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Não é para todos: como BMW define se carro elétrico é adequado ao cliente

A maioria das marcas que tinham anunciado gama 100% elétrica a partir da próxima década já descartou esse plano. Entre as que só teriam EVs, mas decidiram manter os a combustão, estão a GM, Mercedes-Benz e Volvo. A BMW é uma das poucas montadoras importantes que nunca previu um futuro apenas a eletricidade.

Desde que tiveram início os debates sobre a substituição dos carros a combustão pelos elétricos, a empresa vem informando que não tem planos de abrir mão do primeiro grupo. Isso não quer dizer que a BMW tenha deixado os EVs de lado. Pelo contrário: eles têm até protagonismo para a fabricante alemã. Inclusive no Brasil.

Tanto que a BMW foi a primeira a investir em um corredor elétrico para estradas, ao instalar seis na Rodovia Presidente Dutra, entre São Paulo e Rio de Janeiro (três em cada sentido). Ainda assim, a marca parece ter mais facilidade que as demais para assumir que o carro elétrico não é para todos. Tudo depende do estilo de vida.

Estudo sobre estilo de vida

De acordo com informações da BMW, a maior parte de seus clientes opta por viajar pelo ar quando a distância ultrapassa os 200 km. Isso já qualificaria boa parte desses consumidores para ter um carro elétrico, certo? Afinal, as distâncias, e a dificuldade de recarga que pode existir por causa delas, é o principal entrave (embora não o único).

Então, na teoria pode até parecer que o EV é adequado para a maioria dos clientes. Só que a prática é diferente, pois há outros fatores envolvidos (veja abaixo). De acordo com a CEO da BMW do Brasil, Maru Escobedo, eles são levados em consideração na hora de oferecer um veículo ao consumidor, nas concessionárias.

A BMW estuda o estilo de vida desse cliente, e oferece a ele o produto adequado. Afinal, a marca quer fidelizar seus consumidores. E de nada adianta recomendar um EV se o consumidor tiver de adaptar seu estilo de vida a ele. O movimento tem de ser ao contrário.

Quando o EV não é ideal

Imagine uma pessoa que tem uma casa de fim de semana, em área rural, a cerca de 200 km do local que mora. Essa pessoa, no entanto, mora no interior do país, bem distante de grandes centros como Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba ou Porto Alegre.

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Se este cliente estiver apto a instalar carregador na casa de fim de semana, pode ser um consumidor de carro elétrico. Caso contrário, não é. Afinal, como vai recarregar seu veículo no destino, para retornar à origem?

Talvez, uma carga seja suficiente. Talvez, não. Não dá para arriscar, pois é preciso reforçar que, fora dos arredores de algumas capitais do Brasil, a estrutura de recarga nas estradas é precária, ou até inexistente. Está melhorando, mas ainda há um longo caminho pela frente.

Fora isso, há o tempo de recarga, muito mais alto do que o do abastecimento de modelos a combustão. Exige uma certa adaptação na maneira de viajar. E muitos não querem se adaptar (muito menos perder tempo). Ou seja: para quem vive na estrada e viaja longas distâncias, o EV não é uma boa. E a BMW sabe disso.

Outro fator importante é a instalação de carregador em casa. No híbrido, não é obrigatória. Em um elétrico? É. Há quem não instale, mas geralmente estes são consumidores de modelos mais básicos, como Kwid e-Tech e o Dolphin Mini, que usam os veículos para o trabalho.

O perfil está bem distante do consumidor da BMW. Sem carregador em casa, o cliente vai ter de correr atrás de postos de recarga que, diferentemente dos de gasolina, diesel e etanol, não estão a cada esquina. Ou seja: vai ter de se adaptar ao carro. Assim, se seu condomínio não permitir a instalação do equipamento (o que é comum), o EV não é ideal para você.

Elétricos da BMW

Grupos como os descritos acima são alguns exemplos para os quais a BMW vai evitar a recomendação de seus EVs. Afinais, o que não falta na linha da marca é modelo a combustão, que vão desde o SUV de entrada X1 até o luxuoso X7.

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Aos poucos, a BMW vai reforçando sua linha de EVs, e também em segmentos variados (da base ao topo). Aliás, boa parte dos carros a combustão da marca já tem versão elétrica no Brasil. Entre os exemplos há o SUV iX1, o esportivo i4 e os luxuosos sedãs i5 e i7.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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