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Loucura? Piloto roda 1 mil km com moto antiga para correr MotoGP na Espanha

Francês Johann Zarco, da equipe Pramac Racing, foi da sua casa na França até Aragão com uma Ducati 900SS Darmah 1981 - Reprodução/Instagram
Francês Johann Zarco, da equipe Pramac Racing, foi da sua casa na França até Aragão com uma Ducati 900SS Darmah 1981 Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

12/09/2021 04h00

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Acostumado a acelerar a Desmosedici GP, modelo da Ducati com mais de 250 cv de potência e eletrônica de última geração, o piloto da MotoGP Johann Zarco aceitou o desafio de sua equipe Pramac Racing a ir de sua casa, no sul da França, até Aragão, na Espanha, com uma moto antiga.

O francês rodou cerca de 950 km com uma clássica Ducati 900 SS Darmah 1981 até o circuito de Motorland, onde Zarco disputa o Grande Prêmio de Aragão neste domingo (12). A largada da MotoGP está marcada para as 9h, horário de Brasília.

O piloto conta que a ideia inicial era ir com sua Ducati Multistrada, uma aventureira esportiva moderna e confortável. Mas como os outros integrantes da equipe iam com motos clássicas, ele foi desafiado a ir com a 900 SS Darmah na estrada.

Ducati Darmah 900 ss 1981 - Reprodução - Reprodução
Ducati 900 SS Darmah 1981 tem motor L2 de 864 cc e 65 hp de potência máxima
Imagem: Reprodução

O modelo ostenta uma clássica semicarenagem com farol redondo e dois semiguidões esportivos. Bons para contornar curvas, mas não tão confortáveis para longas viagens.

O motor da 900SS Darmah tem dois cilindros em "V" a 90°, 864 cm³ e produz 65 cv de potência máxima. Desempenho bem mais modesto que o V4 de 1.000 cc da Ducati que o francês acelera nas pistas de MotoGP.

Óleo na bagagem

Zarco confessou que, quando pegou a moto emprestada de um amigo e levou para casa, ficou preocupado que a aventura "old school" pudesse prejudicar sua preparação para o GP de Aragão.

Zarco de Ducati antiga - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Foram três dias de viagem, mais de 950 km e nem foi preciso completar o óleo da quarentona Ducati 900 SS, garantiu Zarco
Imagem: Reprodução/Instagram

O francês da Pramac Racing é o terceiro na classificação geral da temporada 2021, com 137 pontos - quatro atrás do segundo colocado, Joan Mir, da Suzuki, atual campeão da categoria.

Com síndrome compartimental no braço (armpump), problema comum em pilotos da MotoGP, Zarco dividiu o trajeto em três etapas, para não se sobrecarregar e nem exigir muito da antiga Ducati.

Saiu de casa e rodou apenas 200 km até encontrar os membros da sua equipe, que vieram da Itália também de moto. "Após os primeiros 200 km, o sorriso voltou. Fiquei muito feliz por não ter tido nenhum problema", comentou. Embora tenha levado óleo na bagagem, Zarco disse que nem foi preciso completar o cárter da sua velha senhora italiana durante a viagem.

No segundo dia, foram mais de 7h30 na moto e 500 km. "Bem cansativo, mas divertido. Uma aventura", disse Zarco que pegou até chuva e neblina no caminho. Os últimos 200 km, já na Espanha, tinha muitas retas e poucas curvas, o que não agradou muito o francês habituado a inclinar a moto nas curvas até ralar o cotovelo no chão.

Por fim, comemorou o fato de que sua aventura de moto clássica fez sucesso no paddock da MotoGP. Segundo Zarco, mecânicos mais velhos e que trabalharam com ele no início de carreira o cumprimentaram pela façanha.