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Retrovisores virtuais: as vantagens e desvantagens da nova tecnologia

Retrovisor virtual do Audi e-tron Sportback - Audi/Divulgação
Retrovisor virtual do Audi e-tron Sportback Imagem: Audi/Divulgação

Colunista do UOL

28/09/2020 04h00

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Os retrovisores virtuais já começaram a chegar aos carros feitos em série. O Brasil acaba de receber seu segundo modelo a trazer a tecnologia, o Audi e-tron Sportback, cujo preço sugerido parte de R$ 512 mil.

O primeiro a ter o sistema foi o e-tron, lançado no início do ano. O SUV também se aproxima da casa dos R$ 500 mil, dependendo da versão. Em ambos, o equipamento é opcional, e tem preço de R$ 13 mil. De série, todas as versões vêm com retrovisores convencionais.

Por isso, a tecnologia é para poucos, e ainda está distante da realidade da maioria dos brasileiros. No entanto, os modelos da Audi já permitem vislumbrar um futuro distante em que os retrovisores virtuais podem se tornar comuns nos automóveis.

E isso não deverá ocorrer só pela modernidade e utilidade da tecnologia - que, por enquanto, é até bastante questionável. A grande vantagem dos retrovisores virtuais é o ganho aerodinâmico, um fator importantíssimo para a consolidação do carro elétrico - por contribuir para melhorar, entre outros pontos, a autonomia.

Se no Brasil a massificação do carro elétrico é algo que vai demorar bastante para acontecer, na Europa eles estão cada vez mais próximo da realidade. A Noruega, inclusive, constantemente tem modelos com esse tipo de motor ocupando o primeiro lugar do ranking de vendas.

O Leaf já foi líder na Noruega, assim como carros da Tesla. Recentemente, de acordo com informações da Audi, o e-tron passou a ocupar esse posto.

De volta aos retrovisores virtuais, o que eles são, afinal? Como funcionam? E quais são suas vantagens e desvantagens?

Como funcionam os retrovisores virtuais?

O conceito e o funcionamento do retrovisor virtual não têm segredo. No lugar onde normalmente ficam instalados os retrovisores externos, são colocadas câmeras de altíssima resolução e excelentes angulação e alcance.

Telas do retrovisor virtual do Audi e-tron sportback - Audi/Divulgação - Audi/Divulgação
Telas projetam imagens de câmeras colocadas no lugar dos retrovisores
Imagem: Audi/Divulgação
As imagens capturadas por essas câmeras são projetadas em telas instaladas nas duas portas dianteiras. Além da nitidez, como as câmeras cobrem um amplo espaço, elas eliminam também a maior parte dos pontos cegos laterais.

Como exemplo, a Honda usa uma solução semelhante para eliminar pontos cegos. Os carros com a tecnologia têm retrovisores normais, mas câmeras laterais projetam imagens na tela da central multimídia sempre que o motorista aciona a seta para mudar de faixa ou fazer conversões.

Vantagens e desvantagens

As principais vantagens do sistema foram citadas já acima. Ele melhora a aerodinâmica do carro, oferece uma visão mais ampla e elimina boa parte dos pontos cegos.

Já a principal desvantagem, em minha opinião, após três testes realizados com carros com o sistema, é o fato de os objetos estarem mais distantes que a realidade. Isso dá uma margem de segurança ao rodar com o veículo em vias sem congestionamento.

Porém, em situações de tráfego pesado, quando as mudanças de faixas têm eventualmente de ser feitas com menos espaço, atrapalha um pouco. A sensação, nesses casos, é de que nunca há espaço para mudar de faixa.

Para auxiliar, o sistema tem linhas que mostram a margem de segurança na hora de uma mudança de faixa. A vermelha é para quando as manobras são impossíveis, pois o carro na faixa ao lado está muito próximo.

Na amarela, dá para converter a manobra, mas com cautela. A verde mostra que a mudança de faixa pode ser feita tranquilamente, pois não há nenhum obstáculo próximo.

Outra dificuldade gerada pela distância exagerada em relação a objetos ocorre em manobras para estacionar em vagas muito apertadas. Enquanto pilastras estão bem distantes, a câmera mostra que elas estão completamente coladas no carro.

Questão de hábito

Retrovisores convencionais também não dão uma imagem exata da real distância para outros objetos. Alguns os mostram mais distantes. Outros, mais próximos. Mas, no uso cotidiano, o motorista vai se acostumando.

A tendência é que o mesmo ocorra com o retrovisor virtual. No meu primeiro teste, fiquei um pouco desnorteada com a tecnologia, principalmente pelo hábito de olhar ao local onde deveria estar o retrovisor, e nada ver.

No segundo, já estava totalmente habituada a olhar para as telas. No terceiro, até as manobras de estacionamento ficaram mais fáceis, porque meu cérebro começou processar o intervalo entre a distância real e a mostrada na tela.

Ainda não posso dizer que estou completamente habituada ao retrovisor virtual. Afinal, foram poucos contatos. Mas essa evolução de percepção deixa claro que, com o hábito, quem compra o carro com a tecnologia vai acabar achando que ela tem bem mais vantagens do que desvantagens.