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Jorge Moraes

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Um ano sem Ford: o que esperar da marca que 'sumiu' no ranking de vendas

Colunista do UOL

11/01/2022 04h00

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De quinta maior montadora do país em volume de vendas para fora do top 10 das marcas que mais emplacam. Um ano após o anúncio do fim da produção no Brasil, a Ford viu seus números despencarem.

Isso era esperado, afinal, seus modelos mais vendidos saíram de linha repentinamente, ficando apenas os importados - representando aqui a tradicional e rica marca do oval azul. Dá para fechar os olhos e voltar no tempo para acompanhar e debater a notícia que também deixou marcas em uma legião de colaboradores.

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No fim de 2020, a Ford tinha 7,14% de participação no mercado nacional, somando carros de passeio e comerciais leves, atrás apenas de General Motors, Volkswagen, Fiat e Hyundai. Um ano depois, a montadora virou importadora e, por razões óbvias, não figura mais na lista dos primeiros do relatório anual da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

O top 10 é composto por Fiat, Volkswagen, GM, Hyundai, Toyota, Jeep, Renault, Honda, Nissan e Caoa Chery. A Ford está contida na categoria "Outros", que soma todas as demais marcas que vendem carro no Brasil e sobrevivem com 9% de participação de mercado.

Quando separamos apenas os comerciais leves, onde se enquadram as picapes e vans, a montadora volta a aparecer, só que na sexta posição, com 4,94% de share - atrás de Fiat, Toyota, GM, VW, e Renault. Isso graças ao desempenho da Ranger, que segue como a quarta picape média mais vendida do país e veículo top 1 da empresa.

Foram pouco mais de 20 mil unidades comercializadas da Ranger em 2021, número superior aos 19 mil que vendeu no ano anterior. Isso quer dizer que a saída da Ford do país não afetou a preferência dos picapeiros em relação à Ranger, que é um bom produto, um dos melhores, trazido da Argentina, onde é fabricado.

A aposta que veio da China vingou? Até agora, está longe de aparecer como um dos prediletos entre os SUVs estrangeiros. O Territory foi o segundo mais vendido da Ford no Brasil, com apenas 2.231 unidades em 2021. E pensar que o EcoSport, mesmo fraco das pernas nos últimos anos, emplacava mais de 30 mil unidades em 12 meses.

Mas teve o Bronco, que veio falando espanhol e do México. O SUV ainda não aparece nas estatísticas da Fenabrave, que reúne os 40 mais vendidos do país no segmento. Claro que ele pertence a um patamar diferente da turma, na minha opinião. Vejo esse carro com admiração, mas ele esbarra nas cifras.

Só para lembrar, o último da lista é o Kia Sportage, que está para mudar de geração na metade do ano e emplacou apenas 1.192 unidades. O Bronco não deve ter chegado perto disso - está difícil. O SUV é ruim? Não. Apenas se tornou caro dentro da faixa da concorrência.

E o que será 2022 para a Ford no Brasil? Podemos fazer uma previsão olhando o copo meio vazio ou meio cheio. Os mais realistas, para não dizer pessimistas, alertarão que os números devem piorar neste ano se comparados com os de 2021. Isso porque, nos primeiros quatro meses do ano passado, ainda tinham muitas unidades de Ford Ka e EcoSport sendo "queimadas" nas revendas.

Já os mais otimistas - também realistas - podem ver um horizonte mais promissor com a chegada da picape Maverick no próximo mês, os modelos eletrificados e tudo que enxergo de opções no line-up norte-americano.

A Maverick é de fato a segunda maior aposta. O utilitário não deve tirar clientes da Ranger, mas pode balançar os consumidores das versões mais caras da Fiat Toro a diesel, uma vez que terá tração 4x4 e conjunto mecânico robusto com o 2.0 EcoBoost.

Em relação ao volume de vendas, pouco deve mudar para a Ford em 2022. Nem mesmo ela espera que seus modelos importados liderem qualquer segmento do mercado brasileiro.

Nesse tempo existe o advento da Transit, que chega como preferida entre centenas de consumidores na Europa e nos Estados Unidos. Vamos ver o volume, a estratégia e como se comportará o mercado para a marca que estampa no showroom Mustang, Bronco, Territory, Ranger, Transit e Maverick.

A Maverick pode fazer até um "barulho", mas não terá fôlego para muita coisa, já que não terá versões mais acessíveis no primeiro momento, ficando no patamar parecido com o do irmão Bronco, que é um carro de nicho.

"Jorge, o que você espera da Ford?" é pergunta que recebo com frequência nas minhas redes sociais. Digo o seguinte: 2022 será um ano de formação, de recuperação de uma robusta fração do prestígio, para que em 2023 ela possa apontar como deveria representar a tradição de uma empresa secular e cheia de histórias. Esse é o fio da esperança.

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