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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Muita potência, nenhuma gasolina: aceleramos o Audi elétrico do Tony Stark

Colunista do UOL

20/05/2021 14h30

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Depois dos SUVs e-tron e do e-tron Sportback, mais dois modelos elétricos estreiam na linha Audi do Brasil: e-tron S Sportback e RS e-tron GT. O SUV estará nas lojas do Brasil em setembro, com preço sugerido de R$ 779.990. Já o sedã com estilo cupê de alta performance tem pré-vendas a partir desta quinta-feira, 20 de maio, a partir de R$ 949.990.

Com isso, a Audi é a marca com mais modelos elétricos em sua gama no Brasil. Até o fim deste ano, a fabricante alemã terá um quinto carro movido 100% a eletricidade em sua linha, o e-tron GT - versão mais mansa do sedã cupê.

O RS e-tron GT é a versão de produção do protótipo usado pelo personagem Tony Stark, o Homem de Ferro, no filme "Vingadores: Ultimato". Também vem sendo chamado de "irmão" do Porsche Taycan.

Se não é irmão, pelo menos primo ele é. O RS e-tron GT compartilha plataforma com o modelo elétrico da Porsche e tem o mesmo formato de carroceria. É um modelo de quatro portas com aspecto de sedã, ou um sedã cupê. Pode também ser classificado como Gran Turismo.

O GT é o primeiro esportivo elétrico da Audi e o desempenho faz jus à tradição da linha RS da montadora alemã, que traz modelos a combustão como RS5, RS6 e RS7.

O esportivo tem dois motores elétricos que entregam 598 cv. Essa potência pode chegar a 643 cv com o overboost, que está disponível por 2,5 segundos. De acordo com informações da fabricante, o 0 a 100 km/h é em 3,3 segundos e a velocidade máxima, de 250 km/h. O torque é de 84,7 mkgf.

Aerodinâmica e recarga

Audi RS e-tron GT traseira - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O RS e-tron GT tem o mais baixo coeficiente aerodinâmico da linha de elétricos da Audi: 0,24 - o SUV S Sportback, por sua vez, tem 0,26. Isso sem o uso de retrovisor eletrônico, que não está disponível para o sedã e é oferecido no utilitário esportivo. Para chegar a esse número, traz soluções como entradas de ar na parte inferior da frente, cortinas de ar verticais e aerofólio traseiro móvel.

Com bateria de 93 kWh e 800 V, o modelo oferece autonomia de 472 km. Localizada entre os eixos, na parte mais baixa do veículo, contribui para o centro de gravidade baixo e para o comportamento exemplar do modelo na hora de fazer curvas.

O RS tem duas entradas para recarga, como o e-tron S Sportback. Em uma delas, há conexões AC e DC. No modo AC, ele é compatível com até 11 kW e, nessa condição, conforme a marca, a recarga completa leva oito horas e meia.

Já o modo DC tem capacidade de carga até 270 kW. Conforme a fabricante, nesse caso o carro pode ganhar autonomia de 100 km em apenas cinco minutos de recarga. Com 22,5 minutos, 80% da bateria está recarregada.

Mas, por ora, ainda não temos estações de 270 kW no Brasil. Por enquanto, os postos disponíveis do País oferecem pontos até 150 kW. Nesse caso, a recarga de 80% da bateria do RS e-tron GT leva cerca de 40 minutos.

Design, acabamento e espaço

Audi RS e-tron GT interior - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

O destaque visual do esportivo é o farol full-LED matrix a laser, que tem o dobro de alcance de um convencional - podendo atingir até 600 metros à frente. A assinatura da iluminação desse tipo de conjunto óptico na linha Audi é azul.

A dianteira pode ter algumas combinações, que também são usadas nas laterais. Uma delas é grade e contorno inteiramente pretos, mesmo tom do logotipo da Audi. Outra opção são os dois tons de cinza nessas partes, com o logo cromado.

A frente também traz câmeras, sensores e radares para os sistemas de assistência que o carro oferece. Dentre eles há o modo semiautônomo de condução, capaz de frear e acelerar automaticamente o veículo, além de movimentar o volante em algumas situações.

Já o teto de fibra de carbono reduz o peso em até 12 kg e é opcional (de série, é de vidro). O carro traz duas opções de rodas de 21 polegadas. Já as portas, como nas linhas A5 e A7, dispensam as molduras, uma característica típica de modelos cupê.

Outro opcional do RS e-tron GT é o pacote de fibra de carbono exterior. O material pode ser colocado nas entradas aerodinâmicas do para-choque dianteiro, em detalhes da traseira, na capa do retrovisor e na soleira das portas.

