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Cinco motos defasadas que estão à venda no Brasil

Acima, a Yamaha MT-07 vendida no Brasil; naked foi atualizada em 2020, mas até agora não deu as caras em nosso mercado - Renato Durães/Infomoto
Acima, a Yamaha MT-07 vendida no Brasil; naked foi atualizada em 2020, mas até agora não deu as caras em nosso mercado Imagem: Renato Durães/Infomoto

Colunista do UOL

27/02/2022 04h00

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As novas motos, apresentadas no exterior, sempre levaram certo tempo para chegar ao Brasil. Mas a pandemia trouxe mais obstáculos para que as fabricantes renovassem os modelos à venda no País ou trouxessem motos inéditas para o nosso mercado.

As razões para a demora são várias. A começar pela estratégia comercial das fabricantes para cada mercado, a necessidade de adaptar o produto para o Brasil, além do tempo necessário para adequar as linhas de montagem para produzir novas motos.

Isso sem falar no moroso processo de homologação de motos - e novos veículos em geral - pelas autoridades de trânsito brasileiras, uma reclamação frequente da indústria motociclística e automotiva.

Com o surgimento da Covid-19, somaram-se outras dificuldades às já existentes. Além do vírus em si, que afasta funcionários das fábricas e impõe um menor ritmo de produção, a crise logística e a falta de insumos paralisou algumas fábricas de motos e componentes em todo o mundo e também em Manaus (AM).

Sem esquecer a alta do dólar que encarece todos os produtos importados, como é o caso de muitos componentes das motocicletas vendidas em nosso país. Mesmo que sejam produzidas no Brasil, as motos têm centrais eletrônicas, painéis de TFT e até carcaças de motores que são fabricados no exterior.

O resultado é que os lançamentos, que já levavam certo tempo para chegar ao País, estão demorando ainda mais. Com isso, alguns modelos vendidos aqui estão defasados em comparação às versões comercializadas em outras partes do planeta.

Confira uma lista de cinco motos à venda no Brasil que são "atrasadas" em relação a outros mercados. E alguns dos motivos para a defasagem.

Honda PCX 150

Campeã de vendas no segmento scooter, a PCX 150 está defasada em relação ao modelo vendido na Ásia. Em dezembro de 2020, a Honda mostrou a nova PCX 160 no Japão. Com motor maior e mais potente, a scooter também passou por mudanças ciclísticas e ganhou controle de tração.

PCX 2022 - Divulgação - Divulgação
Na Ásia, PCX tem motor de 160 cc desde o ano passado; por aqui, modelo 2022 só trouxe novas cores
Imagem: Divulgação

Desde então, a PCX 160 já chegou à Tailândia e outros países da Ásia, mas não deve dar as caras por aqui neste ano. Afinal, a Honda já lançou a PCX 150 2022 somente com novas cores. A fabricante não revela os motivos para não trazer a nova geração da sua scooter mais vendida.

Aliás, o sucesso do modelo de 150 cc em nosso mercado pode ser uma das razões para o atraso na chegada da nova versão. Trazer a PCX 160 para o Brasil exigiria testes, adaptações para o nosso piso e combustível, além de mudanças na fábrica. Em resumo, mais investimentos que refletiriam no preço da scooter. Como diz o ditado, "em time que está ganhando não se mexe".

Kawasaki Versys 650

A veterana crossover da Kawasaki passou por uma reestilização visual e recebeu novos controles eletrônicos na última edição do Salão de Milão, realizada em novembro do ano passado. Até agora a subsidiária brasileira não se pronunciou sobre o lançamento dessa nova geração da Versys 650 no Brasil, apesar de já ter anunciado que trará a nova clássica Z 650 RS e a naked Z 900R.

Versys 650 2021 - Divulgação - Divulgação
No ano passado, Versys 650 ficou mais parecida com o modelo de 1.000 cc e ganhou novo painel, além de controle de tração
Imagem: Divulgação

Pela natureza da operação da Kawasaki no Brasil, focada em montagem das motos, a nova Versys 650 deverá fatalmente vir ao nosso mercado. Parece uma questão de tempo. A demora provavelmente deve-se à pandemia, que bagunçou a logística mundial e ainda causa falta de componentes, como semicondutores, e diminuiu o volume de produção em todo o mundo.

Yamaha MT-07

A naked bicilíndrica ganhou um visual novo - e controverso - além de mais eletrônica em novembro de 2020 no mercado europeu, mas até agora mantém seu farol convencional, com lâmpada halógena, no mercado brasileiro.

nova MT-07 - Divulgação - Divulgação
Nova MT-07, lançada em 2020, teve seu design atualizado e recebeu outras melhorias em relação ao modelo vendido aqui até hoje
Imagem: Divulgação

A MT-07 até que tem bons números de vendas no país e sempre briga pelos primeiros lugares de vendas no segmento naked. Merecia ser atualizada, embora o novo conjunto óptico de LED, com ares de "Transformers", não agrade a todos.

Talvez o principal motivo para que a nova geração da MT-07 ainda não tenha chegado ao País seja a estratégia da própria Yamaha para o nosso mercado. De alguns anos para cá, a marca deixou de investir tanto no segmento de alta cilindrada, focando seus investimentos em nichos de maior volume e mais rentáveis, como as scooters e as motos street, como Fazer 250 e MT-03.

Suzuki GSX-S 1000

A naked de 1.000 cc da Suzuki passou por um face-lift radical no exterior no início de 2021. A nova geração da GSX-S 1000 também ganhou mais eletrônica e um motor de 152 cv. Mas a versão vendida aqui ainda tem o visual antigo e seu propulsor de quatro cilindros ainda produz 150 cv.

gsx-s1000 - Divulgação - Divulgação
GSX-S 1000 foi completamente renovada no exterior; por enquanto, não há notícias de que a nova geração da naked venha ao Brasil
Imagem: Divulgação

A J.Toledo/Suzuki, que representa a marca brasileira no mercado, já se pronunciou sobre a chegada da nova Hayabusa, mas ainda não falou nada sobre quando a renovada naked de 1.000 cc irá desembarcar aqui.

A nova GSX-S 1000 é outro caso de demora em função de questões comerciais e industriais. A naked tem seu principal mercado na Europa, destino dos primeiros lotes produzidos do modelo. Comercialmente, também faz sentido a Suzuki apostar em segmentos menos concorridos, como o esportivo, e que se identificam mais com a marca no Brasil. A naked deve vir, só não se sabe quando.

Yamaha MT-09 e Tracer 900

Os modelos tricilíndricos da Yamaha já mudaram bem no exterior. Ganharam design novo, eletrônica de última geração e, o mais importante, um motor de maior capacidade - 890 cm³ - e mais potência - 120 cv.

Yamaha Tracer 9 - Divulgação - Divulgação
Na Europa, Tracer 900 recebeu motor maior e mais potente, ganhou design novo e até mudou de nome, para Tracer 9
Imagem: Divulgação

Assim como a 07, a nova geração da MT-09 também foi apresentada em novembro de 2020, mas até agora... Nenhuma notícia de quando, ou mesmo, se o modelo vem para o Brasil.

A Tracer 900 até mudou de nome e passou a se chamar Tracer 9. Recebeu melhorias, mas a filial brasileira da marca japonesa anunciou o modelo 2022 em julho do ano passado, ainda com a mesma cara e o antigo motor. Será que a Yamaha desistiu do segmento de alta cilindrada no Brasil? Esperamos que não.