Por que novo X3 é 'barato' mesmo custando até R$ 225 mil a mais que rivais

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O segmento de que faz parte a nova geração do BMW X3, o de SUVs premium de luxo, tem concorrentes com preços iniciais entre R$ 400 mil e R$ 450 mil. O modelo, no entanto, acaba de chegar ao mercado brasileiro por R$ 625 mil. Em tempos em que todos podem expor suas opiniões em redes sociais, a maioria considerou o produto extremamente caro.
Mas será que o novo BMW X3 é mesmo tão caro assim? A resposta é bem simples, e vai te surpreender: não, ele não é. O que vou dizer nos próximos parágrafos pode parecer uma verdadeira contradição à frase anterior.
Porém, ao final desse texto, você vai ver que o preço do novo BMW X3 está bem posicionado. Mas tenha em mente uma coisa importante: custo-benefício é relação entre o que um produto custa e a soma daquilo que ele oferece com sua adequação ao segmento.
Se um produto tem custo-benefício bom, quer dizer que ele não é caro. Isso quer dizer que esse conceito, caro ou barato, nada tem a ver com o poder aquisitivo (ou seja, a capacidade de comprar) de um determinado grupo.

Assim, não é o fato de você não poder comprar que torna um produto caro. Mas, aqui entre nós: os preços dos carros no Brasil estão mesmo nas alturas, e deixando-os restritos a cada vez menos pessoas.
X3 x concorrência

O Audi Q5 parte de R$ 400 mil e é o modelo mais em conta entre os SUVs médios premium. Isso quer dizer que custa R$ 225 mil a menos que o novo X3. Já na comparação com a versão híbrida plug-in do Audi, a R$ 481 mil, a diferença cai. O BMW passa a ser R$ 144 mil mais caro.
Quanto ao Volvo XC60 (R$ 440 mil iniciais), que só tem versões híbridas plug-in, a diferença de preço é de R$ 185 mil. Isso na comparação com a configuração mais barata, já que não podemos nos esquecer que R$ 625 mil é o único preço do X3 no País - portanto, o menor preço.
O preço do GLC 300 é de R$ 515 mil, ou R$ 110 mil menor que o do X3. Em relação ao Discovery Sport (R$ 449 mil), são R$ 176 mil a mais para o BMW, que é R$ 135 mil mais caro que o Macan de entrada (R$ 490 mil).

Mas aqui, na comparação com o Macan, é que começa a aparecer a verdade. O modelo tem diversas opções de motorização, de quatro e seis cilindros. No segundo grupo, a versão S tem 380 cv e custa R$ 645 mil. Ou seja: R$ 20 mil a mais que o novo X3.
Por que não é caro
De todos os SUVs médios premium, o único dos "veteranos" a ter versão com motor de seis cilindros e leve preparação para ressaltar a esportividade é o Macan. E a verdade é que a nova geração do X3 briga diretamente apenas com este modelo.
Por quê? É que por enquanto o BMW está disponível no Brasil apenas na versão M50, que é a topo de linha. Esta tem motor de seis-cilindros que gera 381 cv, mas chega a 398 cv com overboost. Além disso, traz esportividade.

Assim como o Macan S não é um GTS, um M50 não é um M Competition. Mas ambos têm leve preparação para entregar comportamento mais apimentado que o de opções normais dos carros.
O modelo substitui o M40, e teve alta de apenas 3,31% (R$ 20 mil, já que o anterior custava R$ 605 mil). É pouco para um modelo que mudou completamente, ficou maior, mais rápido, tecnológico e muito melhor de dirigir.
Além disso, custa R$ 20 mil a menos que o único concorrente direto. Isso com pacote fechado. Tudo está incluído e não há opcionais. É diferente do Macan S, em que a lista de extras é imensa.
Muitos vão observar que o Volvo é mais barato mesmo tendo quase 500 cv. E que o Q5 PHEV tem potência próxima (367 cv). Mas estes são modelos de quatro cilindros, assim como GLE, Discovery Sport e Macan de entrada. Porém, são capazes de entregar mais potência graças ao sistema híbrido plug-in.

Não é só potência que define o preço de um carro. Há fatores como tecnologia embarcada, suspensão e preparação, entre outros. Quando o X3 tiver mais versões, elas serão mais em conta que a M50. Inclusive as híbridas plug-in.
E ele terá mais versões? Sim! Espere inúmeras, inclusive nacionais - montadas na fábrica de Araquari, em Santa Catarina. A BMW apenas optou por lançar o carro em uma configuração topo de linha, algo absolutamente normal no segmento premium - e até fora dele.
O que tem de legal
O X3 cresceu em relação ao modelo anterior. Tem 4,75 metros de comprimento, e mais de 500 litros de capacidade no porta-malas. O visual é completamente novo, marcado por linhas retas que devem guiar os próximos BMW.

Tem muita coisa legal na cabine, como as partes com iluminação personalizável em detalhes que lembram cristais, e a posição inusitada de todas as saídas de ar. No centro, elas parecem que estão escondidas. Nas laterais, ficam próximas às portas.
Tecnologias como sistema semiautônomo de condução, câmeras 360 e navegador GPS integrado ao sistema de trânsito e com realidade aumentada se destacam entre as tecnologias.

O motor 3.0 turbo de seis-cilindros tem até 398 cv e quase 60 kgfm de torque. No modo esportivo, ronca bonito na aceleração. O problema é que quem está dentro da cabine escuta até demais. Isso porque o barulho não é real. Vem dos alto-falantes - inclusive, o sistema de som premium da Harman Kardon traz 750 W de potência.
O câmbio é automático de oito velocidades e a tração, 4x4. De acordo com informações da BMW, o X3 acelera de 0 a 100 km/h em 4,6 segundos. Confira aqui o teste completo.
Quem são os SUVs médios premium
Os SUVs médios premium são os utilitários-esportivos intermediários na linha das montadoras. Considerando apenas os modelos da combustão com carroceria convencional (não os cupês), na BMW o X3 está acima do X1 e abaixo do X5. Mas a montadora oferece ainda o grandalhão X7, uma espécie de GGG.
O Q5 fica entre o Q3 e o Q7 e XC60, entre o XC40 (que no Brasil só tem versão elétrica, mas em outras partes do mundo traz opções a combustão) e o XC90. Estes são alguns exemplos. A maioria dos SUVs médios compartilha plataforma com sedãs do mesmo segmento (como o Classe C, da Mercedes-Benz).
Porém, no geral são menores que os três-volumes. E por falar em dimensões, elas variam de 4,60 metros a 4,75 metros. No primeiro grupo estão Q5 e Discovery Sport. XC60 e Macan têm 4,70 m. O X3, por enquanto, é o maior deles.

XC60 e Q5 estão prestes a mudar. O Volvo recebeu reestilização, que acaba de ser apresentada globalmente. Chegará ao Brasil entre o fim deste ano e o início do próximo. Já a nova geração do Audi, lançada na Europa, é aguardada para o mercado nacional ainda em 2025.
No ano passado, o líder disparado do segmento foi o XC60, com 3.268 emplacamentos. O Q5 ficou com a segunda posição (1.515) e o Macan, com a terceira (1.386). O X3 foi quarto (1.149) e o Discovery Sport, quinto (1.040). O GLC teve apenas 497 unidades vendidas. Os dados são da Jato Dynamics.
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