O RS e-tron GT tem 4,99 metros de comprimento e 1,41 m de altura e 2,84 m de entre-eixos. É uma dimensão generosa, mas o espaço atrás não é dos melhores. Duas pessoas viajam razoavelmente acomodadas nessa parte do carro.

Quem vai atrás, além de saída de ar, tem comando de temperatura - mas não de velocidade e direcionamento do ar-condicionado. Além disso, há apenas uma zona na parte de trás - e outras duas, individuais, na frente.

O RS e-tron GT traz duas telas na cabine, uma da central multimídia e outra do painel de instrumentos virtual e personalizável. Estas são semelhantes às do e-tron S Sportback. Porém, não há o terceiro monitor, para comandos do ar-condicionado, que são iguais aos de modelos como A4 e A5.

A alavanca do câmbio é exclusiva do modelo, diferente da usada nos demais carros elétricos disponíveis no Brasil. Os bancos são esportivos, com apoio de cabeça integrado ao encosto e revestimento de couro. O acabamento interno traz detalhes de fibra de carbono. Já o volante esportivo pode ser revestido de couro ou Alcântara.

Desempenho

O RS e-tron GT pode receber freios de carbono-cerâmica, mas não no Brasil. Por aqui, a Audi abriu mão desse opcional e trouxe freios de carboneto de tungstênio. De acordo com a montadora, eles são mais baratos que os de cerâmica e têm funcionalidade semelhante.

Dentre elas, levam mais tempo para aquecer que os convencionais. Também apresentam maior resistência à corrosão e têm 30% a mais de durabilidade, ainda conforme a fabricante.

A capacidade de frenagem, mesmo sem o sistema de cerâmica, impressiona. O RS e-tron GT acelera tão rapidamente que pode até passar a impressão, na pista, de que não vai parar a tempo de fazer a próxima curva. Mas, à mais leve pressão no acelerador, começa a perder velocidade de maneira impressionante. E a prova que a impressão estava errada.

Na hora de acelerar, a agilidade do esportivo chega a assustar quem está acostumado a pisar fundo no pedal direito de modelos a combustão de potência semelhante. É a aptidão de entregar torque instantaneamente falando mais alto. O ganho de velocidade gera aquele frio na barriga, mas depois de alguns segundos esse ímpeto tende a diminuir.

E por falar em segundos, o RS e-tron GT leva 3,3 para acelerar de zero a 100 km/h, de acordo com dados da Audi. A velocidade final é alta para um carro elétrico: 250 km/h. A maior parte dos modelos 100% a eletricidade chegam no máximo a 200 km/h.

O RS e-tron GT é um carro baixo, com apenas 1,41 m. Além disso, sua bateria está entre os eixos, na parte mais baixa do carro, reduzindo o centro de gravidade. Ele traz ainda eixo traseiro direcional (esterça as rodas de trás no sentido ou na direção oposta às da frente, dependendo da velocidade) e suspensão adaptativa em três níveis.

O resultado é um dos modelos mais milimetricamente perfeitos em curvas do mercado. Equipado com uma direção extremamente precisa, ele pode até dar a impressão de que vai escapar em curvas. Mas, dificilmente, fará isso.

Carro elétrico é silencioso. Na aceleração, o barulho é semelhante ao de uma enceradeira, ou de um carrinho de Golf. No RS e-tron GT, a Audi instalou um sistema de som esportivo artificial para a hora de acelerar.

Como é o SUV e-tron S Sportback

Audi e-tron S Sportback tem três motores, contra dois da versão convencional do SUV cupê - Divulgação - Divulgação
Audi e-tron S Sportback tem três motores, contra dois da versão convencional do SUV cupê
Imagem: Divulgação

Trata-se de uma nova versão do modelo que já está à venda no mercado brasileiro, mas com muitas diferenças. O carro é o primeiro elétrico do mundo a trazer três motores - um na dianteira e dois na traseira.

O e-tron S Sportback tem 503 cv de potência. São 95 cv a mais que a opção com apenas dois motores. O torque é de 99,5 mkgf e, de acordo com informações da Audi, o SUV, que tem bateria de 95 kWh, acelera de zero a 100 km/h em 4,5 segundos.

Porém, com o aumento da potência e do torque, a autonomia caiu. São 380 km, ante os 446 km do e-tron Sportback sem a sigla S - no ciclo WLTP, que vem sendo adotado mundialmente para definir a autonomia de carros elétricos.

Tecnologia

Audi e-tron S Sportback traseira - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Além de itens aerodinâmicos iguais aos do e-tron Sportback (na parte de baixo da bateria e na grade frontal, dentre outros componentes), a versão S tem um novo elemento nos para-lamas dianteiros, para facilitar a passagem de ar para as rodas.

