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Jorge Moraes

REPORTAGEM

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"Grande demais": homem devolve o carro dos seus sonhos por não caber nele

Colunista do UOL

05/03/2021 15h51

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Dois amigos de alguns bons anos e a história da paixão por um carro. Um carro qualquer não, um esportivo, o sonho de Diego Alexandre, 36 anos.

Eric Silva e Diego são brothers de Campina Grande (PB). E, sempre que se encontravam com o possante alemão, Diego dizia: "se um dia você for vendê-lo, me avise e me dê prioridade". A SLK 200, ano 2012, inteira, bem conservada e sempre no brilho, trocou de mãos.

Diego chegou com a proposta e não pensou duas vezes querendo a todo custo levar para casa o Mercedes - e entrar na onda dos donos de carros esportivos da cidade, sem se preocupar com qualquer que fosse a medida do negócio. O fator principal era encontrar o custo e o valor da troca de seu Mercedes-Benz pelo de Eric.

Com 1,93 m de altura, achou que estava tudo certo. Era o sonho diante do homem e, para isso, conheço dezenas que movem montanhas - para alguns, de dinheiro.

Diego, entusiasmado, não fez o test drive, foi na confiança. E o que aconteceu antes de virar a chave da conquista, assim que colocou o pé dentro do veículo? Ele viu que a capota não fecharia. O homem grande não cabia no banco do carro, com todos os protocolos de uso do esportivo conversível.

Diego tentou de todo jeito, mas não dava para encurtar as pernas, mesmo colocando o ajuste do assento no limite. Além disso, como iria fechar a capota do cabriolet? Ainda dentro da oficina, na revisão do veículo antes de levá-lo para casa, ele percebeu que precisaria rever a transação.

Eric, advogado e bom amigo, de imediato ligou a câmera do celular, fez vídeos e fotos, enviou para turma do WhatsApp e curtiu o momento. Diego foi ainda mais longe: pegou um capacete que tem em casa e desfilou pelas ruas com a cabeça do lado de fora do carro. As imagens, como não poderia deixar de ser, viralizaram.

O novo dono rodou com seu carro sempre em baixa velocidade, sem dar chances para risco de capotamento ou ameaça à função do santantônio (que é proteger os ocupantes em caso de capotamento). Não cabe avaliar isso ou qualquer ato de infração, que não existe. Vamos continuar sorrindo.

O carro ficou parecendo um automóvel de brinquedo, pelo menos na teoria. A história rendeu muito. Garantiu sorriso por todos os lados, segundo Eric Silva - antes mesmo de saber que o importado voltaria para a sua casa.

Carro devolvido

As redes sociais trouxeram fama e ainda no último sábado postei os vídeos em meu Instagram. Eric, que recebeu um Classe C 2014 na troca, já tinha investido a diferença em outro negócio quando o telefone tocou. Diego, do outro lado da linha, disse: "preciso devolver o carro, não tem jeito de caber dentro. Já fiz de tudo e todo mundo viu".

O pior é que fez mesmo e aproveitou os dias de fama. Do outro lado, o amigo teve que encontrar uma maneira de receber o seu antigo carro de volta, hoje na garagem e, ao mesmo tempo buscar a solução para a amizade automotiva. Que tal um Suzuki? O Classe C de Diego, dado como parte do pagamento, já tinha seguido outro destino.

Agora, Eric planeja guardar o famoso cabrio vermelho na garagem por mais um tempo. O carro trouxe sorte, fama e ativou o sonho do advogado de ingressar no segmento de compra e venda de veículos - mas com a lição de que nada será negociado como antes. Conhecer o "sonho" e fazer um test drive são duas premissas indispensáveis para quem deseja comprar, não importa se o carro é novo ou usado.