Em extinção, hatches médios viram carros para consumidor que foge da razão
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A Mercedes-Benz lançou no Brasil o novo A 45 AMG S, que tem 421 cv, acelera de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos e custa R$ 434.900. Durante a apresentação do carro, contou também que a versão mais "mansa" do Classe A AMG, a A 35, é a mais vendida de sua divisão esportiva no Brasil.
Por mais que o dado faça sentido, pois se trata também do AMG mais barato, a notícia surpreende. O segmento de hatches médios está praticamente morto no mercado brasileiro. Entre os modelos nacionais, restou o Cruze Sport6, da Chevrolet.
Este ano, somou até julho pouco mais de 2 mil emplacamentos. Sedã médio mais emplacado, o Corolla tem mais de 20 mil unidades vendidas. O volume do Cruze Sport6 foi praticamente o mesmo do BMW Série 3, carro cuja versão mais barata custa quase R$ 100 mil a mais que o Chevrolet.
Mas quando o assunto é preparação esportiva, e a emoção fala mais alto que a razão, esses carros parecem fazer bastante a cabeça do consumidor. Hatch médio agora, no Brasil, é modelo para consumidor que foge do racional.
Opções do mercado
Há boas opções disponíveis no mercado, com lançamento recente. Além dos Classe A AMG, a BMW também começou a vender recentemente o M 135 i. O modelo tem 306 cv (mesma potência do A 35 AMG) e acelera de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos.
Ainda no Grupo BMW, há os modelos da Mini preparados pela divisão John Cooper Works. Apesar de serem compactos, não médios, também são modelos feitos para o consumidor guiado pelo emocional.
Em novembro, chegou ao Brasil o John Cooper Works renovado. Este ano, a marca foi além e lançou uma versão ainda mais poderosa, a GP, que assim como o A 35 e o M 135i, oferece 306 cv.
Esses hatches esportivos preparados atendem a um público que quer usar o carro no dia a dia, que gostam de guiar em estradas desafiadoras a bordo de um modelo rápido e equilibrado e, em muitos casos, que também frequentam os track days - experiências na pista organizadas por marcas, grupos ou clubes de automóveis.
A 35 AMG x Mini John Cooper Works
Testei recentemente o A 35 AMG e o Mini Cooper John Cooper Works na pista. Na verdade, no local que é o templo do kartismo brasileiro, o kartódromo da Granja Viana. A razão? Os modelos da Mini são conhecidos como kart das ruas, especialmente os JCW.
Por isso, levei o carro ao kartódromo para comprovar se essa aptidão se confirmava. E, como o A 35 AMG também estava na minha garagem, aproveitei para levá-lo também à Granja. Pedi auxílio ao jornalista Rodrigo França, que é também piloto de kart, com participação e vitórias em competições importantes da modalidade.
Os dois modelos atendem o mesmo tipo de público, mas o Mercedes é mais sofisticado. E caro. Com tração nas quatro rodas, e entre-eixos mais longo, custa R$ 349.900, R$ 100 mil a mais que o Mini JCW.
O carro da marca inglesa é mais ríspido, mais duro e difícil de usar no dia a dia. Enquanto o A 35 se transforma de um modelo dócil em um carro que se sai muito bem na pista por meio de um toque de botão, o Mini mantém quase sempre o caráter mais áspero - mesmo que tenha também os modos de condução.
O JCW, além disso, rende "apenas" 231 cv e traz câmbio automático de oito marchas - ante o automatizado de sete velocidades e duas embreagens do Mercedes. Na pista, como era de se esperar, o A 35 foi mais rápido - colocou um segundo no britânico.
Mas, pelos números do motor - 2.0 turbo em ambos - e, principalmente, por causa do sistema de tração, eu esperava uma diferença maior. O França, que foi quem deu as voltas, ajuda a explicar isso.
Segundo o jornalista e piloto, mesmo com a tração integral, o Mercedes-Benz acabou se mostrando mais indomável nas curvas travadas do miolo do kartódromo. O Mini, com entre-eixos inferior, acabou se mostrando mais adequado a esse tipo de circuito.
Isso também era de se esperar. Era como se o A 35 dissesse: "Me tire daqui. Meu local é um autódromo". Enquanto isso, o Mini acabou comprovando sua fama. Ele é mesmo o kart das ruas.
O Mini faz 0 a 100 km/h em 6,1 segundos, ante os 4,7 segundos do A 35, de acordo com suas fabricantes.
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