O que o novo Honda City Hatchback Touring 2025 tem de melhor. E pior

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Sucessor do Fit, que foi um grande sucesso, o City Hatchback não vem tendo uma carreira de grande aceitação. Em 2023, por exemplo, registrou vendas 37,5% inferiores às do ano anterior. Porém, 2024 veio, e o carro decidiu resolver alguns de seus problemas para tentar agradar um pouco mais o público.
Das 10 mil unidades vendidas em 2023, o City Hatchback avançou 50% em 2024, atingindo 15 mil emplacamentos. É um número total expressivo? Não. Mas, sem dúvidas, o Honda deu um grande passo. Só não dá para dizer que a mudança foi fundamental para isso, pois ela ocorreu apenas em novembro, a apenas um mês do fim do ano.
Ainda assim, mostram que a Honda se esforça deixar seu produto mais competitivo. O público reconhece o esforço neste início de 2025. No primeiro bimestre, o carro vendeu 58% a mais que em igual período do ano passado.

Eu passei uma semana com um City Hatchback da versão topo de linha, Touring. Viajei, com o modelo, 900 km. Agora, chegou o momento de dizer quais são seus principais pontos positivos e negativos. Antes disso, um breve resumo sobre as mudanças na linha 2025.
Houve reestilização, com alterações na grade (maior e do tipo colmeia) e para-choques. Por dentro, o console foi redesenhado para receber o freio de estacionamento eletrônico. Além disso, a central multimídia traz nova interface, e ganhou Android Auto e Apple CarPlay sem fio.

Pontos positivos
O maior destaque do City Hatchback é o espaço traseiro, bem superior à média da categoria de hatches compactos. Pernas e cabeças de dois ocupantes ficam bem acomodados, e o banco é levemente inclinado, dando mais conforto e amplitude. Além disso, há saída de ar-condicionado e duas entradas USB para quem vai nessa parte do carro.

Com 4,34 m de comprimento (maior que alguns SUVs compactos), o City Hatchback tem 2,60 metros de distância entre os eixos. Essa dimensão, importante para o espaço traseiro de um carro, é superior à média da categoria.
Outro destaque importante é o fato de este ser o único hatch compacto de marca generalista a trazer sistema semiautônomo de condução. A tecnologia auxilia o motorista, freando, acelerando e virando o volante em curvas em determinados tipos de via. Tudo isso automaticamente.

O acabamento é bem-feito e bonito. Está um patamar acima do de outros hatches compactos. Há ainda comodidades como carregador de smartphone por indução, ar-condicionado de duas zonas, chave presencial, partida por botão e bancos de couro.
Conforto e ergonomia dos bancos dianteiros também são pontos altos, assim como o consumo de gasolina na estrada. Fiz média de 16,5 km/l, bem melhor que os 15 km/l divulgados pelo Inmetro.

Pontos negativos
Se o consumo é bom, um tanque de combustível melhor seria fundamental para dar ao carro boa autonomia. São apenas 39 litros. Eu consegui rodar 420 km, momento em que o carro entrou na reserva. Ruim não é. Mas poderia ser muito melhor.

O motor 1.5 aspirado tem bons 126 cv, mas o torque é de apenas 15,8 kgfm a 4.600 rpm. Em um universo em que motores turbo (com alta força em baixa rotação) estão cada vez mais comuns, o City Hatback deixa a desejar nas retomadas e acelerações, que são lentas.
Não é um carro bom para acelerar na estrada. Ao menos, meus 900 km foram em pista dupla. Nas saídas de pedágio, muitas vezes tive de ir para o lado direito para dar passagem aos demais, e houve ocasiões acabei ficando presa atrás de caminhões por algum tempo . Isso porque a aceleração é muito lenta.

Mas poderia ser pior: em pista simples e movimentada, o problema seria dificuldade de ultrapassar. Na usabilidade, a interface do multimídia, mesmo atualizada, ainda parece de carro antigo. E, embora o hatch traga duas entradas USB-C para quem vai atrás, para os ocupantes da frente há apenas do tipo A.
Mas o principal ponto negativo é o preço. O hatch parte de R$ 117.500, que não são assim tão assustadores. Já os R$ 145.700 da versão Touring são. É um montante superior ao de versões intermediárias de SUVs compactos.

Conclusão
O City Hatchback tem muito mais pontos positivos que negativos. Você não encontrará, no Brasil, um hatch compacto mais espaçoso e bem acabado. O problema é que ele cobra cada centavo por isso, e até um pouco mais. Principalmente na versão topo de linha. O brasileiro não está disposto a pagar tudo isso por um hatch.

O produto pode ser superior ao segmento, mas não deixa de ser um hatch. A impressão é de que a Honda quis oferecer um modelo acima da média, como um hatch médio (categoria dos finados Golf, Focus e Cruze GT). Só que ele tem suspensão traseira por eixo de torção, que é coisa de produto mais acessível. E o porta-malas, de 268 l, é de compacto.
Mas não é só isso. O segmento de hatches médios não existe mais para as marcas generalistas. Com a chegada dos SUVs, o público os preferiu - assim como aos compactos premium, que o City Hatchback também poderia ser.

Assim, ele fica perdido nesse universo de hatch, um tipo de produto que não dá status de SUV. Por isso, há um escasso número de pessoas dispostas a pagar mais de R$ 145 mil por um carro do segmento. É o emocional falando.
Mas se você está nem aí para o fato de as pessoas acharem que um utilitário-esportivo "agrega valor" à sua pessoa, dê uma chance ao City Hatchback. É um bom produto. Bem melhor que muito veículo que o mercado considera SUV.
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