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Kelly Fernandes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Solução para problemas de mobilidade pode estar mais perto do que parece

 Freepik/Jcomp
Imagem: Freepik/Jcomp

Colunista do UOL

12/08/2022 04h00

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Hoje quero compartilhar com você uma inovação em mobilidade urbana, pois a vida contemporânea pede soluções ágeis, econômicas e sustentáveis. Chega de ficar em grandes congestionamentos, gastar fortunas com combustíveis e manutenção veicular, pedágios e todo o tipo de impostos e taxas que só pressionam cada dia mais o orçamento familiar.

Essa solução compromete-se em reduzir ainda mais a sua pegada de carbono, ou seja, a quantidade de emissões de Gases Efeito Estufa (GEE), tornando seus deslocamentos mais amigáveis ao meio ambiente.

Espero que essas informações já tenham gerado interesse sobre a nova solução. Que tal mais alguns detalhes? Com esta proposta, certamente será mais fácil fazer os deslocamentos cotidianos dos mais simples aos mais complexos. Imagine-se indo até a padaria de manhã em alguns minutos, enquanto reflete e organiza mentalmente as principais tarefas do dia, oxigena sua musculatura corporal, escuta aquela música ou podcast que você ama ou interage com a vizinhança, crianças e cães fofinhos pelas ruas? Parece uma cena de filme, não é? E não para por aí.

Vamos lá. Se você tem filhos e/ou filhas ou apoia no cuidado de alguma criança, imagine um dia sem ficar à espera em uma fila de carros pelo momento de desembarca-la na escola sob a pressão de buzinas e rostos pouco amigáveis de pessoas igualmente atrasadas para o trabalho. Ao contrário disso, este pode ser um momento em que o abraço e o beijo de despedida não precisam ser cronometrados e possam se estender em respeito ao tempo que a expectativa da saudade pede e merece.

Já no caminho para o trabalho, em pé ou em um assento, o celular pode ser acessado com tranquilidade, seja para verificar um e-mail, a agenda ou para resolver alguma coisa previamente, seja para ficar a par das notícias, fofocas no grupo de WhatsApp e memes que vão te tirar uns sorrisos antes de mais um dia cansativo de trabalho.

Ao desembarcar, é possível comprar algumas frutas da estação de um vendedor ou vendedora ambulante para dar uma complementada no café da manhã apressado, ou então um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Afinal, há dias que combinam mais com algo bem açucarado, não é?

Ao final da jornada de trabalho, após longas horas na mesma posição, o corpo está cansado e a cabeça cheia. O alívio da saída do local de trabalho logo é substituído pela aflição com o congestionamento que parou a principal rua de acesso. Incômodo que logo é deixado de lado, pois, com essa solução, bastam alguns minutos para chegar até outra rua em que será possível contornar todo o congestionamento cuja causa não é possível identificar, mas sem dúvidas está relacionada ao fato de ser uma cidade que cresceu rápido demais e que que prioriza o uso do transporte individual e motorizado, sem investir numa mobilidade urbana ativa e coletiva.

Mas qual solução é essa? Apesar de parecer milagrosa, a solução utiliza uma tecnologia bastante antiga e que pode ser nomeada de diferentes formas: transporte a pé, mobilidade a pé, a pé, caminhada, andar a pé etc. Sim, todos esses termos podem ser atribuídos ao simples fato de caminhar, com custo zero para você e para o meio ambiente.

Mesmo em longas distâncias, quando todo o trajeto não puder ser feito a pé, tal solução pode ser integrada com o transporte coletivo ampliando a flexibilidade frente a situações inesperadas. Muitos deslocamentos nas cidades brasileiras são de menos de 3 km, distância percorrível a pé ou de bicicleta. No entanto, sei que não é possível fazer todos os deslocamentos a pé, sobretudo quando as distâncias a são longas. Mas sempre é possível integrar o deslocamento a pé com o transporte coletivo.

Ao chegar até aqui, das duas uma: ou você está sentido que esta coluna valoriza o seu principal meio de deslocamento, sabendo que cerca de 40% das pessoas no Brasil, já adota o transporte a pé, ou está um pouco insatisfeita com o desdobramento final. Se você faz parte do primeiro grupo, quero só aproveitar e te desejar "Um feliz dia do pedestre", que aconteceu no dia 08 do mês de agosto. Já se você faz parte do segundo grupo, deixo o convite para você aumentar a quantidade de deslocamentos que faz a pé.

Portanto, fica minha sugestão para que desfrute do caminhar e lembre-se que problemas complexos podem ser resolvidos com soluções simples, que, com investimentos, podem tornar-se a chave para a construção de cidades onde é possível ser feliz com menos esforço.