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Jorge Moraes

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Ford Maverick: nova picape tem força para ameaçar o reinado da Fiat Toro?

Ford Maverick - Divulgação
Ford Maverick Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

11/06/2021 10h37

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A Fiat Toro navega em águas calmas no mercado brasileiro, pois não vê no horizonte um rival que possa atrapalhar sua rota. Ou, pelo menos, não via. O lançamento global da Ford Maverick vislumbra a chegada de um forte concorrente para a picape produzida em Pernambuco.

A Ford aposta no porte mais avantajado de seu utilitário, na mecânica confiável e conhecida do Bronco Sport e no DNA de quem faz a F-150, a picape mais vendida do mundo e o carro mais emplacado nos EUA. Mas será que essas armas serão suficientes? Vamos detalhar um pouco mais.

Ao ver as imagens da Maverick, logo de cara achamos que se trata de uma picape média, com porte parecido com o de Hilux, Ranger e Amarok. Mas isso se dá muito pelo design do utilitário.

O modelo da Ford tem medidas semelhantes às da Toro: empata na largura (1.84 m) e altura (1,74 m), mas ganha no comprimento em 13 centímetros com seus 5,07 metros e no entre-eixos 8 cm maior (3,07 m contra 2,99 m da Toro). Comparando com a Ranger, por exemplo, a Maverick é cerca de 30 centímetros menor no comprimento.

Esse porte visivelmente mais avantajado da Maverick foi inspirado na irmã mais bem-sucedida, a F-150. O estilo da dianteira, com faróis em "C" e a grade repartida, se assemelha bem com a picape best-seller. A nova geração da Ranger também deve beber dessa água.

A Maverick nasce com duas opções de motorização: uma híbrida que entrega 193 cv de potência combinada com câmbio CVT e outra 2.0 Ecoboost de 240 cv e câmbio automático de oito velocidades. Esse último deve ser o único aplicado para o mercado brasileiro, pelo menos no primeiro momento de lançamento.

Assim como fez com o Bronco, que possui uma vasta gama de versões nos Estados Unidos, a Maverick deverá chegar por aqui apenas em uma opção de mecânica, com o mesmo conjunto do SUV de quem divide plataforma.

Podemos ter variações de versões de acabamento, com mais ou menos equipamentos, mas a mecânica ofertada inicialmente por aqui deverá ser a Ecoboost. Dessa forma, acreditamos que a Maverick vá concorrer apenas com as versões a diesel (mais caras) da Toro.

A picape da Fiat tem nada menos que nove diferentes versões e não tem como a Ford oferecer essa variedade de motorizações e acabamentos em um modelo que será importado do México. Acreditamos em duas ou no máximo três versões da Maverick, todas com o Ecoboost.

Em relação à tecnologia embarcada, a Toro se preparou bem para a chegada da moderna picape da Ford. A Fiat deu um belo "banho de loja" no interior de seu utilitário, promovendo a conectividade sem fio na cabine e até de forma remota através de APP. A Maverick terá tudo isso também, baseado no que vimos no Bronco. Então, nesse quesito, as rivais estão bem pareias.

Vale lembrar que a Chevrolet e a Hyundai também preparam suas armas para entrar nessa guerra entres as picapes médio/compactas. A Renault precisa atualizar (e muito) a Duster Oroch se quiser fazer uma onda nessa maré e a Volks tem que acordar e tirar do papel o projeto da Tarok. Por enquanto, a Toro vai navegando de vento e popa, sem ver os rivais nem com um binóculo.

O que a Fiat não pode fazer é cometer o mesmo erro que a Ford cometeu com o Ecosport, que foi pioneiro no segmento dos SUVs, reinou absoluto por muitos anos, mas que parou no tempo e assistiu a chegada de muitos e muitos rivais. Foi desbancado sem piedade e hoje nem está mais no mercado.

* Colaboração de Bruno Vasconcelos para a coluna.