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SUV ou hatches anabolizados? O que um utilitário esportivo precisa ter

Colunista do UOL

20/04/2020 04h00

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Quase todo mundo quer um SUV, certo? As montadoras, que obviamente querem vender carros, estão dando ao povo o que ele quer. E, no caminho, transformando em SUVs carros que você achava que eram hatches compactos ou médios.

No primeiro caso há o Kwid, da Renault, um hatch que a marca chama de SUV dos compactos. No segundo, o Citroën C4 Cactus, que é hatch médio na Europa. Mas não só esses exemplos.

O Volkswagen Nivus chega nos próximos meses para ser SUV também. Mas o que define um modelo como utilitário esportivo, ou SUV (sigla em inglês)?

Os mais puristas consideram utilitários esportivos só os carros que usam carroceria sobre chassi. Isso já eliminaria do grupo dos SUVs até mesmo alguns modelos da Land Rover - sim, muitos usam plataforma de carros de passeio.

Outros consideram SUVs só aqueles que trazem tração 4x4. Com essa ideia em mente, no segmento de compactos haveria poucos SUVs de verdade. Um dos exemplos seria o Jeep Renegade a diesel. Mas então ele é um SUV, e a versão flexível, que é 4x2, não?

Como saber se é SUV ou não

Para tentar colocar um pouco de ordem nessa bagunça, aqui no Brasil o Inmetro criou classificações para utilitários esportivos. Elas variam de acordo com o porte (compacto, médio, grande, etc).

Os critérios foram criados para classificar os carros no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular. E são eles que as montadoras estão utilizando para dizer se seus carros são SUVs ou não.

Para ser um SUV compacto um carro tem de cumprir quatro de um total de cinco parâmetros. Os requisitos são ângulo de entrada de pelo menos 22° e de saída de ao menos 19°. A altura da carroceria em relação ao solo deve ser de 18 centímetros. Já a altura do solo sob os eixos tem de ser de no mínimo 16 cm.

Há ainda o ângulo de transposição, que precisa ser de pelo menos 9 graus. Esse parâmetro costuma ser o mais difícil de cumprir.

Os demais são fáceis. Se o carro tiver altura suficiente, geralmente consegue cumprir esses ângulos de entrada e saída. Com isso, criou-se muitas discrepâncias.

Como pode um Onix Activ, versão do antigo Onix com suspensão um pouco mais alta, ser classificado pelo Inmetro na mesma categoria de Jeep Renegade flexível? Discrepâncias à parte, as montadoras, que não são bobas, aproveitam essa classificação para dar mais apelo a produtos que, alguns anos atrás, ninguém imaginaria chamar de SUV.

Não é assim só no Brasil

Com certeza muitas pessoas lerão os parágrafos acima e dirão: esses carros são crossovers. E eles são mesmo.

Nos EUA, aliás, o termo passou a ser usado para diferenciar os SUVs com carroceria sobre chassi (como o Toyota SW4) dos feitos sobre base de carro de passeio. Mas há um problema.

Crossovers não são só esses modelos. O termo define qualquer carro com características de dois ou mais segmentos. Assim, um carro com carroceria de SUV e base de carro de passeio é crossover. E um modelo com traços de cupê, mas que traz quatro portas (como o Porsche Panamera), também.

Na Europa, também há diversos hatches "anabolizados" chamados de SUVs por suas marcas. Ou seja: o termo varia de mercado para mercado e é muito difícil definir claramente o que é SUV. A sigla é muito mais um termo de marketing que um segmento.