Paula Gama

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ReportagemCarros

Como sanções de Trump ao México podem impactar o preço dos carros no Brasil

As recentes políticas comerciais implementadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, têm gerado apreensão no mercado automotivo global, com possíveis reflexos no Brasil. A administração Trump anunciou tarifas de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá, visando proteger indústrias domésticas e reequilibrar as relações comerciais.

Embora essas tarifas tenham sido adiadas até 2 de abril de 2025, após negociações com líderes desses países, a incerteza permanece, afetando decisões estratégicas de montadoras e consumidores.

O México consolidou-se como um dos principais centros de produção automotiva, atraindo montadoras globais devido à mão de obra competitiva e a acordos comerciais favoráveis, como o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA). Essa posição estratégica permitiu que o país se tornasse um fornecedor crucial de veículos para os EUA e outros mercados, incluindo o Brasil, com o qual mantém acordos bilaterais que facilitam o comércio de automóveis.

Reações das montadoras às tarifas dos EUA

A imposição das tarifas levou montadoras a reconsiderarem suas estratégias de produção. A Honda, por exemplo, decidiu transferir a fabricação da próxima geração do Civic do México para Indiana, nos EUA, visando evitar os custos adicionais das tarifas. Decisões como essa, que podem ser tomadas por outras montadoras, podem impactar o mercado brasileiro, uma vez que o México é um fornecedor relevante de veículos para o Brasil.

De maneira similar, o Grupo Volkswagen está avaliando a possibilidade de utilizar suas instalações no Tennessee para produzir modelos da Audi, que atualmente são fabricados no México, e da Porsche. Essa estratégia busca mitigar os efeitos das tarifas e manter a competitividade no mercado norte-americano. Por outro lado, carros produzidos nos Estados Unidos pagam uma tarifa de importação de 35% para entrar no Brasil.

Possíveis impactos no mercado brasileiro

As alterações nas cadeias de produção e fornecimento podem afetar o mercado automotivo brasileiro de várias formas:

  • Aumento de preços: Com a realocação da produção para os EUA, onde soma-se ao imposto de importação os custos de mão de obra e operação mais elevados, os veículos que hoje são importados do México podem sofrer aumentos de preço.
  • Disponibilidade de modelos: A mudança na produção pode levar à redução da oferta de determinados modelos no mercado brasileiro, especialmente aqueles que eram fabricados no México.
  • Oportunidades para o Brasil: Por outro lado, o Brasil pode se beneficiar ao atrair investimentos de montadoras que buscam alternativas ao México e aos Estados Unidos, como as chinesas, que estão sofrendo grandes sanções no mercado norte-americano e na Europa.
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As tarifas impostas pelos EUA sobre produtos do México e do Canadá têm o potencial de reconfigurar o cenário automotivo na América Latina. O Brasil, diante desse contexto, precisa avaliar cuidadosamente suas políticas industriais e de infraestrutura para aproveitar as oportunidades que surgem, caso contrários, pode enfrentar desafios.

Reportagem

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