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Hatch elétrico x SUV compacto flex: com R$ 150 mil, o que vale mais a pena?

O segmento de SUVs se tornou o mais importante do Brasil, superando o de hatches no número de modelos disponíveis e também nas vendas. E os principais responsáveis por essa nova realidade são os utilitários-esportivos compactos. Entre R$ 145 mil e R$ 160 mil estão posicionadas as versões intermediárias desses produtos - que, em algumas gamas, são as mais vendidas.

Nessa faixa, há Chevrolet Tracker LTZ, Volkswagen T-Cross Comfortline, os Honda HR-V EX e EXL, Jeep Renegade Longitude, Hyundai Creta Limited e Plantinum e Fiat Fastback Impetus. Os topo de linha desses modelos são mais caros. Entre os mais vendidos, as exceções são Nissan Kicks Exclusive, que sai a cerca de R$ 145 mil, Fiat Pulse Impetus, em torno de R$ 133 mil, e Volkswagen Nivus Highline, por R$ 148 mil, aproximadamente.

Nesse contexto, vieram os hatches elétricos chineses de R$ 150 mil. Antes até existiam modelos 100% a bateria nessa faixa de preço, mas nenhum muito convidativo ao consumidor de SUVs compactos intermediários e topo de linha. Ou eram compactos demais, ou espartanos demais. Semelhantes, ou pouco mais que modelos de entrada, só que recarregáveis na tomada.

Mas aí, BYD Dolphin e GWM Ora 03 passaram a trazer coisas valorizadas pelos consumidores de SUVs, como tecnologia e espaço interno. Isso com acabamento bem superior ao dos elétricos "baratos" disponíveis até então. Passaram a ser uma alternativa viável a pessoas que estavam prestes a levar um utilitário-esportivo para a garagem.

O resultado veio rápido. O primeiro mês cheio de vendas do Dolphin foi setembro, e ele já ultrapassou as mil unidades emplacadas. O Ora 03 começa a ser vendido entre novembro e dezembro. Ambos saem, nas versões de entrada, por R$ 150 mil - e ficam na faixa dos R$ 180 mil nas opções topo de linha.

Mas, então, chegou a sua hora de ter um carro elétrico na garagem? Calma! Esta pode ser uma decisão precipitada, dependendo do seu perfil de consumidor. Por isso, aqui, vou mostrar para que tipo de cliente é mais adequado um carro a bateria e qual deve levar para casa um SUV flex - ou qualquer outro produto a combustão nessa faixa de preço.

Além disso, apontarei que tipo de produto é melhor em cada aspecto.

Perfil de consumidor

Você só tem um carro e não pretende manter dois na garagem? A resposta mais óbvia para você é: leve um SUV compacto para casa. Não importa a autonomia do elétrico - e Ora 03 e Dolphin não chegam aos 400 km, número que tende a cair na estrada. Não importa o quanto se invista na rede de recarga nas estradas.

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Independentemente desse fator, carro elétrico na estrada é contratempo. O carregador planejado pode não estar funcionando, e há risco de estar sendo utilizado por outro modelo. E, mesmo que tudo dê certo, o processo de recarga demora. Está cada vez mais rápido, mas vai tomar meia hora do seu tempo, pelo menos. Aí você vai ficar com saudades da velha bomba de gasolina.

Um carro tem de se adaptar a você, não você a ele. E ninguém quer cair na estrada para ter contratempo. Mas, no perfil de consumidor individual, ou famílias com um carro apenas, há exceções. Existe aquele que raramente cai na estrada de automóvel. Se isso for realmente raro, a opção é alugar um veículo quando precisar. Afinal, você já vai ter economizado muito com combustível.

Quanto a quem vai apenas a locais próximos, também dá para apostar no elétrico. Principalmente se os destinos forem residências próprias, na praia, no campo ou no interior. Aí, dá para instalar um carregador na casa de fim de semana.

Mas se você faz parte de uma família que tem mais de um carro, não pense duas vezes. Chegou o seu momento de ter o carro elétrico. Mantenha o segundo a combustão para viajar sem contratempos e rode no dia a dia com o modelo a bateria.

