Corolla: por que fenômeno mundial estaria entrando em decadência no Brasil

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Pelo segundo ano seguido, o Tesla Model Y foi o carro mais vendido do mundo. Mas a boa notícia não é apenas para o elétrico. O Corolla também tem motivos para celebrar. Após amargar uma quarta posição em 2023, o Toyota voltou para o segundo lugar em 2024.
Essa posição, aliás, tem sido constante para o Corolla na década atual. Já na anterior, ele era quase sempre o primeiro colocado (com exceção de 2011 e 2012). E assim vem sendo a trajetória de sucesso do Toyota. Os adversários mudam. Já foram Ford F-150, Volkswagen Golf e até Ford Focus. O sedã, porém, está sempre na briga pelo topo.
Em 2024, foi por pouco que o Corolla não conquistou o primeiro lugar, já que teve 1,08 milhão de unidades vendidas, apenas 10 mil a menos que o Model Y. Curioso é que o Corolla não é líder em nenhum dos principais mercados, mas consegue bons números na maioria. Além disso, está à venda em quase todo o mundo em condições competitivas.
Um exemplo que mostra esse diferencial do Corolla é o Brasil, quarto maior mercado automotivo do mundo em 2024 (atrás de China, EUA e Japão), e aquele que teve o maior crescimento. Aqui, o líder global, Model Y, nem é oferecido oficialmente.
Quem quiser tem de recorrer a importadoras independentes, que não cobrarão pelo Model Y menos de R$ 500 mil. O RAV4, terceiro veículo mais vendido do mundo em 2024, no Brasil é um modelo de nicho, com preço inicial de R$ 350 mil. Já o Corolla é nacional, tem diversas versões e parte de R$ 158.490.
Alerta no Brasil
Se o Brasil liderou o crescimento global do mercado de carros em 2024, com alta de 15%, o Corolla percorreu um caminho oposto. Desde o lançamento do Corolla Cross, que acaba competindo por clientes com o sedã, este vinha conseguindo manter seu patamar de vendas. Os dados a seguir são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
O SUV chegou em 2021 e, naquele ano, o Corolla teve 41.891 emplacamentos (cerca de 7 mil a mais que o Cross). Em 2022, o mercado caiu 0,85%, mas o sedã da Toyota obteve leve crescimento, com 42.887 exemplares (ante os 42.506 do Corolla Cross).
Em 2023 o sinal de alerta começou a tocar suavemente. É que o mercado cresceu 11,33%, enquanto o Corolla se manteve estável, com 42.925 emplacamentos (cerca de 850 a mais que o Cross). Então veio 2024, e o sedã sofreu queda de 12,24%.
Aliás, entrou na lista de modelos que tiveram as maiores quedas de vendas de 2024, um ano incrível para o mercado nacional de veículos. Os emplacamentos totalizaram 37.668. Enquanto isso, o Corolla Cross ficou pela primeira vez à frente do sedã, somando 47.796 exemplares e conquistando alta de 13,61%.
Sinais de decadência
Se analisarmos o mercado brasileiro, nem era para o Corolla ter números tão bons. Não é de hoje que o segmento de sedãs está em decadência. Foi derrubado pelos SUVs, que têm cada vez mais representantes no mercado nacional.
Enquanto isso, os sedãs viraram modelos de nicho. Em 2024, o Nissan Sentra teve 6.014 emplacamentos e o BYD King, 4.935. O VW Jetta, à venda apenas na versão com pegada esportiva GLI, somou 2.814 e o Honda Civic, importado da Tailândia, 1.677.
Aliás a lista acima mostra que as montadoras nem querem investir mais no segmento. Apenas o Corolla é nacional. Os demais modelos são importados de locais como México e China, além da já citada Tailândia.
Os números de 2024 mostram que a hora do Corolla pode estar chegando? São sim um forte indicador de início de decadência, mas há atenuantes. Exemplo é o avanço do Cross, que teve seu melhor ano, tirando clientes do sedã.
Mas o principal é a chegada de mais SUVs híbridos, a maioria com tecnologia plug-in (recarregável na tomada). A BYD, por exemplo, lançou na mesma faixa de preço do sedã o Song Pro. E ainda trouxe um rival direto do Toyota, o King.
Toyota vai lutar para inverter o jogo
Como os híbridos chineses não param de chegar, a Toyota terá de estudar novas estratégias para barrar o avanço desses concorrentes. Afinal, junto com a boa fama da marca e do carro, a tecnologia foi um dos trunfos para continuar conquistando consumidores mesmo com a decadência do segmento de sedãs.
Até a chegada do Corolla Cross, a Corolla era o único híbrido HEV produzido no Brasil. Agora, a dupla da Toyota continua com esse título (os da Fiat são híbridos leves). Só que os recém-lançados chineses, apesar de importados, têm preços competitivos.
A marca japonesa, no entanto, vai lutar com todas as suas armas para inverter a curva de decadência. Afinal, para um carro que não é líder em nenhum mercado, cada resultado é muito importante para manter sua grande relevância global.
É possível que a marca já venha, ainda este ano, com estratégias comerciais para controlar a queda de vendas do Corolla no mercado brasileiro. Caso contrário, será difícil manter o fôlego até a chegada da nova geração. Esta deverá ser lançada entre 2026 e 2027, e trará inovações tecnológicas.
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