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De Agile a Veloster: estes carros foram marcados por polêmicas no Brasil

É bem comum um carro causar polêmica junto ao público por causa de um determinado aspecto, ou de seu todo. Na maioria das vezes, isso já ocorre no lançamento. Porém, há coisas que podem surgir posteriormente.

Antes da popularização das redes sociais, os fóruns automotivos e seções de defesa do consumidor de veículos especializados eram o melhor termômetro sobre essas polêmicas. Agora, a comoção ocorre em plataformas como YouTube, Instagram, TikTok, Facebook e X (ex-Twitter).

Uma das recentes polêmicas mundiais é o Mercedes-AMG C 63 S E-Performance. O modelo substituiu o motor V8 por um quatro-cilindros combinado a um sistema elétrico plug-in. Ficou mais potente, rápido e amigo do meio ambiente.

O consumidor, porém, não quer nem saber dessas qualidades. Não aceita a saída do V8 em um dos mais tradicionais esportivos da Mercedes-AMG. Também critica o barulho falso do propulsor projetado na cabine.

A comoção é tanta que o resultado comercial do C 63 não é aquele que a marca esperava. E já é cada vez mais forte o rumor de que a montadora estuda a volta do V8 à versão esportiva do Classe C.

Aqui, listo alguns dos carros que causaram grande polêmica na história dos últimos 20 anos da indústria automotiva. A presença dos modelos escolhidos nada tem a ver com sucesso ou fracasso comercial. Você vai ver que há um produto, inclusive, que é atualmente o SUV médio mais vendido do Brasil (e sempre foi bem aceito pelo consumidor).

São diversos os fatores que levam um carro a causar polêmica. Um dos principais é o design. Mas há também detalhes estéticos de carros bonitos, características consideradas não adequadas a um segmento e problemas mecânicos.

Não incluí nessa lista alguns modelos que a internet acredita que tenham "problemas crônicos", mas que na realidade jamais foram comprovados.

Até porque, como produtora de conteúdo em diversas plataformas, sei bem que diversas pessoas acreditam que todos os automóveis à venda no Brasil têm "defeito de fábrica". Até aqueles que acabaram de ser lançados (e que, portanto, não têm histórico).

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Hyundai Veloster

Hyundai Veloster
Hyundai Veloster Imagem: Divulgação

O modelo é uma das maiores polêmicas dos últimos 20 anos. Com visual inovador e nome que remete à velocidade, chegou com uma campanha de marketing focada em desempenho ágil. Além disso, tinha potência anunciada de 140 cv.

Só que quem comprou não achou o Hyundai Veloster tão rápido assim. Posteriormente, proprietários e veículos especializados em automóveis passaram a colocar o hatch em dinamômetro.

Nos aparelhos, a potência era de pouco mais de 125 cv. O público não perdoou: o carro ganhou o apelido de "Lentoster". O Veloster foi vendido no Brasil de 2011 a 2014.

Toyota Etios

Toyota Etios
Toyota Etios Imagem: Divulgação
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O carro foi considerado feio, mas este nem era o principal problema. O primeiro hatch compacto vendido pela Toyota no Brasil tinha velocímetro no painel central. A solução, além de antiquada, prejudica a ergonomia.

Aliás, um exemplo recente mostra que o cliente realmente não aceita muito bem essa solução. Ela é usada no EX30, lançado pela Volvo no ano passado (e mais uma vez gerou polêmica).

O pacote visual pouco atraente combinado ao velocímetro central contribuiu para o baixo sucesso comercial do Etios. Porém, com o tempo a marca foi fazendo alguns ajustes, e o modelo (que também tinha versão sedã) acabou caindo no gosto do público.

A linha Etios foi lançada no Brasil em 2012. O modelo saiu de linha em 2023.

Chevrolet Agile

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Imagem: Divulgação
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O hatch da Chevrolet chegou ao mercado em 2009 para ser o sucessor do Corsa, um dos carros compactos mais legais já produzidos no Brasil (em duas gerações). Porém, usou plataforma antiga, soluções ultrapassadas e um visual que não agradou.

A ideia era ser um hatch altinho, com estilo de minivan (para concorrer com Fox e Fit). Porém, não foi muito bem executada, e o visual ficou um tanto desengonçado. O ponto mais polêmico era a coluna traseira muito grande, que a pintura tentava (e não conseguia) disfarçar.

O carro não caiu no gosto do povo. A carreira durou até 2014, mas nos últimos anos ele era mais voltado a frotas, pois a Chevrolet se empenhava em trabalhar seu sucessor, o Onix. Este, lançado em 2012, acabou se tornando um dos maiores sucessos da montadora no Brasil.

Aqui, vale ressaltar que o Agile veio em um período complicado da indústria brasileira. O mercado estava em baixa e, consequentemente, os investimentos também. Na época, várias montadoras produziam versões brasileiras de modelos inéditos ou "novas gerações" sobre antigas plataformas mundiais (principalmente europeias).

