Ford Everest: testamos o 'SUV da Ranger' que deve desafiar Toyota no Brasil

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Um SUV com a robustez de uma picape média, conforto para sete passageiros e um motor herdado do Mustang. Essa é a proposta do Ford Everest, que acaba de estrear na Argentina com pompa e circunstância - e que deve ser lançado no Brasil.
Tive a oportunidade de dirigir o modelo nas trilhas e estradas da Patagônia, durante o evento de apresentação da linha Tremor da Ford, e já adianto: ele está pronto para brigar com gigantes como o Toyota SW4
O Everest é a versão SUV da picape Ranger. Compartilha a mesma base com chassi de longarinas e vários componentes estruturais, mas traz soluções próprias para entregar mais conforto no uso familiar. Com 4,91 metros de comprimento, 1,92 m de largura, 1,84 m de altura e entre-eixos de 2,90 m, é maior que todos os rivais diretos, incluindo o Toyota SW4, o Chevrolet Trailblazer e o Mitsubishi Pajero Sport.

A suspensão traseira, por exemplo, é um eixo rígido com seis braços e molas helicoidais, o que garante estabilidade e suavidade em terrenos irregulares, uma clara evolução em relação ao feixe de molas da picape. Isso se traduz numa rodagem mais agradável no asfalto e em mais segurança fora dele.
Motorzão do Mustang
Debaixo do capô, o Everest Titanium argentino vem com um motor 2.3 EcoBoost turbo a gasolina, com 300 cv de potência e 45,5 kgfm de torque. É o mesmo usado em versões do Mustang e da F-150 nos EUA. A transmissão é automática de 10 marchas, com tração 4x4, reduzida e bloqueio de diferencial.
O desempenho é bom: 0 a 100 km/h em 8,6 segundos, com fôlego de sobra nas retomadas. O consumo, está dentro do esperado para o conjunto: média de 8,3 km/l na cidade e 12,9 km/l na estrada, segundo dados da Ford argentina.
No entanto, o Everest a gasolina pode não agradar o público que hoje opta pelo diesel, especialmente no agronegócio, onde a autonomia é inegociável. E convenhamos: com um 3.0 V6 diesel de 250 cv (já disponível na Ranger), o Everest teria muito mais chances por aqui.
Como é por dentro?

São sete lugares com bastante conforto. A terceira fileira é retrátil eletricamente e oferece espaço suficiente para crianças ou adultos em trajetos curtos. O porta-malas varia de 259 litros (com 7 lugares ativos) até 1.823 litros (com todos os bancos traseiros rebatidos).
O acabamento é refinado: couro no volante e bancos (com ajustes elétricos e aquecimento na frente), teto solar panorâmico, ar-condicionado digital com saídas para todas as fileiras, iluminação ambiente e painel digital com tela de 8". A central multimídia SYNC4 tem 12" e é compatível com Android Auto e Apple CarPlay sem fio.
O pacote Ford Co-Pilot 360 inclui:
- Frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres
- Controle de cruzeiro adaptativo
- Monitoramento de ponto cego
- Alerta de tráfego cruzado
- Assistente de permanência em faixa
- Seis airbags
- Sensores dianteiros e traseiros
- Câmera de ré
Além disso, o Everest conta com carregador por indução, entrada USB nas três fileiras, tomadas de 12 V e 220 V (com até 400 W) e sistema de som com oito alto-falantes.
E o preço?

Na Argentina, o Everest Titanium custa R$ 377.800 em conversão direta, cerca de 10% a mais que a Ranger Limited (R$ 343 mil), quase o mesmo valor cobrado no Brasil pela picape. Já o Toyota SW4, seu principal rival, é vendido por aqui entre R$ 408 mil (versão com cinco lugares) e R$ 465 mil (versão topo de linha com sete lugares).
O Everest surge como um concorrente à altura, com mais espaço, tecnologia e conforto. Mas pode tropeçar em um ponto: importação da Tailândia, o que encarece o modelo frente aos rivais produzidos na região - o único importado da categoria é o Pajero Sport, da Mitsubishi.
Produzir o modelo ao lado da Ranger na fábrica argentina de General Pacheco poderia mudar esse cenário. A Ford até cogita isso, mas uma eventual fabricação local só viria após 2027. Até lá, a marca parece usar a Argentina como "laboratório" para medir a aceitação do SUV na região.
A Ford não confirma a chegada do Everest por aqui, mas o convite a jornalistas brasileiros para o test-drive na Patagônia deixa claro: a possibilidade é real. O SUV tem tudo para ocupar um espaço que há tempos pede renovação.
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