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Presente de noivado, Escort 81 da princesa Diana é leiloado por R$ 320 mil

Colunista do UOL

30/06/2021 04h00

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(SÃO PAULO) - O Ford Escort Ghia 1981 que um dia pertenceu à princesa Diana (1961 - 1997) acaba de ser arrematado por 47 mil libras, ou cerca de R$ 321.000, em leilão realizado ontem (29) pela Reeman Dansie.

De acordo com a casa de leilões inglesa, "este era o carro que se acreditava ter sido dado pelo príncipe de Gales à noiva como presente de noivado em maio de 1981, dois meses antes do casamento Real e usado pela princesa até agosto de 1982".

Escort Diana fr - Reeman Dansie / Divulgação  - Reeman Dansie / Divulgação
Imagem: Reeman Dansie / Divulgação

O estado de conservação do carro não chama tanta atenção quanto o sapo prateado incrustado no capô, "uma cópia de um presente da irmã de Diana, Lady Sarah Spencer, para lembrá-la do conto de fadas de uma linda garota cujo beijo transforma um sapo em um príncipe", segundo a Reeman Dansie.

Escort Diana Sapo - Reeman Dansie / Divulgação  - Reeman Dansie / Divulgação
Imagem: Reeman Dansie / Divulgação

Prata com interior em veludo azul, este Escort é equipado com motor 1.6 e já rodou 132,8 mil quilômetros. Traz rádio original e detalhes de proveniência, fotografias da princesa dirigindo o carro e recortes de jornais relacionados. Ainda de acordo com a casa de leilões, uma mulher fã de Lady Di manteve o Escort guardado por vinte anos.

Escort Diana int - Reeman Dansie / Divulgação  - Reeman Dansie / Divulgação
Imagem: Reeman Dansie / Divulgação

Foi nessa geração - a terceira desde 1967, quando fora lançado na Europa - que o Escort desembarcou no Brasil nas versões L, GL, Ghia e XR3.

Escort Diana perf - Reeman Dansie / Divulgação  - Reeman Dansie / Divulgação
Imagem: Reeman Dansie / Divulgação

O alinhamento com o modelo europeu só não foi total por alguns detalhes: o clima tropical daqui fez as janelas laterais traseiras serem basculantes ao invés de fixas e os motores originais CVH (com comando de válvulas no cabeçote) foram substituídos pelos da linha CHT (com comando no bloco), baseados nos Renault Cléon-Fonte do início dos anos 1960. Enquanto o 1.6 CVH rendia até 79 cv, nosso 1.6 CHT se estrangulava para chegar aos 65 cv.

Escort Diana tras - Reeman Dansie / Divulgação  - Reeman Dansie / Divulgação
Imagem: Reeman Dansie / Divulgação

Apenas na versão a álcool chegava-se aos 73 cv. Havia também o 1.3, a gasolina ou a álcool, de 57 cv e 63 cv, respectivamente. Ainda assim, o Escort era moderno. No quesito segurança, diferenciavam-se a carroceria deformável, a direção retrátil, os vidros laminados e os cintos de três pontos inerciais. O espaço interno era bem aproveitado, com inéditos porta-objetos, enquanto o porta-malas carregava bons 305 litros. E o Cx de 0,385 fazia dele o carro mais aerodinâmico da época.

O último Escort nacional (que mais tarde adotaria cidadania argentina) é apresentado no XVII Salão do Automóvel, em novembro de 1992, como linha 1993, mais uma vez alinhado ao exemplar europeu (para eles, Mk V). Ao contrário do modelo 87 em relação 83 (uma atualização notável sobre a mesma base), este Escort era de uma nova geração.

Foi o auge do Escort no Brasil, mas durou pouco. Em 1996, sua produção é transferida para Pacheco, na Argentina, para dar espaço ao Fiesta em São Bernardo do Campo. O carro mundial da Ford perdia protagonismo e ganhava uma infeliz grade dianteira ovalada.

No 19º Salão do Automóvel, no fim de 1996, a Ford apresentou a sexta e última geração do Escort. Lançado nas carrocerias hatch, sedã e (pela primeira vez) perua, o Escort dessa fase argentina ficou conhecido como "Zetec", nome do motor 1.8 16V de 115 cv que o equipava. Maior (o comprimento chegava a 4,13 m, com 2,52 m de entre-eixos) e mais refinado, era uma clara evolução sobre o antecessor.

A derradeira novidade do Escort foi a versão 1.6, batizada de Zetec Rocam, em agosto de 2000. Seu fim foi decretado em 2003, mas deu tempo de conviver alguns anos com seu sucessor, o Focus, revelado no Salão de Genebra de 1998.