Enquanto isso, as versões globais dos produtos já haviam adotado novas arquiteturas. Quase todas as montadoras usaram a solução caseira. Não foi apenas a Chevrolet. A indústria nacional estava defasada. O que nos leva ao próximo caso polêmico.

Ford Fiesta (e outros Powershift)

Fiesta
Fiesta Imagem: Divulgação
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A sexta geração do Ford Fiesta veio para encerrar a "Idade das Trevas" descrita acima no segmento de compactos. Estava em dia com a versão vendida pela Ford Europa em plataforma, design e tecnologia.

Em 2011, começou a vir do México. Em 2013, o produto começou a ser feito no Brasil. Nessa ocasião, um de seus destaques era o câmbio automatizado de duas embreagens. Só que esta transmissão passou a apresentar um problema crônico que a Ford não foi capaz de resolver.

Era uma questão mundial, já que esse câmbio, chamado de Powershift, era usado em diversos mercados. A Ford acabou tirando a transmissão de linha. Esta equipava, no Brasil, outros produtos da Ford, como Focus e EcoSport.

Mas quem acabou levando a maior fama foi o Fiesta, que era o mais vendido a ter o Powershift. Após a polêmica, o carro saiu de linha no Brasil para sempre. Isso ocorreu em 2019.

Volkswagen Golf

VW Golf GTI '4,5'
VW Golf GTI '4,5' Imagem: Divulgação
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O VW Golf de quarta geração foi o primeiro carro feito pela Volkswagen em São José dos Pinhais (PR), a partir de 1999, e virou um marco da indústria. Era moderno, eficiente, tecnológico e, principalmente, em dia com o mercado europeu. Só que o mercado brasileiro não cresceu como o esperado.

Assim, quando o Golf mudou da quarta para a quinta geração na Europa, o Brasil não acompanhou. Em 2007, foi feita uma reestilização à nacional, em solução que ficou conhecida como Golf "4,5".

O público do hatch médio da marca alemã, entusiasta automotivo e em total conexão com o que está rolando no mundo, não gostou muito dessa solução. Ainda assim, o "4,5" conseguiu sobreviver por bastante tempo.

O modelo só saiu de linha em 2013. Porém, na sétima geração, o hatch ainda voltaria a ter uma versão nacional, de 2016 a 2019 (para alegria dos "golfeiros").

Renault Logan

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Imagem: Divulgação
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O Renault Logan marcou a fase em que a Renault do Brasil passou a nacionalizar carros da Dacia, a subsidiária romena de baixo custo da marca. E o visual era de chorar. Lançado em 2007, o sedã parecia carro dos anos 80.

Apesar disso, ele até que foi bem aceito. Tinha preço de sedã compacto de entrada com espaço interno de médio. Além disso, com o tempo a Dacia, e a própria Renault do Brasil, foram melhorando o visual do Logan.

Assim, o modelo, apesar do início controverso, acabou se transformando em um caso de sucesso. Saiu de linha no final de 2024, pois a partir do Kardian a Renault iniciou o processo de abandono da plataforma da Dacia no Brasil. Além disso, a marca está deixando de investir no segmento de sedãs.

Toyota Corolla Cross

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Imagem: Divulgação

Ele nasceu bem-sucedido e continua assim desde então. É o único que, desde o início (em 2021) conseguiu fazer frente ao Jeep Compass. Em 2025, pela primeira vez, lidera o segmento de SUVs médios no acumulado do ano.

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Mas mesmo com todo o sucesso comercial, o Toyota Corolla Cross é alvo de constante polêmica nas redes sociais por causa do abafador de escape. A peça parece pendurada na traseira do carro e recebeu o apelido de "marmita".

A Toyota até pintou o abafador de preto em uma mudança de linha. Não adiantou muito no quesito polêmica: o apelido continua. Assim, a marca decidiu resolver outras questões (como freio de estacionamento e multimídia). Afinal, ninguém parece estar deixando de comprar por causa da "marmita".

Automatizados com uma embreagem

Volkswagen Polo com o câmbio automatizado I-Motion
Volkswagen Polo com o câmbio automatizado I-Motion Imagem: Divulgação

Antes da popularização do câmbio automático, as marcas lançaram no Brasil sistemas automatizados de uma embreagem apenas. Eram praticamente transmissões manuais que dispensavam pedal para trocar marcha - assim, funcionavam de maneira semelhante aos automáticos.

Esse sistema era usado em carros de menor valor agregado por marcas de alto volume. Entre eles, VW Gol e Fiat Palio. Montadoras como Chevrolet e Renault, entre outras, também aderiram à solução.

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O público, porém, não gostou. Eram câmbios que geravam trancos nas mudanças de marcha e acabavam deixando os carros bem mais lentos. Assim, desapareceram do mercado.

Porém, muitos ainda se lembram dessa época e acabam tendo preconceito até dos automatizados de duas embreagens (tecnologia cujo funcionamento, muito eficiente, nada tem a ver com as antigas transmissões de uma embreagem apenas).

Reportagem

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