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Carros 'depenados': crise dos chips deixa até modelos de luxo mais simples

Rodrigo Paiva/Folhapress
Imagem: Rodrigo Paiva/Folhapress

Colunista do UOL

18/07/2022 04h00

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Desde o início da crise da falta de semicondutores, não só a produção de carros vem sendo afetada, mas também suas listas de equipamentos. Muitos itens listados como de série ou opcionais foram, ou ainda são, temporariamente suspensos da oferta. Houve modelo que perdeu painel digital e automóvel que deixou de vir com teto solar, por exemplo.

Os semicondutores, ou chips, estão em quase tudo o que os automóveis atuais oferecem. Nesse grupo, há desde sistemas de assistência à direção até os ajustes elétricos de bancos e volante.

Em carros nacionais de marcas generalistas, a perda de alguns itens tende a ser mais bem aceita pelo consumidor, principalmente se vier acompanhada de descontos. Mas e quando migramos para o segmento de automóveis de luxo?

Esse problema está acontecendo também com veículos luxuosos. E, no caso desse segmento, a solução, ainda sem previsão, é mais difícil que no dos modelos de marcas generalistas.

Crise no segmento de luxo

As marcas de luxo vêm sofrendo mais que as generalistas nesse período. Parte delas não têm produção local. Das que têm, a maioria é em CKD ou SKD, em que apenas a montagem é feita aqui - com kits importados de outros países.

Por isso, a entrega de automóveis já foi prejudicada. Há uma crise de produção mundial e, para montadoras de modelos de luxo, o Brasil não é prioridade para a entrega de produtos. O mercado nacional é um dos maiores do mundo para carros, mas não para automóveis premium.

No Brasil, o segmento de modelos premium é pouco expressivo, principalmente quando comparado ao dos Estados Unidos, China, Japão e países da Europa.

Como ocorreu no Brasil, as marcas de luxo também passaram, lá fora, a tirar alguns itens de seus carros. Havia situações em que um modelo não podia ser produzido por causa de um ou dois equipamentos. A decisão foi não paralisar a produção, e sim entregar o produto com menos.

Alto investimento

Mas a situação das marcas de luxo no Brasil não é como na Europa ou nos EUA. O carro brasileiro é caro, principalmente quando comparado do poder aquisitivo do consumidor. No segmento premium, eles são sempre oferecidos em pacotes completos e cheios de tecnologia, que ajudam a justificar o preço.

Mas a crise mudou essa realidade. A perda de equipamentos como assistências à direção pode até ser aceita por alguns consumidores, mas a situação chegou a tal ponto que há carros perdendo coisas inaceitáveis para o cliente que paga a partir de R$ 300 mil pelo produto.

A lista é extensa: recentemente, testei um automóvel que sai aproximadamente por esse valor. Ele estava sem saída de ar traseira, seu ar-condicionado tinha apenas uma zona de temperatura e os ajustes do banco eram manuais. Nunca tinha visto um carro dessa marca sem bancos elétricos.

Há perspectiva de solução desse problema? De acordo com um executivo de uma montadora de luxo com quem a coluna conversou, ainda não há perspectiva sobre o encerramento da crise dos semicondutores, e das consequências que estão causando no segmento.

Por ora, há montadoras que estão mantendo a lista convencional de equipamentos de série de um veículo, mas dando descontos para exemplares que chegam sem alguns deles.

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