazer fez no ano, e número já bem próximo ao total do Pajero Sport. O SW4 que se cuide!

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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