Você não vai apenas economizar muito. Vai também apoiar o meio ambiente, pois elétricos não emitem gases nocivos na atmosfera. Eles usam energia para recarga, o que pode aumentar a pegada de carbono. Mas, no Brasil, isso não é um problema, pois a matriz elétrica é limpa. Além disso, as paradas em postos de combustível serão coisa do passado.

Mas, aqui, vale uma ressalva. Se você mora em condomínio, certifique-se de que a instalação do carregador, ou mesmo de uma tomada na garagem, é permitida. Porque ter um carro elétrico sem poder recarregá-lo em casa não faz sentido. Ficar dependente da rede pública é o mesmo de ter de parar em eletropostos na estrada.

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Custo

Antes, de nada adiantava economizar com combustível, já que carros elétricos de mesmo nível eram mais caros que equivalentes a combustão. Mas, agora, estamos falando de produtos de mesmo valor. Então, nesse caso, não há investimento extra pelo automóvel a bateria.

Com o carro elétrico, sua conta de energia vai aumentar. Mas essa alta será muito inferior ao valor que seria gasto para reabastecer um SUV flex. Aqui, fica uma comparação entre Dolphin e Renegade, usando dados de consumo e autonomia do Inmetro.

Na cidade de São Paulo, encher o tanque do Jeep de gasolina custa cerca de R$ 300, para rodar 605 km. Com etanol, são cerca de R$ 170 e 423,5 km de autonomia. O Dolphin percorre 291 km por recarga, que custa R$ 40. Ou seja: com R$ 80, são 582 km.

Com os R$ 300 da gasolina do Renegade, percorre-se 2.182 km com o Dolphin. Com os R$ 170 do etanol, são 1.236 km.

Porta-malas

Porta-malas não é o forte dos hatches elétricos chineses. Ambos têm menos de 300 litros, e o do Ora 03 tem aproveitamento ainda pior que o do Dolphin. Então, se você precisa muito desse compartimento, mesmo no dia a dia da cidade - para levar coisas como carrinhos de bebê e utensílios para trabalho, por exemplo -, vá de SUV.

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Hyundai Creta Platinum 1.0
Hyundai Creta Platinum 1.0 Imagem: Divulgação

Espaço interno

Se porta-malas é um problema, espaço interno não é. A maioria dos SUVs compactos é inferior aos dois hatches elétricos chineses de R$ 150 mil nesse aspecto. E o Dolphin, apesar de menor que o Ora 03, é melhor nesse quesito.

Graças ao assoalho plano, o BYD acomoda muito bem pelo menos duas pessoas atrás. Também tem o teto mais alto. O desenvolvimento em uma plataforma exclusiva para carros elétricos é o que proporciona esse amplo espaço interno.

Manutenção e revenda

Carros elétricos têm manutenção mais simples que a de modelos a combustão. Há um medo recorrente sobre o custo de baterias. Até por isso, montadoras vêm dando garantia ampla, de pelo menos oito anos, para esses componentes.

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Mas o fato é que os elétricos ainda são muito novos no mercado nacional, e o histórico de manutenção deve ficar mais claro apenas nos próximos anos. O mesmo vale para revenda. Vai depender da aceitação dos produtos e da credibilidade que suas fabricantes formarem no mercado de usados.

Pensando em risco quando esses dois aspectos são avaliados, os SUVs compactos podem ser uma aposta mais certeira no momento. Mas é claro que isso vai depender do modelo escolhido. Alguns desvalorizam menos e têm manutenção mais barata que os outros.

Tecnologia

Os elétricos chineses de R$ 150 mil têm, no geral, recursos tecnológicos mais interessantes que o de SUVs compactos a combustão de mesmo preço. Não necessariamente mais úteis. No Dolphin, um dos destaques é o sistema de câmeras 360 com várias opções de visualização e que funciona até com o carro em movimento, a qualquer velocidade.

Os SUVs compactos que mais se aproximam nesse quesito são o HR-V e o Creta, com suas câmeras laterais, e o Kicks, com sua vista aérea. Ainda assim, estão muito abaixo do recurso oferecido pelo Dolphin.

Já o Ora 03 de entrada se destaca pelos sistemas de assistência à condução - ACC, leitor de faixas com função de correção, sensor de ponto cego, entre outros. Entre os SUVs compactos, apenas o HR-V tem pacote ADAS tão amplo quanto o que o GWM oferece.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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