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Além do Opala: conheça 5 fora-de-série equipados com o venerado motor 4.1

Colunista do UOL

07/11/2020 08h00

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(SÃO PAULO) - Tanto pela simplicidade quanto pela disponibilidade, plataformas da Volkswagen serviram a muitos projetos de concepção brasileira. Puma e Gurgel são expoentes de fabricantes nacionais que recorreram à mecânica do Fusca para impulsionar seus carros.

Já a partir de meados de 1980, o motor AP (Alta Performance) virou o coringa na manga de marcas como a Miura, entre outras.

Quando o objetivo era incrementar o desempenho, recorria-se ao motor 4.1 seis-cilindros do Chevrolet Opala, que estreara na linha 1971 equipando as versões Gran Luxo e SS.

Além das réplicas Fera XK, que emulava um Jaguar XK, e LHM Phoenix, uma cópia do Mercedes-Benz SL 280 "Pagoda", cinco modelos se destacaram:

Puma GTB: mais famoso dos fora-de-série a incorporar a alma do Opala, o esportivo se apresentou ao público no Salão do Automóvel de 1972 como GTO e com estilo diferente do protótipo P8, concebido há cerca de um ano: na parte frontal, faróis duplos davam lugar a um conjunto singular. Entre eles, uma grade agora mais protuberante. A traseira também trocava quatro lanternas circulares por um par retangular.

Puma GTB  - Universo Marx  - Universo Marx
Puma GTB
Imagem: Universo Marx

As linhas eram de Rino Malzoni, já famoso por modelos como GT Malzoni, Puma DKW e Puma GT. A parte inferior do monobloco do Opala serviu de base para um chassi tubular, que vestiu a carroceria de fibra de vidro. E do Chevrolet vieram também câmbio, suspensão dianteira e freios, enquanto a suspensão traseira fora substituída por um esquema de feixe de molas.

Quando as vendas começaram, em meados de 1974, o GTO virou GTB (Gran Turismo Brasileiro) para não haver conflito com o Pontiac GTO, sucesso da General Motors nos EUA. Durante o Salão do Automóvel de 1978 a Puma revelou o GTB Série 2, que adotava faróis inspirados (mas não iguais) nos do protótipo P8 e com lanternas de Brasília. A cereja do bolo era o motor 250-S, que ampliava a potência para 153 cv.

Puma GTB S2 - Pastore Car Collection  - Pastore Car Collection
Puma GTB Série 2
Imagem: Pastore Car Collection

Assim o GTB S2 foi até 1984, quando deixou de ser fabricado. Ao menos pela Puma: poucos anos depois, o modelo voltou ao mercado pela Araucária Veículos e, por fim, pela Alfa Metais - porém, sem o mesmo brilho.

Santa Matilde SM: eleito por um grupo internacional de jornalistas automotivos um dos 1001 carros para dirigir antes de morrer, o SM existiu porque o presidente da Companhia Industrial Santa Matilde cansou de esperar pelo seu Puma GTB, cuja produção artesanal não atendia a demanda. Reza a lenda que Humberto Pimentel Duarte, então, pediu à filha Ana Lidia, designer, que projetasse um rival para o GTB.

Santa Matilde  - Divulgação  - Divulgação
Santa Matilde SM
Imagem: Divulgação

No início de 1978 o SM estava pronto. A arquitetura era similar à do Puma, mas com suspensão traseira com molas helicoidais. Freios? A disco nas quatro rodas, coisa rara na época. E havia o capricho do chassi galvanizado, que garantia mais proteção contra corrosão. No interior revestimento em couro era abundante, muitas vezes em tom claro.

Uma versão conversível foi produzida, mas em quantidade bem inferior à do cupê. Até 1989, quando a empresa largou o mercado de automóveis, foram produzidas 937 unidades, segundo a empresa.

Lafer LL: não é por acaso que seu lançamento foi no Salão de 1976. Naquele ano, a entrada de automóveis estrangeiros no Brasil fora suspensa e coube a muitos fora-de-série ocupar tal lacuna. E o Lafer LL bem que tentou.

Lafer LL - Clube do MP Lafer  - Clube do MP Lafer
Lafer LL
Imagem: Clube do MP Lafer

Sobre a base do Opala, encaixaram uma carroceria de plástico reforçado com fibra de vidro, que esteticamente era uma cópia tosca do Mercedes 280 SL. Sua maior ousadia - e fonte de irritação tanto para os proprietários quanto para o fabricante - era o bizarro volante que abrigava os instrumentos no miolo.

É o tipo de carro que sabemos que existiu, mas nunca vimos. Pudera: consta que apenas sete exemplares foram montados até 1978, quando a empresa decidiu focar apenas no bem-sucedido MP.

Envemo Camper: a utilização de mecânica Opala em projetos nacionais seguiu 1980 adentro. No Salão de 1988 foi a vez do Camper, produto da Engenharia de Veículos e Motores. A base era a do Engesa, jipão brucutu igualmente brasileiro. O visual era uma colcha de retalhos: faróis de Uno, maçanetas de Gol, lanternas de Chevette, retrovisores de Escort e painel e volante de Opala.

Envemo Camper  - Divulgação  - Divulgação
Envemo Camper
Imagem: Divulgação

Bem como o motor 4.1, mas não a transmissão, que vinha da picape Chevrolet D-20. Em 1993 surgia a raríssima versão quatro portas, que também emprestava componentes de acabamento de modelos em série, como Monza (painel) e Kadett (retrovisores). Como boa parte dos fabricantes nacionais, a Envemo pediu falência em 1995.

L'Autocraft Sabre: último fora-de-série com mecânica de Opala, foi apresentado no Salão do Automóvel de 1990. A distante semelhança com o SM não é coincidência, já que o Sabre foi projetado por um ex-funcionário da Santa Matilde.

L'Autocraft Sabre - Divulgação  - Divulgação
L'Autocraft Sabre
Imagem: Divulgação

O problema é que as importações foram reabertas em maio daquele ano, e não tinha como competir com alemães, americanos e japoneses. Ainda assim o Sabre resistiu até 1997, graças à exclusividade que garantia - não apenas em relação ao estilo, mas também reduzida produção, de apenas 108 exemplares.