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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Carro voador da Azul é DeLorean do cinema virando realidade?

Lilium Jet - Divulgação
Lilium Jet Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

13/08/2021 10h33

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O veículo que vem sendo conhecido como carro voador ganhou evidência no Brasil no início deste mês. É que a companhia aérea Azul anunciou a compra de 220 unidades do eVtol Lilium Jet, que deve começar a operar em território brasileiro a partir de 2025.

O eVtol é o tipo de veículo que vem sendo chamado de carro voador. Mas, afinal de contas, o que é um eVtol? É uma aeronave de pouso e decolagem vertical com motor elétrico. Então, está mais para um helicóptero a eletricidade do que para um carro.

Só que o eVtol vem sendo conhecido como carro voador por uma série de fatores. O primeiro é o envolvimento de montadoras em projetos desse tipo. Nesse grupo estão a Hyundai, em parceria com a Uber, a Toyota e até a Porsche (junto com a Boeing).

Outro aspecto importante é que grande parte dos projetos prevê um veículo com direção autônoma. Na prática, em um futuro com cidades inteligentes, o eVtol dispensaria um piloto profissional habilitado para voar. Qualquer pessoa poderia operá-lo.

Além disso, o eVtol pode ter dois módulos, um aéreo e um terrestre. Nesse caso, teremos então um modelo como o DeLorean da cultuada série de filmes "De Volta para o Futuro"? Absolutamente não. A taxa de realidade desse conceito é zero.

Como funciona o eVtol

Mesmo em um eVtol com módulo terrestre, nunca será possível um veículo acionar o modo aéreo em uma situação de congestionamento, por exemplo, e levantar voo. Seria um sonho, mas imagine se todos decidissem fazer isso ao mesmo tempo? As colisões seriam inevitáveis.

O eVtol precisa decolar a partir de uma área específica, que pode ser instalada em um condomínio, um quarteirão e até varandas de edifícios projetados para tal.

Em caso de veículos projetados com módulo terrestre - e são poucos projetos com essa solução no momento -, o veículo pode, por exemplo, ser guardado na garagem e ir rodando até a área de decolagem.

Os eVtol foram concebidos para fazer deslocamentos urbanos, e têm baixa autonomia. A maioria dos projetos conseguiriam ir no máximo, em um voo intermunicipal, do centro de São Paulo a São Bernardo do Campo, por exemplo.

Não é o caso do Lilium Jet comprado pela Azul, que pode voar até 250 km por recarga de bateria. E essa é uma das razões que levou a companhia a escolher o produto da empresa alemã Lilium.

Além de promover voo de passageiros dentro de uma cidade, a empresa quer oferecer deslocamentos a municípios próximos. Entre os exemplos, estão São Paulo a Guarujá e São Paulo a litoral norte do Estado.

Uma das vantagens é o preço. Enquanto um voo de helicóptero parte de cerca de R$ 2 mil por pessoa, um de eVtol pode custar em torno de R$ 500 para o mesmo trajeto.

Por que as montadoras estão envolvidas

O desenvolvimento de módulos terrestres desperta o interesse de empresas de mobilidade como a Uber e de aviação como a Boeing a firmar parcerias com fabricantes de carros. Mas as razões das companhias especializadas em automóveis vão além.

As montadoras estão deixando de ser meras fabricantes de automóveis para se tornarem empresas de mobilidade. Entre as premissas do futuro está o abandono da posse do carro. O mundo do veículo elétrico, conectado e autônomo prevê o compartilhamento como peça-chave.

Outro ponto importante da mobilidade do futuro é o eVtol. Para desafogar o trânsito, deixando-o mais inteligente, e reduzir a poluição, voar de aeronave elétrica passará a ser algo comum já em meados da próxima década, de acordo com especialistas.

E como uma empresa de mobilidade precisa atuar, se não em todos, em vários pilares importantes, companhias como Hyundai e Toyota se envolveram no desenvolvimento do eVtol.