Paula Gama

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OpiniãoCarros

VW Tera: como é o novo SUV popular que pode acabar com os hatches caros

O segmento de SUVs compactos ganhará mais um integrante com a chegada do Volkswagen Tera no primeiro semestre de 2025, consolidando de vez a tendência de os utilitários esportivos de pequeno porte se tornarem os novos carros de entrada do país.

Para se ter uma ideia, os SUVs representaram 24% das vendas de carros novos em 2024, e a expectativa da VW é que essa fatia cresça para 30% neste ano.

É importante lembrar que o Tera não é a única aposta de ouro que chegará ao mercado neste ano. Estão sendo esperados Toyota Yaris Cross, Honda WR-V, Jeep Avenger e um lançamento da Chevrolet para esse segmento.

Isso significa que quem mais deve perder espaço são os hatches na faixa dos R$ 100 mil. Afinal, para muitos, não vale a pena pagar esse valor em um hatch quando um SUV com porte maior e mais presença nas ruas está ao alcance.

Assim como o Fiat Pulse e o Renault Kardian, o Tera chega para oferecer exatamente isso: sensação de robustez e a posição de dirigir elevada de um SUV, mas sem exageros de preço. O modelo se posiciona abaixo do Nivus na linha da VW e tem potencial para se tornar o novo 'carro do povo' da marca - substituindo a ideia do Gol, que saiu de cena em 2022.

Design próprio e bem resolvido

O visual do Tera tem a sua própria identidade dentro da linha VW
O visual do Tera tem a sua própria identidade dentro da linha VW Imagem: Divulgação

Diferentemente de seus rivais diretos, que compartilham elementos com os hatches de suas famílias (o Pulse tem forte ligação com o Argo e o Kardian remete ao Sandero Stepway), o Tera tem um design único dentro da Volkswagen. As proporções e os elementos visuais, como os faróis e a grade, seguem a nova identidade global da marca, vista nos SUVs maiores, como Tiguan e Tayron.

A carroceria tem uma linha de cintura elevada e musculosa, que reforça a robustez do modelo sem precisar recorrer a molduras exageradas nas caixas de roda. A traseira traz uma lanterna interligada, reforçando a identidade moderna do carro.

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O cuidado com os detalhes, como texturas nos plásticos externos, também chama a atenção e evita a sensação de simplicidade excessiva, ao menos na versão topo de linha High, com pacote Outsider, a qual tivermos acesso. Junto com o Nivus, o Tera pode ser considerado um dos modelos da VW com mais personalidade atualmente.

Cabine bem trabalhada e com salto na percepção de qualidade

No interior, o destaque é a textura dos plásticos, que dá maior sensação de qualidade
No interior, o destaque é a textura dos plásticos, que dá maior sensação de qualidade Imagem: Divulgação

Se por fora o Tera mostra independência do Polo, por dentro ele mantém algumas semelhanças, mas com melhorias importantes. A Volkswagen se esforçou para reduzir a sensação de plástico duro, aplicando texturas diferenciadas no painel e nas portas. Os bancos na versão topo de linha High, com pacote Outfit, são de vinil.

O painel tem um layout exclusivo, mas mantém os elementos já conhecidos da VW como a central multimídia VW Play de 10 polegadas e o quadro de instrumentos digital. A versão mais completa tem recursos de conectividade, permitindo controlar funções do carro via aplicativo - algo que nem o T-Cross oferece ainda.

O grande ponto negativo fica para o espaço traseiro. Assim como Nivus e Polo, o entre-eixos de 2,56 metros limita o conforto para quem vai atrás. Embora seja maior que o Pulse (2,53 metros), perde para o Kardian (2,60 metros), que tem um pouco mais de folga para os passageiros.

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Motorização e versões: um SUV de entrada competitivo

No interior, o destaque é a textura dos plásticos, que dá maior sensação de qualidade
No interior, o destaque é a textura dos plásticos, que dá maior sensação de qualidade Imagem: Divulgação

O Tera será equipado com o motor 170 TSI, o mesmo usado no Polo e Nivus, entregando 116 cv e 16,8 kgfm de torque com etanol. Esse conjunto é ligado ao câmbio automático de seis marchas, uma configuração já conhecida do mercado. Há também a expectativa de ao menos uma versão mais barata, com motor 1.0 aspirado e câmbio manual, que deve partir da casa dos R$ 100 mil.

Os preços ainda não foram confirmados, mas a lógica de mercado indica que o Tera custará um pouco mais que o Polo em cada versão. O Polo Highline, por exemplo, custa R$ 127.490, enquanto os concorrentes diretos do Tera - Pulse Impetus e Kardian Première Edition - saem por R$ 138.990.

Assim, espera-se que um Tera completo fique nessa faixa, sendo um pouco mais barato que o Nivus (que parte de R$ 143.490). Futuramente, é esperado que a Volkswagen reduza as versões topo de linha do Polo para que o Tera pegue esse público.

SUV ou hatch aventureiros? A mudança de percepção do mercado

Se o Tera tivesse sido lançado há alguns anos, provavelmente não seria chamado de SUV, mas sim de hatch aventureiro - como aconteceu com modelos como Renault Stepway e Hyundai HB20X. A grande diferença entre essa nova geração SUVs e os aventureiros de antes não está exatamente no tamanho ou na "robustez", mas na posição de dirigir.

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O consumidor brasileiro passou a valorizar a sensação de estar mais alto ao volante, mesmo que o carro em si não seja muito maior do que um hatch tradicional. Com os SUVs dominando o mercado e os preços cada vez mais próximos dos hatches médios, o Tera reforça uma pergunta inevitável: ainda faz sentido pagar mais de R$ 100 mil por um hatch?

Modelos como Polo, Onix e HB20 na versão topo de linha entregam bom conteúdo, mas não conseguem competir com o apelo visual e a posição de dirigir elevada dos SUVs. O que o Tera faz é dar mais um golpe nesse nicho, após o sucesso de Pulse e Kardian. E, ao que tudo indica, essa será a tendência do mercado nos próximos anos, com lançamentos esperados da Chevrolet, da Honda, da Jeep e da Toyota.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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