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Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Nova Honda Africa Twin 1100 encara rivais: veja a melhor moto aventureira

Honda Africa Twin CRF 1100L Adventure Sports SE é versão mais "aventureira"; preço parte de R$ 90.490   - Divulgação
Honda Africa Twin CRF 1100L Adventure Sports SE é versão mais "aventureira"; preço parte de R$ 90.490 Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

23/05/2021 04h00

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A Honda apresentou recentemente a nova geração da CRF 1100 L Africa Twin. Além do motor maior, agora com 1.084 cm³, e mais potente, com 99,3 cv, a bigtrail japonesa ganhou eletrônica mais moderna e um visual repaginado. Outra novidade é a disponibilidade do câmbio DCT (de dupla embreagem) nas duas versões do modelo, a Africa Twin convencional e a Adventure Sports.

Também chama a atenção a mudança de filosofia da Honda. Explico. Desde seu lançamento em 2017, a Africa Twin foi "vendida" pela Honda como uma bigtrail "raiz", ou seja, sem muitas concessões, feita para o motociclista aventureiro que gosta de rodar na terra.

Foi batizada de CRF, nomenclatura usada nos modelos off-road da marca japonesa, e abriu mão de controles eletrônicos sofisticados e diversos itens de conforto para ser uma bigtrail mais leve que as outras. Diferentemente de outras fabricantes, a Honda apostou na roda aro 21 na dianteira, o que melhora a maneabilidade no fora-de-estrada.

Afinal, com o tempo, as bigtrails foram se afastando da sua proposta original, de serem motos potentes e confortáveis para longas viagens, mas com boa capacidade off-road, e tornaram-se quase que modelos touring versáteis, com diversos equipamentos de conforto.

Banho de loja

Parece que a Honda foi se dando conta que, embora exista um público para motos aventureiras "raiz", a maioria procura uma bigtrail mais equipada e potente. Aos poucos, a Africa Twin também foi se sofisticando.

A segunda geração, lançada aqui em 2019, já trazia eletrônica mais completa, com modos de pilotagem, vários níveis de controle de tração, entre outros itens.

Essa terceira geração da aventureira japonesa evoluiu bastante nesse quesito. Traz sensor de medição inercial, o que permitiu a adoção de freios ABS e controle de tração, ambos otimizados para curvas; piloto automático de série e até painel com tela sensível ao toque, com Android Auto e Apple Car Play, para espelhar o smartphone.

Painel Africa Twin - Divulgação - Divulgação
Painel com tela sensível ao toque da nova Africa Twin 1100 espelha o celular e aposenta o GPS
Imagem: Divulgação

O objetivo é claro. Encarar de frente o modelo flagship do segmento bigtrail: a BMW R 1250 GS. Mas será que a nova Africa Twin 1100 é páreo para a R 1250 GS? E quando comparada a outras excelentes aventureiras, como a Triumph Tiger 1200 e a Ducati Multistrada 1250 S - todas aventureiras sofisticadas e cheias de equipamentos?

A nova geração da bigtrail japonesa parte de R$ 70.490 no modelo Africa Twin com câmbio convencional; já com câmbio DCT, o preço sobe para R$ 76.804. Já na versão Adventure Sports SE que, entre outros diferenciais, traz tanque maior, rodas raiadas com pneus sem câmara e suspensão eletrônica, o preço é de R$ 90.490, com câmbio manual; já com o DCT, o preço sobe para R$ 96.626.

A Africa Twin 1100 vai encarar uma forte concorrência no segmento. São modelos que custam entre R$ R$ 83.500 e R$ 111.990. Conheça um pouco mais sobre a nova Africa Twin e suas principais concorrentes...

Honda CRF 1100L Africa Twin

Africa Twin 1100 Adventure Sports SE - Divulgação - Divulgação
Versão Adventure Sports é a top de linha; tem suspensão eletrônica, tanque de 24,8 litros e pneus sem câmara
Imagem: Divulgação

A primeira arma da nova geração da Africa Twin para tentar incomodar outras bigtrails é o motor maior e mais potente, mas nem tanto: são 99,3 cv de potência máxima. Na minha opinião, o suficiente para viajar com conforto e segurança nas estradas brasileiras e também na terra. Mas, alguns motociclistas gostam de se gabar da cavalaria da sua moto. E, nisso, a Africa Twin perde para todas as concorrentes.

