Marina, presente
Dia atrás, no trânsito com a minha bicicleta, parei ao lado de um carro parado no semáforo. Educadamente, pedi para o motorista abrir o vidro, mesmo depois de ele fazer manobra sem sentido que por pouco não me levou ao chão.
Eu fiz um apelo.
- Está vendo meus braços, minhas pernas, minha cabeça? Eu sou gente e posso me machucar com esse tipo de atitude. Por que fazer aquilo?
Ele não se importou, não disse nada consistente e saiu achando que estava com a razão. Para ele, rua não é lugar de bicicleta. Por isso, com base nesse pensamento estúpido, justifica-se jogar o carro em cima de um ciclista.
A cena é simbólica. A gentileza no trânsito observada nos primeiros meses da pandemia não existe mais. Acabou. A cidade de São Paulo já voltou a ser o que era.
O trânsito fez mais uma vítima fatal na madrugada de hoje. Marina Harkot, pesquisadora e cicloativista de 28 anos, foi morta enquanto pedalava na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
O motorista fugiu sem prestar socorro.
Nós, ainda por aqui e com medo de tanta violência, pedimos justiça. Justiça por Marina.
Marina, presente!
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