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Por que novo BMW virou "pechincha" diante de seu rival esportivo da Audi

Colunista do UOL

21/06/2021 04h00

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A semana passada foi marcada, no mercado de carros de extremo luxo, pelo lançamento do novo BMW M3, um dos grandes ícones mundiais da esportividade automotiva. O sedã chegou em duas versões. A Competition tem preço sugerido de R$ 757.950, enquanto a Competition Track sai por R$ 849.950.

Com motor seis-cilindros biturbo de 3 litros e 510 cv, 79 cv mais potente que o do modelo anterior, o modelo tem o mesmo preço sugerido da perua RS6 Avant. Lançada no ano passado, a perua V8 de 600 cv está, em dimensões, mais para M5 que para M3.

Só que o mesmo preço é só na teoria. Na prática, atualmente é impossível levar uma RS6 Avant para casa por R$ 850 mil. E isso não é só por causa das inúmeras possibilidades de personalização que o carro tem, opção da maior parte dos clientes.

Audi RS6 Avant - Rafaela Borges/UOL - Rafaela Borges/UOL
Audi RS6 Avant
Imagem: Rafaela Borges/UOL
O problema é que, de acordo com fontes consultadas pela coluna, desde novembro do ano passado a Audi não aceita encomendas da nova RS6 Avant. Isso acabou levando a uma inflação do modelo no mercado de usados.

Além disso, muitos modelos comprados à época do lançamento agora estão sendo revendidos ainda zero-km. Em pesquisa realizada em sites de vendas, há exemplares da RS6 Avant anunciadas por até R$ 1,2 milhão.

Esse será o destino do M3?

De acordo com a BMW, há exemplares do M3 Competition para o Brasil à venda pelo preço de tabela, e a maioria deve chegar no segundo semestre. Gerente da concessionária BMW Grand Brasil, Léo Palomba corrobora essa afirmação, e diz que o último trimestre de 2021 deverá ter a maior parte das entregas.

Palomba, no entanto, diz que, se o cliente comprar o carro agora, as entregas só serão feitas em novembro. "Essa espera acaba aumentando os preços no mercado de usados, porque muitos clientes querem o carro para já", explica.

Além disso, Palomba conta que, no caso da versão Track, dificilmente haverá mais exemplares para entrega em 2021, no caso dos negócios ainda não fechados. Assim, o fenômeno de valorização do seminovo, que está transformando os esportivos em um ótimo investimento, também pode ocorrer com o M3.

Aliás, já está ocorrendo. Foram entregues poucas unidades do carro lançado recentemente. Ainda assim, já há exemplares seminovos anunciados em sites de usados por até R$ 990 mil.

Destaques do novo M3 Competition Track

O M3 é a versão com preparação esportiva do Série 3, assim como a RS6 é a opção apimentada da perua A6 Avant. Esse tipo de carro oferece muita velocidade, suspensão retrabalhada e diversas aptidões que os deixam rápidos para rodar na pista, mas sem abrir mão das comodidades que os permitem ser usados no dia a dia.

No caso da versão Track do M3 Competition, não é bem assim. Entre as opções preparadas de modelos civis, ele é um dos que têm maior aptidão para as pistas. Dá para usar no dia a dia? Dá. Mantendo a suspensão no modo confortável, ele vai bem em pisos irregulares, não bate em valetas, vence bem as lombadas e sabe lidar com garagens que têm descidas íngremes.

Mas os bancos do M3 Competition Track podem ser um problema. Em minha avaliação, fiquei bem confortável nos modelos do tipo concha, que são grudados no assoalho e feitos de fibra de carbono - pesam quase 10 kg a menos que os da versão Competition sem sobrenome Track.

No entanto, sair do carro é complicado. E, para pessoas com mais de 1,80 metro de altura (eu tenho 1,60 metro) que avaliaram o carro, depois de algum tempo os bancos começaram a gerar certo desconforto.

A vantagem desses bancos, além do peso inferior, é promover ótimo suporte para o corpo do motorista, característica muito valorizada para quem vai usar o carro na pista. Para quer usar o M3 mais no dia a dia que na pista, os bancos da versão Competition são tradicionais.

Além disso, o Competition Track tem pneus do tipo semi-slick, próprios para track day. Esses modelos oferecem mais aderência que os convencionais.

Outros destaques são o diferencial traseiro com dez níveis de ação, que pode ser regulado de acordo com o estilo de direção do motorista, a precisão das respostas da direção e a tração traseira que pode ser completamente desligada. Mas, para fazer isso, especialmente em uma pista, o piloto tem de ser bastante experiente. Caso contrário, é melhor se render ao auxílio da eletrônica.

O M3 também chama a atenção por ser um dos raros modelos da linha preparada a manter a tração traseira. Cada vez mais, as marcas vêm se rendendo ao sistema 4x4. Não o BMW: ele mantém essa característica que torna o carro mais arisco e difícil de ser controlado, mas garante muito mais diversão.