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OPINIÃO

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Por que Cinquecento é o carro certo para popularizar eletrificação da Fiat

Colunista do UOL

02/04/2022 09h45

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(SÃO PAULO) - Depois de um hiato de cinco anos, a Aston Martin voltou ao Brasil. E para oficializar seu desembarque e revelar os planos comerciais e a linha de produtos, a UK Motors, importadora da marca inglesa, organizou um encontro com jornalistas na nova loja - à qual cheguei de Fiat 500e.

A bateria ainda guardava 55% de carga, mas com um carro elétrico você não pode perder as oportunidades. "Seu carregador está disponível?", perguntei ao rapaz que organizava o estacionamento. Estava. Então espetei o plugue (Type 2) no carro e fui saber das novidades de uma marca que vendia modelos absolutamente diferentes daquele que eu testava naquela semana. Três horas depois, fui para casa com 85% de bateria.

Mini frente - Marcelo Justo/UOL - Marcelo Justo/UOL
Imagem: Marcelo Justo/UOL

Essa é uma das belezas do carro elétrico: recuperar a energia gasta numa ida a um supermercado, um shopping, um hotel ou a qualquer lugar que tenha um carregador instalado - como uma concessionária que reestreia por aqui. Por ora tecnicamente de graça, pois a lei determina que apenas distribuidoras de energia podem cobrar por ela.

500e tras  - Marcelo Justo/UOL - Marcelo Justo/UOL
Imagem: Marcelo Justo/UOL

Quanto ao Cinquecento elétrico, além de levar uma bateria de 42 kW instalada no assoalho, leva também um forte simbolismo por ser o modelo que inaugura a eletrificação em série da Fiat. (Já houve um Panda e um Cinquecento elétricos nos anos 1990 e um 500e em 2015, mas eram puro experimentalismo).

500 elettra - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Lançado em 4 de julho de 1957 como substituto do 500 "Topolino", o Nuova 500 consolidou o crescimento industrial da Itália e se associou à aceleração econômica do país no pós-guerra - tal como o Volkswagen Fusca na Alemanha e Citroën 2CV e Renault 4CV na França.

fiat 500 - Divulgação  - Divulgação
Imagem: Divulgação

Se o 500 de outrora viabilizou a mobilidade de uma grande parcela da população que nunca tivera um automóvel na Itália, o 500 do Século XXI viabiliza a mobilidade limpa para uma grande parcela da população mundial que decidiu abandonar o carro a combustão.

Pena que o pneu furou

Quem dirige um 500e conduz um pedaço de história automotiva e também um carro prático, divertido e fácil de lidar.

A primeira boa surpresa é que a cabine não é mais o cubículo que era na geração anterior, com a porta espremendo os passageiros da frente. Isso porque o 500e cresceu 5,7 centímetros na largura, além de 6,1 cm no comprimento, 2,2 cm no entre-eixos e 2,9 cm na altura. No banco de trás, uma criança de 7 anos (sentada sobre um booster) foi sem reclamar do espaço.

Mini int - Marcelo Justo/UOL - Marcelo Justo/UOL
Imagem: Marcelo Justo/UOL

Bons ângulos de altura e profundidade do volante, ótimo espaço longitudinal e lateral para as pernas e visual moderno também enriquecem a experiência. Acabamento está acima do padrão da Fiat e flerta com o luxo.

500e painel - Marcelo Justo/UOL - Marcelo Justo/UOL
Imagem: Marcelo Justo/UOL

O painel é conciso, bem desenhado, compacto e sem uma parafernália de customizações - o que é ótimo. A Fiat acertou no visual e na usabilidade da central multimídia, e no 500e, com uma tela de 10,25", virou uma das referências no assunto.

Em movimento, o 500e não oferece arranques violentos como em muitos elétricos. Mas entrega o bastante para empolgar e garantir que ultrapassagens serão concluídas rapidamente. Seu motor elétrico tem 87 kW de potência (equivalentes a 118 cv) e 22,4 kgfm de torque. Em tese, a bateria dura 320 km.

500e motor - Marcelo Justo/UOL - Marcelo Justo/UOL
Imagem: Marcelo Justo/UOL

Acionar as marchas por botões no console não é intuitivo, e um carro de R$ 252.675 (preço em SP) podia vir com um teto solar ou uma cortina que bloqueassem melhor a luz do Sol.

500e banco tras - Marcelo Justo/UOL - Marcelo Justo/UOL
Imagem: Marcelo Justo/UOL

Mas ruim, mesmo, é o kit de reparo para furo do pneu, simplesmente inócuo. Um simples estepe temporário, daqueles fininhos, não teria interrompido antecipadamente uma convivência que só melhorava.