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Como "pegada holandesa" de motoristas ajuda a evitar acidente com ciclistas

Ciclista se desloca ao lado de automóveis estacionados: cena comum e que pode resultar em acidentes - Reprodução
Ciclista se desloca ao lado de automóveis estacionados: cena comum e que pode resultar em acidentes Imagem: Reprodução

05/03/2020 04h00

Três dias atrás, sofri uma queda de bicicleta no bairro do Brooklin, zona sul de São Paulo. O acidente foi resultado de um choque com a porta de um carro estacionado. A motorista não notou que eu passava e, ao descer do automóvel, atingiu a minha perna.

Ao me ver caído no asfalto, ela logo me ofereceu ajuda. Ao fim da cena, pediu para eu tomar mais cuidado. Na verdade, era ela quem devia ter tido mais atenção. Uma medida simples, adotada na Holanda há tempos, evitaria a situação.

A chamada "pegada holandesa" consiste em abrir a porta do carro com a mão oposta. O motorista usa a mão direita para sair, enquanto o passageiro utiliza a esquerda. Essa postura ajuda a ter visão completa dos ciclistas que estão passando pelo carro, pela esquerda, na via, ou à direita, por uma ciclovia.

No meu caso, a motorista abriu a porta com a mão errada. E, mesmo auxiliada pelo retrovisor, ela poderia me levar à queda, porque existiu a chance de eu estar no ponto cego dela. Ou seja, o retrovisor não resolve todas as situações, ao contrário da "pegada holandesa".

A medida criada na Holanda passou a ser conhecida no mundo. Recentemente, nos Estados Unidos, um ciclista iniciou uma campanha para alertar os motoristas em relação à prática. Ela foi chamada de "Dutch Reach" - ou "pegada holandesa".

O que diz o Código Brasileiro de Trânsito

O meu acidente não foi grave. Em minutos estava de volta à bicicleta, com algumas dores, mas apto a pedalar. Mas fiquei pensativo em relação ao ocorrido. Cheguei a fazer enquetes nas minhas redes sociais. No Twitter, 82,4% dos votantes disseram que eu estava certo, contra 17,6% das pessoas que apontaram a motorista como correta. No Instagram, 92% dos meus seguidores me deram razão.

De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito, eu não tive culpa alguma. A rua era estreita e havia carros estacionados de ambos os lados. Eu tinha mesmo de passar bem próximo aos automóveis parados à direita.

O artigo 49 do Código Brasileiro de Trânsito diz que "o condutor e os passageiros não deverão abrir a porta do veículo, deixá-la aberta ou descer do veículo sem antes se certificarem de que isso não constitui perigo para eles e para outros usuários da via."

E, vale lembrar, ciclistas podem trafegar pela via. Está no artigo 58: "Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores".