Paula Gama

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Mortes na BMW: como modificação no carro pode ser fatal aos ocupantes

As mortes de quatro jovens no dia 1º de janeiro, no interior de um BMW 320i em Balneário Camboriú (SC), chocaram o Brasil. A causa dos óbitos ainda é investigada, enquanto a principal suspeita da Polícia Civil é de que uma modificação relativamente comum nas especificações originais do veículo pode estar relacionada à tragédia.

Conforme as apurações. o grupo pode ter sido intoxicado por monóxido de carbono, proveniente da queima do combustível, durante as cerca de quatro horas em que permaneceu dentro do automóvel, com o motor e o ar-condicionado acionados e os vidros fechados, por causa do calor. Os jovens tinham estacionado o veículo na rodoviária do município, à espera da namorada de um deles.

Em entrevista à Band TV, o delegado do caso, Bruno Effori, afirmou que a perícia identificou um vazamento entre o motor e o painel do veículo, que teria ocasionado a entrada do monóxido de carbono no sistema de ar-condicionado, levando o gás altamente tóxico para a cabine do BMW e asfixiando acidentalmente as vítimas. O referido vazamento teria sido causado pelo desencaixe de uma tubulação, após uma modificação no escapamento para ganho de potência que virou "moda".

"Essa é nossa principal linha de investigação, uma fatalidade, um acidente em virtude de uma customização que esse carro passou dias atrás, especificamente em relação ao escape do veículo", disse o delegado.

O monóxido de carbono é um gás asfixiante, que não tem cheiro, e, por isso, é de difícil identificação. Ele é produzido na queima incompleta de material combustível rico em carbono, como madeira, carvão, folhas, gasolina e gás natural.

Riscos da customização

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Por meio de nota enviada ao UOL Carros, a BMW diz que lamenta as mortes e reforça que não tem registro de casos similares envolvendo o modelo BMW 320i com as especificações originais de fábrica.

"O BMW Group Brasil está à disposição das autoridades para esclarecimentos", acrescenta a empresa.

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Especialista consultado alerta que, de fato, modificações inadequadas no sistema de escape, como instalação incorreta de peças ou soldas defeituosas, podem levar a vazamentos potencialmente fatais.

Os gases de escape contêm substâncias tóxicas, como monóxido de carbono, que são prejudiciais à saúde humana. Além disso, vazamentos podem levar a problemas como perda de eficiência do motor e aumento do consumo de combustível.

Para aumentar o ronco e o desempenho do motor, muitos alteram a configuração original do sistema de escape e - o isso pode motivar sérios problemas de segurança, destaca Erwin Franieck, presidente do instituto de pesquisa SAE4Mobility

De acordo com o engenheiro, a sensibilidade da sonda lambda - que detecta se o veículo está abastecido com álcool ou gasolina - se perde completamente em caso de alterações. "O carro passa a poluir como um veículo da década de 70. Se algum erro faz esses gases vazarem para o capô, essa mistura pode chegar aos ocupantes e levar a consequências muito graves".

Em muitos casos, a situação é agravada, pois a customização pode incluir a remoção do catalisador - dispositivo que serve justamente para neutralizar a emissão de vários gases tóxicos.

Segundo Franieck, tais modificações exigem a participação de profissionais altamente qualificados, pois são muito mais complexas do que em carros antigos.

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"Só para calibração de motor com a tecnologia dos veículos de hoje, são necessárias entre cinco e seis pessoas diferentes, cada uma mexe em um parâmetro. Hoje em dia, não há mais ninguém que mexa sozinho em veículos como esse. É uma complexidade muito alta, um serviço que pode dar muito errado."

Há outros riscos: modificações no sistema de escape ou no motor podem afetar a resposta do veículo ao acelerador e ao sistema de freios. Isso pode resultar em reações inesperadas durante a condução, aumentando o risco de acidentes.

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