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Como startup está revolucionando as vendas de carros usados nos EUA
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Em março, visitei em Las Vegas, nos Estados Unidos, o NADA Show. Este é um evento voltado a concessionários e lojistas que atuam tanto no mercado de zero km quanto de carros usados. Foi ali que obtive conhecimento mais profundo sobre a Carvana, uma empresa que está revolucionando o processo de compra e venda de automóveis usados naquele mercado - e gerando muita apreensão entre os players tradicionais.
Mas o que é a Carvana? O serviço consiste em promover a venda de veículos usados de maneira 100% online. É algo inédito no mundo, pois o consumidor não precisa se preocupar com nada - nem mesmo com a documentação.
No Brasil, há diversos sites de compra e venda de veículos usados. Os mais tradicionais são OLX e Webmotors, mas recentemente surgiram novas empresas e muitas start-ups nesse segmento. Qual é a diferença?
Por aqui, não é possível fazer todo o processo online. Alguns sites permitem buscas bastante avançadas, e há empresas que até promovem algumas etapas na internet. No entanto, em algum momento é necessária uma etapa presencial.
Como funciona a Carvana?
Por meio do Carvana, um cliente do Texas, por exemplo, pode comprar um carro usado que está em Nova York sem necessidade de se deslocar. O pagamento é feito pelo site ou app, e a entrega é realizada na casa do comprador, já com documentação regularizada.
A empresa oferece, online, opções de financiamento ao cliente. O processo é aprovado também por meio do site ou app. Caso o produto não esteja dentro do esperado pelo consumidor, pode ser devolvido. É como um Mercado Livre dos carros - essa empresa, inclusive, entrou no setor de compra e venda de veículos, mas não consegue oferecer processo 100% digital.
Esse processo simplificado reduz os custos do veículo e, por ser totalmente online, vem atraindo a Geração Z. Esses clientes, nascidos a partir de 1996, formam junto com os Millenials (1982 a 1995) o maior público consumidor de carros nos EUA, de acordo com estudo divulgado no NADA Show.
Nos Estados Unidos, motoristas podem ser habilitados a partir de 16 anos. Isso amplia o público da Geração Z. Atualmente, os consumidores de carros desse grupo têm entre 16 e 22 anos nos EUA. No Brasil, a habilitação só é permitida a partir dos 18 anos.
Como o mercado reage
Além de tirar clientes de concessionárias e lojistas tradicionais, a Carvana está comprando a maior parte do estoque de usados dos Estados Unidos. Isso se tornou um grande problema especialmente a partir do início de 2021.
Com a crise de produção mundial causada pela falta de semicondutores, o negócio de usados ganhou relevância para os concessionários nos EUA. O domínio que a Carvana está criando sobre os estoques atrapalha esses players.
Como reação, concessionários e lojistas tradicionais estão fortalecendo seus negócios online. Porém, o mais ousado contra-ataque veio da General Motors. No Nada Show, a montadora apresentou seu concorrente para a Carvana.
Batizado de CarBravo, o serviço está previsto para entrar em funcionamento no segundo semestre e promoverá venda 100% online do estoque de usados de autorizadas das marcas do grupo - como Chevrolet e Buick.
E a GM vai além. Não descarta lançar o CarBravo, que por enquanto é apenas para usados, também para a venda de automóveis zero-km. De acordo com a montadora, o diferencial é que, com o serviço, o cliente tem a opção de ver o carro de perto - mas precisa se dirigir à loja.
No caso da Carvana, não é dado ao consumidor o direito de ver o carro antes de efetuar a compra. Isso pode não ser problema para clientes mais jovens, como os Millenials e os integrantes da Geração Z, acostumados ao mundo digital.
No entanto, comprar sem ver gera resistência em consumidores mais velhos, acostumados a analisar minuciosamente um automóvel antes de fechar negócio.
Entraves para o Brasil
No pavilhão de exposições do Nada Show, diversas empresas ofereciam soluções para melhorar o ambiente online de concessionários e lojistas. Algumas mostraram sistemas capazes de promover a venda totalmente por internet, inclusive com documentação.
A documentação é o principal entrave para que um negócio como a Carvana se torne realidade no Brasil. Uma das empresas presentes no Nada contou à coluna que já houve diversas tentativas de vender sua solução a empresas brasileiras.
No entanto, a negociação nunca deu certo, pois o sistema encontra entraves na burocracia dos Detrans.
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