Sistema antigranizo: como Volks desafia tempestade para proteger carro 0 km
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Um vídeo gravado nas proximidades da fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais (PR) recentemente ganhou destaque nas redes sociais. O motivo? O intrigante som emitido pelo sistema de proteção contra granizo da montadora, audível até mesmo por quem trafega pela rodovia adjacente.
Mas o que há por trás dessa tecnologia que desperta curiosidade e, ao mesmo tempo, levanta questionamentos?
A Volkswagen implementou um sistema baseado na emissão de ondas de choque para impedir a formação de granizo antes que ele atinja o solo, evitando que as pequenas 'pedras de gelo' acerte os carros em seus pátios. O aparelho funciona através da mistura controlada de gás acetileno e oxigênio, que gera explosões dentro de uma estrutura cônica.
O sistema inteligente prevê a proximidade de tempestades, então, essas ondas são liberadas em um curto intervalo de tempo, aumentando a resistência do ar e acelerando o derretimento do granizo em sua formação, reduzindo seu tamanho e impacto.
O Grupo SPAG, empresa especializada nesse tipo de equipamento, explica que o sistema pode proteger uma área de até 80 hectares e 1 km de diâmetro. O dispositivo pode ser fixo, instalado permanentemente, ou portátil, permitindo sua movimentação para diferentes locais conforme a necessidade. Além da proteção de veículos, eles são muito utilizados para evitar danos a plantações.
A região de São José dos Pinhais, de fato, é propensa a tempestades de granizo. Além da Volks, o Grupo SADA, empresa de logística, utiliza a tecnologia desde 2023 para evitar prejuízo à sua frota de veículos. Para evitar reclamação na vizinhança devido ao barulho, a empresa instalou abafadores.
Não é a primeira vez que a Volkswagen investe em proteção contra o granizo. Em 2018, a montadora enfrentou controvérsias na fábrica de Puebla, no México, onde utilizou canhões antigranizo. Agricultores locais alegaram que o sistema estaria impedindo a formação de chuvas na região, prejudicando plantações. A Volkswagen negou que o dispositivo tivesse esse efeito e reforçou que sua ativação era feita apenas quando havia risco iminente de tempestades com granizo - algo bem específico.
Tecnologia não é unânime
A eficácia dos canhões antigranizo ainda é tema de debate. Uma revisão conduzida por Jon Wieringa e Iwan Holleman na revista Meteorologische Zeitschrift analisou diversas medições científicas e concluiu que "o uso de canhões ou foguetes explosivos é um desperdício de dinheiro e esforço". A reclamação também é grande quando o sistema é instalado próximo a comunidades residenciais, por causa do barulho.
Apesar de não haver consenso científico sobre sua eficiência na dispersão de tempestades, indústrias e agricultores continuam a investir nessa tecnologia como uma solução para minimizar prejuízos causados por eventos climáticos extremos.
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