Paula Gama

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ReportagemCarros

Hyundai Kona Hybrid chega ao Brasil para brigar com Corolla Cross

O segmento de SUVs híbridos no Brasil acaba de ganhar um novo integrante, e ele parece não ter chegado para fazer figuração. O Hyundai Kona Hybrid desembarca oficialmente no país para ocupar a posição de híbrido pleno no portfólio da marca, trazendo um bom pacote tecnológico, visual futurista e desempenho que promete incomodar concorrentes de peso como Toyota Corolla Cross, BYD Song Pro e Haval H6 HEV.

A chegada do Kona também marca um ponto importante na história da Hyundai no Brasil: ele é o terceiro modelo (e com maior chance de volume) importado diretamente pela operação nacional da marca após o fim do acordo com a Caoa, que até março de 2024 era responsável pela importação e comercialização dos modelos da montadora coreana. Ou seja, agora o controle é total da matriz, o que deve facilitar decisões estratégicas futuras, inclusive no quesito eletrificação.

Sistema híbrido

O novo Kona Hybrid chega ao Brasil em duas versões: Ultimate (R$ 214.990) e Signature (R$ 234.990). Ambas são equipadas com o mesmo conjunto motriz: um motor 1.6 Kappa GDI aspirado a gasolina, atualizado em relação ao usado no Creta (apesar do mesmo nome), acoplado a um propulsor elétrico que, juntos, entregam 141 cv de potência combinada e 27 kgfm de torque. A transmissão é automatizada de dupla embreagem de seis marchas (6DCT), e a tração é dianteira.

A bateria de 1,32 kWh é pequena, mas suficiente para manter o funcionamento em modo elétrico em baixas velocidades e contribuir para um consumo muito interessante. Oficialmente, o Kona faz 18,4 km/l na cidade e 16 km/l na estrada segundo o PBEV/Inmetro, os melhores números entre os concorrentes híbridos convencionais. Na prática, em nosso teste em rodovia, onde os modelos híbridos rendem menos, chegou a superar os 20 km/l.

Dimensões e espaço

Comparado ao seu principal alvo, o Toyota Corolla Cross, o Kona é um pouco mais compacto, mas com medidas bem equilibradas. Ele tem 4,3 m de comprimento, 1,8 m de largura, 1,5 m de altura e um entre-eixos de 2,6 m. O porta-malas comporta 407 litros.

Com 407 litros, o porta-malas do Kona é menor do que o dos concorrentes
Com 407 litros, o porta-malas do Kona é menor do que o dos concorrentes Imagem: Hyundai/Divulgação

O Corolla Cross, por sua vez, mede 4,4 m de comprimento, com os mesmos 1,8 m de largura, 1,6 m de altura, entre-eixos de 2,6 m e um porta-malas maior, com 440 litros. Ou seja: o Toyota ainda leva vantagem no volume de carga, mas o Kona responde com mais tecnologia.

Um ponto a ser observado é que o espaço traseiro do Kona ainda é limitado. A posição central do banco traseiro é estreita e o assoalho elevado compromete o conforto, especialmente para adultos.

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Outro detalhe importante: o tanque de combustível tem apenas 38 litros, o que limita a autonomia em viagens mais longas, mesmo com o bom consumo.

Design e interior

Visualmente, o Kona chama atenção com a nova identidade visual da Hyundai. Quem teme essa proposta devido a experiências anteriores - vide as segundas gerações de Creta e HB20 - pode ficar tranquilo. O carro segue a linha do Ioniq 5 e, de fato, está mais bonito pessoalmente do que por foto.

A dianteira exibe a faixa de LED contínua, que atravessa o carro de ponta a ponta e confere um ar futurista. Na traseira, lanternas também em LED complementam o conjunto, as rodas diamantadas de 18 polegadas e o teto solar na versão topo de linha fecham o visual com esportividade.

O modelo está disponível com cinco possibilidades de cores externas: Branco Atlas, Preto Abyss Perolizado, Cinza Cyber Metálico, Cinza Pérola e, com destaque especial por ser uma rara opção original de fábrica no mercado brasileiro nesta faixa de preço, a Cinza Ecotronic Matte - de acabamento fosco de muito bom gosto. No interior, também será possível escolher pela tonalidade preta ou cinza.

O Kona tem quase 25 cm de telas, considerando a central multimídia e o painel digital
O Kona tem quase 25 cm de telas, considerando a central multimídia e o painel digital Imagem: Hyundai/Divulgação
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Por dentro, o Kona aposta no minimalismo tecnológico, mas preserva os botões. O veículo integra o painel de instrumentos e a central multimídia, somando quase 25 cm de display horizontal, com conectividade Apple CarPlay e Android Auto sem fio. Mas o grande diferencial está na presença de botões físicos para comandos essenciais, como controle de volume, ar-condicionado e multimídia. Um alívio para quem valoriza praticidade e não quer depender só da tela sensível ao toque.

Os bancos, com ajuste elétrico na versão topo, são revestidos em couro natural na versão Signature. O acabamento geral tem boa montagem e materiais agradáveis ao toque, apesar do plástico rígido na maior parte do veículo.

Ao volante

A experiência de condução da versão Signature foi positiva em vários aspectos. A direção elétrica é bem direta, e o sistema híbrido atua de forma discreta, com arrancadas ágeis proporcionadas pelo torque imediato do motor elétrico. Em trânsito urbano, o silêncio ao rodar é notável, e nas estradas, o Kona mantém bom fôlego, inclusive em ultrapassagens.

A central eletrônica gerencia com competência o uso dos dois motores, e o modo "Sport" deixa as respostas mais rápidas, embora esteja longe de transformar o SUV em um esportivo. É, antes de tudo, um SUV confortável e eficiente.

Apesar de ter dimensões parecidas, o ar futurista do Kona retira o aspecto de robustez presente em seus concorrentes diretos. À primeira vista, tive a impressão de que ele seria consideravelmente menor que o Corolla Cross, e acabei me surpreendendo com os números praticamente equivalentes.

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Segurança

A novidade faz jus ao seu ar "do futuro" e traz uma série de tecnologias do sistema ADAS, mas algumas delas presentes apenas na versão topo, Signature:

  • Frenagem autônoma de emergência
  • Assistente de permanência e centralização em faixa
  • Controle de cruzeiro adaptativo com função stop & go
  • Monitoramento de ponto cego com câmera (apenas na Signature)
  • Alerta de tráfego cruzado traseiro
  • Câmera 360º (apenas na Signature)
  • Alerta de saída segura
  • Monitoramento da pressão dos pneus
  • Seis airbags

Tudo isso posiciona o modelo entre os mais completos da categoria em termos de assistência à condução.

Concorrência e desafios

Além do Corolla Cross, o Kona terá pela frente dois fortes concorrentes chineses: o BYD Song Pro, que parte de R$ 184 mil, e o Haval H6 HEV, que aposta em potência e estilo, mas com preços próximos de R$ 220 mil. Os dois chineses são consideravelmente maiores.

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Se por um lado o preço do BYD assusta em competitividade, o Kona tenta justificar a diferença com refinamento, bom pós-venda e pela boa fama que a Hyundai conquistou no mercado brasileiro.

Com desempenho sólido, consumo excelente, bom nível de equipamentos e um visual que conversa bem com o gosto do consumidor brasileiro, o Kona Hybrid mostra que não veio para ser coadjuvante. Ele pode ser menor que alguns rivais e não contar com motor flex, mas oferece mais eficiência e mais tecnologia - e, para quem gosta da pegada futurista, mais estilo.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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