Jorge Moraes

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Imposto sobre carros elétricos e híbridos volta a subir; confira o que muda

Entrou em vigor na última terça-feira (1º) a nova alíquota de imposto de importação para veículos eletrificados no Brasil.

A medida segue o cronograma estabelecido pelo governo federal, por meio da Câmara de Comércio Exterior (Camex), e tem como objetivo incentivar a produção local de veículos elétricos e híbridos.

Com as novas regras, os automóveis 100% elétricos (BEVs) passam a pagar 25% de imposto de importação, ante os 18% que estavam em vigor até o mês de junho. Já os híbridos plug-in (PHEVs) terão alíquota de 28%, e os híbridos convencionais (HEVs), 30%.

O cronograma prevê novos aumentos gradativos até julho de 2026, quando todos os veículos eletrificados passarão a recolher 35% de imposto, a alíquota máxima prevista.

Incentivo à produção local

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Imagem: Divulgação

Segundo o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), a medida visa fortalecer a indústria nacional de veículos eletrificados, estimular investimentos em fábricas no Brasil e reduzir a dependência de produtos importados. De alguma forma, vai contribuir para a aceleração do tema.

Desde o anúncio da retomada do imposto, no fim de 2023, marcas como BYD e GWM anteciparam suas estratégias industriais.

Ambas estão prestes a inaugurar suas fábricas em Camaçari (BA) e Iracemápolis (SP), respectivamente. A BYD, inclusive, revelou na última terça (1º) seus dois primeiros modelos a ser produzidos no complexo baiano: o elétrico Dolphin Mini e o híbrido plug-in Song Pro - o sedã King, também híbrido plug-in, será o terceiro veículo da fabricante chinesa com produção nacional.

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Essas fábricas operaram com regimes em SKD (semi knock-down) que permitem algum grau de nacionalização das peças e ajudam a mitigar os impactos da tributação sobre modelos ainda importados em partes. A GWM deve colocar o novo Haval nacional no mercado a partir de outubro.

Impacto no mercado e nos preços

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Nos primeiros meses de 2025, a expectativa da alta de impostos levou a uma corrida por importações. Segundo dados de comércio exterior, as importações de veículos eletrificados aumentaram 46% no primeiro trimestre do ano. Cerca de 40% dessas unidades vieram da China. Até maio, mais de 180 mil veículos eletrificados já haviam sido trazidos ao país. O estoque nos portos e pátios secos é alto.

Com o início da nova alíquota, o setor projeta um possível aumento nos preços dos importados. Modelos como BYD Dolphin, GWM Ora 03 e Volvo EX30 podem sofrer impacto direto caso os estoques atuais não sejam suficientes para segurar os preços por mais tempo.

Anfavea defende alíquota de 35% já

Procurada por esta coluna para comentar o tema, a Anfavea, a associação das fabricantes de veículos instaladas no Brasil, mantém a defesa da adoção imediata da alíquota de 35% do IPI para eletrificados importados.

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Por meio de nota, a entidade alega que montadoras de carros elétricos e híbridos estão se antecipando às altas nas alíquotas desde o início do ano passado, formando estoques para venda com menos carga tributária nos meses subsequentes. A BYD é uma empresa que adota a estratégia, trazendo da China ao Brasil grandes volumes de veículos por meio de navio.

"A Anfavea defende a recomposição imediata da alíquota de importação para 35%. É uma questão de tentar mitigar esse desequilíbrio da entrada de veículos, evitar esse ingresso excessivo que teve antes dos aumentos do imposto. Trazem muito veículo pra poder fugir da alíquota nova. Você cria um estoque enorme que vai ter de ser desaguado ao longo do segundo semestre, causando algumas distorções no mercado", destaca a entidade.

*Colaborou Rodrigo Barros

Reportagem

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