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Paula Gama

REPORTAGEM

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Atropelamento infantil em alta: porta da escola é local perigoso

Crianças com menos de 11 anos têm dificuldade para avaliar a velocidade dos carros ao atravessar a rua - Freepik
Crianças com menos de 11 anos têm dificuldade para avaliar a velocidade dos carros ao atravessar a rua Imagem: Freepik

Colunista do UOL

26/11/2021 11h00

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Em um momento de retorno às atividades escolares e extracurriculares, o índice de internações por atropelamentos de crianças e adolescentes entre zero e 19 anos, na condição de pedestres ou ciclistas, cresceu 9% entre janeiro e agosto de 2021 - em comparação ao mesmo período no ano passado. No total, mais de seis mil delas foram hospitalizadas em estado grave no país.

Para mudar esse cenário, tanto a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) - responsável pela reunião dos dados - quanto a Sociedade Brasileira de Pediatria apontam soluções, e a maioria delas está na mudança de comportamento das crianças, dos pais e dos motoristas.

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"O levantamento reacende o alerta de que a segurança das crianças e adolescentes depende da conscientização de todos. Esses atropelamentos, na sua maioria, não são acidentais, mas sim resultados da não observância de medidas voltadas para o controle de riscos, quer por parte de condutores, quer por parte de pais e responsáveis pelas crianças", ressalta Antônio Meira Júnior, presidente da Abramet.

"Nesse momento de retorno às aulas presenciais e maior circulação das crianças nas ruas, precisamos reforçar o alerta aos pais, educadores e também provocar as autoridades para que invistam em políticas públicas voltadas à educação para o trânsito", afirma.

Falta maturidade

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a idade é um fator essencial na questão da segurança do pedestre. Segundo a entidade, crianças abaixo de oito anos não têm maturidade para enfrentar qualquer tipo de trânsito sem a supervisão direta de um adulto. Vias movimentadas, com cruzamentos sinalizados, exigem supervisão até cerca de 12 anos. Em grandes avenidas, mesmo adolescentes precisam da supervisão de um adulto.

Para a instituição, a idade pré-escolar tem peculiaridade, por causa da dificuldade de motoristas visualizarem as crianças pequenas e da total incapacidade de autoproteção que elas têm.

"Abaixo dos três anos, podem ocorrer atropelamentos em casa, como nos acessos de estacionamento ou garagens, por exemplo. Em torno dos quatro anos, a maioria dos traumatismos acontecem quando a criança sai correndo para o meio da rua, geralmente no meio da quadra, muitas vezes passando entre carros estacionados. Pré-escolares são incapazes de conter impulsos e, ao brincar na rua, se esquecem de que estão próximos ao fluxo de automóveis; portanto não podem jamais ser deixados sem supervisão fora de casa", afirma o Departamento de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria,

Já as crianças em idade escolar são capazes de compreender os riscos do trânsito, pois são orientadas em sala de aula, mas têm dificuldade de avaliar a velocidade dos carros antes dos 11 anos de idade. Por isso, os horários de entrada e saída da escola são períodos de grande perigo.

Como evitar

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a maior parte dos atropelamentos acontecem em zonas pobres com tráfego intenso, muitos carros estacionados, vias de mão dupla, menor policiamento e pouco controle da velocidade dos veículos.

"Nestas circunstâncias, ir a pé para a escola sem a companhia de um adulto aumenta em até dez vezes a chance de uma criança ser atropelada". Em relação à atitude dos motoristas, o que mais causa atropelamentos é abusar da velocidade, principalmente dirigindo embriagado, não seguir as regras de trânsito e não respeitar os pedestres.

Segundo o diretor científico da Abramet, Flavio Adura, a visualização das localidades mais afetadas permite a elaboração e implementação de estratégias específicas para promover a educação no trânsito e cumprimento das leis para uma mobilidade urbana mais saudável e segura para as crianças e adolescentes.

"As estratégias de educação devem abranger todos os públicos. Além dos próprios condutores, que devem respeitar sempre os pedestres - sobretudo nas proximidades de escolas -, pais, responsáveis, comunidade e as próprias crianças precisam incorporar essa cultura de segurança", disse.

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