Os retrovisores virtuais (há câmeras no lugar dos espelhos, com projeção de imagens em duas telas, posicionadas nas portas), opcionais em toda a gama de SUVs e-tron, também estão disponíveis para o novo modelo. Têm preço de R$ 15 mil e ajudam a melhorar a aerodinâmica.

Além disso, o utilitário esportivo com perfil de cupê vem com duas entradas para recarga da bateria. Do lado direito, há entradas AC (carga lenta) e DC (corrente rápida). Do esquerdo, apenas AC. Isso facilita na hora de recarregar o veículo em garagens - o motorista pode parar de frente ou de ré, conforme a facilidade da manobra.

O e-tron S Sportback tem capacidade de carga até 150 kW no modo DC (estações mais comuns em rodovias e outros postos elétricos) e até 22 kW no AC (instalações que podem ser feitas em residências e garagens de condomínios, por exemplo).

O tempo de recarga é de quatro horas e 25 minutos em 22 kW e de 40 minutos em 150 kW.

Outro diferencial do e-tron S Sportback é ser o primeiro modelo da marca com faróis full-LED digitais matrix. Além de longo alcance, ele é capaz de projetar imagens personalizadas e animadas no chão ou na parede ao ligar o carro e na hora de estacionar.

O sistema projeta automaticamente o facho para diversas faixas de uma via e também setas à frente, no chão, para melhorar a visibilidade. É antiofuscamento tanto para veículos que vêm na direção oposta quanto em relação aos que circulam à sua frente na via.

Equipamentos

Audi e-tron S Sportback interior - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Visualmente, a versão S ficou 41 mm mais larga que o e-tron Sportback convencional. De resto, o modelo é o mesmo, oferecendo ótimo espaço interno atrás (tem 2,93 de entre-eixos e assoalho quase plano) e porta-malas de 555 litros.

A versão S também tem a maioria dos equipamentos em comum com o modelo mais antigo no mercado brasileiro. Há seis telas na cabine, sendo duas do retrovisor virtual. Uma fica na parte de trás, e oferece comandos de velocidade, temperatura e direcionamento para as duas zonas de temperaturas disponíveis para esses passageiros.

Como também tem duas na dianteira, são quatro zonas de temperatura no total. A tela central que fica na parte de baixo do painel, aliás, tem como principal função os comandos do ar-condicionado. A de cima é a da central multimídia.

A sexta tela, de 12,3", é a do painel de instrumentos virtual. O e-tron S Sportback vem, ainda, com câmeras "360 graus" e carregador de celular por indução. Outro destaque é o sistema de iluminação interno com diversas opções de cores para alguns detalhes da cabine.

O acabamento do novo modelo chama a atenção pelo uso de fibra de carbono, além de alumínio. Há duas opções de rodas de 21 polegadas.

Como itens opcionais, há capa do retrovisor de carbono (caso o cliente não opte pelo sistema virtual), que custa R$ 6 mil, e o Audi Night Vision (R$ 22 mil). Essa tecnologia permite ver com mais nitidez, no painel central, imagens capturadas à noite.

Desempenho

No e-tron S Sportback, a tração elétrica passa a vir com um sistema de vetorização. Cada motor traseiro transfere torque diretamente a uma roda. Não há mais diferencial mecânico. De acordo com a Audi, isso melhora o tempo de entrega da tração e, consequentemente, o desempenho do SUV em curvas.

Outro destaque é que, com os três motores, o e-tron S Sportback é capaz de fazer exercícios de drift, ou seja, derrapagem controlada que permite ao carro "andar de lado". Para isso, é preciso deixar o controle de estabilidade no modo "Sport" e o Audi Drive Select (seletor dos modos de condução do carro) em Dynamic.

Os modos de condução, aliás, agem em componentes como motor, câmbio e direção, deixando as respostas mais suaves ou ágeis. Como o torque é brutal e entregue instantaneamente (a partir do momento em que o motorista começa a pisar no acelerador), o ganho inicial de velocidade chega a assustar.

De 0 a 60 km/h, a impressão é de que o modelo é até mais rápido que o RS e-tron GT (leia avaliação abaixo), embora seja 1,2 segundo mais lento no zero a 100 km/h. É que o grande destaque de carros elétricos é o início da aceleração. Depois, a tendência é de que percam embalo, especialmente no caso de um SUV como o e-tron S Sportback, que tem 2.800 kg (sendo 800 kg da bateria).

Como no e-tron Sportback de dois motores, a versão S chama a atenção pelo excelente desempenho em curvas, quase sem inclinação de carroceria. Além do teto rebaixado, a bateria sobre o assoalho deixa o centro de gravidade mais baixo. A sensação, em uma pista, onde o carro foi avaliado, é de que ele é bem mais baixo que a realidade.