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Carro popular: desconto deve acabar em 45 dias com alta irrisória em vendas

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Apesar de a indústria automotiva estar correndo para aproveitar o incentivo do governo para a venda de carros novos até R$ 120 mil, detalhado nesta semana, ficou claro que as medidas anunciadas pelo governo federal decepcionaram o setor.
Confiando na eficácia do aguardado pacote para alavancar as vendas de veículos, as montadoras aceleraram suas fábricas e encheram os respectivos pátios de carros.
Isso porque quando o vice-presidente Geraldo Alckmin, ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, fez um anúncio prévio dos planos, no último dia 25, ainda não se falava em um teto de R$ 500 milhões em descontos aos consumidores, o que limitou bastante o benefício.
Se há pouco mais de uma semana a Anfavea - associação das montadoras - planejava aumentar o volume de vendas em 300 mil unidades neste ano, agora a expectativa caiu para pouco mais de 15 mil carros.
A entidade estima que o incentivo vá acabar em menos de dois meses.
Logo após o incentivo entrar em vigor, a Anfavea mudou o tom e já não fala diretamente sobre o aumento no número de emplacamentos que a medida trará.
Afirma apenas que, "pelas estimativas, cerca de 100 mil a 110 mil automóveis e comerciais leves deverão usufruir dos descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil, antes do esgotamento do teto de R$ 500 milhões em créditos tributários disponibilizados pelo Ministério da Fazenda. Isso deverá ocorrer em pouco mais de um mês, ou seja, bem antes dos quatro meses de prazo estipulado pelo governo", afirma a associação.
Incremento será de apenas 15 mil automóveis
Cássio Pagliarini, sócio da consultora Bright Consulting e ex-executivo de marcas como Ford, Renault e Hyundai, explica que o cenário é crítico, já que a quantidade de dinheiro disponível para os descontos, que podem variar de R$ 2 mil a R$ 8 mil, é muito pequena e não durará nem perto de quatro meses.
"Se a gente considerar um desconto médio de R$ 4 mil por veículo, isso dá 125 mil veículos elegíveis para o desconto. Em cerca de 45 dias haverá esse número de vendas. Ou seja, os 500 milhões não dão nem para dois meses", explica.
Devido à limitação de unidades vendidas com incentivo, Pagliarini explica que o incremento de vendas ficará entre 12% e 15%.
"Serão vendidos 125 mil carros neste período. Se não houvesse nenhum programa do governo, seriam 110 mil. Ou seja, um aumento de apenas 15 mil veículos", afirma o especialista, enfatizando que o programa ficou aquém do esperado.
Montadoras apostaram alto no incentivo
Como o anúncio de que haveria descontos para carros abaixo de R$ 120 mil foi feito no dia 25 de maio, as marcas que fabricam veículos desse segmento no Brasil aceleraram as máquinas.
Para se ter uma ideia, a produção de autoveículos em maio teve o melhor resultado desde agosto, com 227,9 mil unidades -27,4% superior a abril e 10,7% a mais que em maio de 2022.
Para a Anfavea, muitas empresas ampliaram seus estoques à espera de uma forte demanda a partir deste mês. Pela primeira vez, em três anos, o Brasil chegou a um nível de estoque de veículos que só se verificava antes da pandemia, com mais de 250 mil unidades nos pátios das fábricas e das concessionárias.
Milad Kalume Neto, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Jato do Brasil, avalia que todo e qualquer tipo de incentivo para movimentar a economia é válido, só que a fórmula usada foca mais o consumo do que a cadeia produtiva. E não deixará um legado a longo prazo.
"A indústria automotiva tem uma capacidade ociosa por volta de 47%. Isso significa que esse incentivo é um alento muito pequeno para essa situação, ele não vai salvar a indústria nem mesmo dará vazão à produção. Será um pequeno suporte", avalia.
O especialista explica que um dos maiores gargalos ainda é a taxa de juros.
A boa notícia é que elas devem ceder um pouco nos próximos meses.
"Não está acontecendo liberação de crédito para instituições financeiras. Antigamente, a venda de carros era 30% à vista e 70% financiado. Hoje, a lógica praticamente se inventeu. O carro está mais caro e os juros estão altos, o que eleva as parcelas - isso se tornou um impeditivo para a maior parte dos pedidos de financiamento", diz Kalume.
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