Carros até R$ 30 mil: vale a pena fugir de dívida e comprar um 'velhinho'?

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Com o carro zero-quilômetro mais barato custando cerca de R$ 80 mil, fica a pergunta: será que vale a pena comprar um usado por até R$ 30 mil, mesmo que ele já tenha mais de uma década de estrada? A resposta, para muitos, tem sido sim, e os números confirmam essa tendência.
De acordo com a Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), dos 13,4 milhões de veículos usados vendidos até setembro de 2025, cerca de 5 milhões, ou 37%, têm mais de 13 anos de fabricação. Só no mês de setembro, a preferência pelos "velhinhos" bateu 40%, indicando que esse movimento só vem crescendo.
Para quem precisa de um meio de transporte acessível, adquirir um carro por menos de R$ 30 mil pode parecer um negócio interessante - para se ter uma ideia, a moto mais vendida do país, Honda CG, pode chegar a R$ 19 mil.
Na comparação direta, o automóvel oferece mais segurança, espaço e possibilidades. Mas é preciso olhar com atenção para os prós e os contras antes de entrar nessa.
Mais oferta, preço menor

A própria Fenauto aponta algumas razões para o aumento na procura por carros com mais de 13 anos. Uma delas é a maior variedade e volume de modelos nessa faixa, o que aumenta as chances de o consumidor encontrar um veículo que atenda às suas necessidades.
Além disso, comprar um carro novo ficou cada vez mais distante da realidade de boa parte da população. O poder de compra encolheu, enquanto os preços dos modelos de entrada dispararam nos últimos anos.
Por outro lado, com um orçamento razoável, na faixa dos R$ 50 mil, já dá para encontrar usados mais antigos e bem equipados, com ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas.
Outro fator importante é o acesso ao crédito. Os financiamentos estão mais difíceis de conseguir e mais caros.
A penetração das vendas financiadas entre os usados caiu de 29,5% entre janeiro e setembro de 2024, para 25,1% no mesmo período deste ano, segundo dados da B3. Com juros que ultrapassam os 27% ao ano, muita gente acabou cortando o financiamento da equação e passou a buscar o que é possível pagar à vista.
Gol, Uno e Palio

Não é surpresa que os carros com mais de 13 anos mais vendidos sejam velhos conhecidos do mercado brasileiro.
Segundo a Fenauto, os campeões de vendas nessa faixa de idade continuam sendo o Volkswagen Gol, o Fiat Uno e o Fiat Palio - três modelos que marcaram época e ainda têm muita circulação por aí.
É possível encontrar unidades do ano 2012 desses modelos com preços entre R$ 23 mil e R$ 30 mil, dependendo do estado de conservação, quilometragem e localização.
A questão é que, nessa faixa de preço, eles não oferecem alguns itens de conforto que parecem básicos para os carros atuais, como direção hidráulica, travamento automático de portas e ar-condicionado. Outra questão mais séria é que itens de segurança como freios ABS e airbags passaram a ser obrigatórios apenas a partir de 2014, então eles também não fazem parte da lista de equipamentos de série.
Por isso, se o orçamento permitir esticar um pouco, pode ser mais vantajoso considerar modelos a partir de 2014, que já saíram da fábrica com o mínimo exigido por lei e trazem um pacote de segurança mais consistente.
Como fica a manutenção?

Comprar um carro de R$ 30 mil pode parecer um bom negócio no curto prazo, mas é preciso considerar também os custos para mantê-lo em boas condições. Com mais de uma década de uso, esses veículos exigem cuidados frequentes e eventuais surpresas no mecânico.
Além dos itens de desgaste natural, como pneus, pastilhas de freio, óleo e bateria (esta última com custo médio de R$ 400 a R$ 700, dependendo do modelo), é possível que o carro precise de reparos mais pesados, como a substituição da correia dentada - uma manutenção preventiva essencial para evitar danos sérios ao motor. O serviço pode custar entre R$ 500 e R$ 1.200, dependendo do motor e da oficina.
Outros problemas podem aparecer com o tempo, como falhas na suspensão, embreagem gasta, vazamentos e até questões elétricas, todos eles comuns em veículos com muitos anos de uso. Sem falar na dificuldade de encontrar peças para modelos que tiveram baixa circulação no passado.
Vale ou não vale?
A verdade é que, para muitas famílias, um carro de até R$ 30 mil é a única alternativa realista. E tudo bem, desde que a compra seja feita com atenção.
É essencial levar o veículo a uma boa oficina antes de fechar negócio, verificar a procedência, checar a documentação e, se possível, consultar o histórico de manutenção.
Mas, se você tiver como investir um pouco mais, talvez seja mais inteligente mirar em carros um pouco mais recentes, com mais segurança, menor risco de manutenção pesada e maior liquidez no futuro. A diferença de alguns milhares de reais pode evitar muita dor de cabeça depois.





























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