Preço de Corolla Cross e Corolla usados deve disparar com fábricas paradas

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A tempestade que destruiu a fábrica de motores da Toyota em Porto Feliz (SP) e forçou a paralisação da produção nacional de veículos da marca já começa a ter efeitos no mercado.
Com a linha de montagem paralisada e sem previsão de retomada, a Toyota enfrenta uma situação delicada: dois modelos fortes, que garantiam o fôlego da marca no Brasil, correm o risco de simplesmente desaparecerem das concessionárias por alguns meses: Corolla, o sedã médio mais vendido do Brasil há muitos anos, e Corolla Cross, SUV médio mais emplacado do país em 2025.
A empresa fala em importar propulsores de outras unidades no exterior, mas essa não é uma solução imediata. A logística é complexa, envolve homologações e custos elevados.
Vale lembrar que, mesmo antes da tragédia, a Toyota já trabalhava com prazos de espera em várias versões desses dois modelos, tamanha a procura. Ou seja: já era difícil para quem queria um zero-quilômetro da marca e, agora, exemplares seminovos tornam-se alternativa para clientes e concessionários sem produto novo para vender - o provável efeito colateral será uma disparada nos preços dos exemplares de segunda mão disponíveis nas lojas
Caçada a Toyotas seminovos

É nesse cenário que as concessionárias começam a se movimentar.
Com o desabastecimento batendo à porta, lojistas passaram a mirar os seminovos como alternativa para manter o caixa girando.
Alguns grupos já estão oferecendo condições especiais para quem vender um Corolla ou Corolla Cross usado. Pagamento à vista, avaliação rápida, preços acima da tabela, tudo sem necessidade de troca por um carro novo. São atrativos que revelam a pressa da rede em recompor estoque.
Paralelamente, Hilux e SW4, produzidos na Argentina e, portanto, livres do impacto direto da fábrica de motores brasileira, já aparecem em campanhas com comunicação mais agressiva, como forma de compensar a ausência dos modelos nacionais que deixaram de ser fabricados.
Repeteco da pandemia?

A lembrança é inevitável: durante a pandemia, quando a falta de semicondutores paralisou fábricas de diferentes montadoras ao redor do mundo, os seminovos viraram protagonistas.
Preços dispararam e alguns modelos chegaram a ser vendidos com ágio gigantesco, já que muita gente preferiu pagar mais por um usado para não esperar meses pelo carro novo.
O especialista Milad Kalume acredita que o filme pode se repetir agora.
"Certamente, os usados vão ser valorizados. É um veículo muito atrativo para o mercado de seminovos e, com a falta do zero-quilômetro, a tendência é de que esses veículos sejam supervalorizados. Vai haver problema de abastecimento de Corolla e Corolla Cross, e isso irá provocar uma depreciação muito menor desses carros", afirma.
No caso da Toyota, o efeito pode ser ainda mais acentuado por causa da fidelidade do cliente.
Há proprietários que estão com a marca desde 1993, quando o Corolla começava a ser produzido no Brasil, e dificilmente consideram migrar para outra montadora. Para esse público, trocar de carro significa trocar por outro Toyota. Se não há zero à disposição, a saída natural é adiar a compra ou apostar em um seminovo.
Preço dos novos também deve subir
Para o consultor automotivo Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, a valorização dos seminovos será um reflexo do aumento dos preços dos novos.
"As concessionárias vão passar por, pelo menos, dois meses de penúria até que a logística de importação dos motores seja normalizada. Isso vai ter um impacto na ponta de varejo: vão diminuir os descontos. Diminuindo o volume de venda por causa da disponibilidade, deve aumentar o preço do novo e, como consequência, dos usados também."
O especialista avalia, ainda, que "quem está comprando imediatamente, antes que o preço aumente, pode se beneficiar desse momento transitório".
Ainda não há prazo para a recuperação de Porto Feliz. Mas até lá, o mercado deve assistir a uma inversão de papéis: enquanto os zero-quilômetro viram raridade, os seminovos assumem a função de protagonistas.
Se em 2020 o carro usado virou ouro por falta de chips, agora é o temporal que ameaça transformar o Corolla e o Corolla Cross seminovos nos bens mais disputados das concessionárias.





























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