Mas algumas novidades são muito bem-vindas, como o piloto automático, útil em longas viagens, o painel que espelha o smartphone e, praticamente, aposenta o GPS (nota do colunista: antes de viajar, baixe o mapa da região aonde for, no Google Maps, e não vai precisar nem do sinal do celular).

Africa Twin 1100 - Foto: Honda | Divulgação - Foto: Honda | Divulgação
Honda Africa Twin 1100 tem preço sugerido de R$ 70.490 na versão "standard"
Imagem: Foto: Honda | Divulgação

No caso da versão Adventure Sports, a suspensão eletrônica é um ponto positivo, sem dúvida. Mas a maior evolução é a adoção de rodas raiadas que permitem o uso de pneus sem câmara - mais fáceis de arrumar em caso de furos.

A meu ver, a principal vantagem da Africa Twin perante a concorrência é o uso da roda aro 21, na dianteira. Isso faz uma grande diferença no uso off-road. Mas, se a ideia é só rodar no asfalto, essa característica não é tão relevante.

BMW R 1250 GS

bmw r 1250 gs - Divulgação - Divulgação
BMW R 1250 GS edição especial 40 anos é bastante completa, mas preço parte de R$ 107.500
Imagem: Divulgação

A BMW R 1250 GS é o modelo a ser batido na categoria bigtrail: é a mais vendida do segmento e já tem 40 anos de estrada. Seu principal destaque é o motor boxer - de dois cilindros opostos - com comando de válvulas variável e 136 cv de potência máxima - sem falar no comando de válvulas variável que oferece torque de sobra, desde os baixos giros.

Com o motor posicionado de forma a reduzir o centro de gravidade, a GS, apesar do seu peso (249 kg em ordem de marcha), tem boa maneabilidade e vai muito bem na terra, embora use aro 19, na dianteira. Outro destaque é a transmissão final por eixo-cardã, sistema que dispensa manutenções em longas viagens e, por isso, é adorado pelos aventureiros.

bmw r 1250 gs - Divulgação - Divulgação
BMW R 1250 GS vai muito bem na terra também, mas seu preço é mais salgado do que a Africa Twin
Imagem: Divulgação

A parte eletrônica da bigtrail alemã também merece destaque - tudo o que há de melhor nesse quesito: sensor de medição inercial, diversos modos de pilotagem, freios ABS, controle de tração, suspensão eletrônica...O painel se conecta ao smartphone por conexão Bluetooth e um app próprio, com funções limitadas.

O preço da R 1250 GS parte de R$ 83.500, mas no pacote Sport, que tem rodas de liga-leve. Os modelos mais equipados, como a edição de 40 anos, já sai por R$ 107.500. A versão GS Adventure, com tanque de 30 litros, e ainda mais equipamentos custa salgados R$ 117.500.

Triumph Tiger 1200

triumph tiger 1200 - Divulgação - Divulgação
Triumph Tiger 1200 Desert Edition é versão top de linha da bigtrail inglesa, vendida atualmente no Brasil por R$ 90.990
Imagem: Divulgação

A Triumph Tiger 1200 também está no páreo. O modelo inglês é uma excelente bigtrail, que se destaca pelo potente motor de três cilindros com 141 cv e a ciclística bastante equilibrada - no asfalto, deita quase como uma moto esportiva. A Tiger 1200 também vai bem na terra, mas, além do bendito aro 19, na dianteira, acho uma moto pesada: 246 kg a seco, quase o mesmo da GS, já pronta para rodar. E bem mais que a Africa Twin que marca 206 kg a seco na balança.

Além disso, em função do tricilíndrico inclinado, o peso é bem concentrado na dianteira, uma configuração não muito ideal para rodar na terra. Por outro lado, também tem eixo-cardã, como a BMW, e diversos equipamentos como itens de série: é praticamente um SUV. Oferece muito conforto, bom desempenho, mas peca pelas dimensões e pesos exagerados.

O painel é completo, mas não oferece conexão. Por outro lado, o pacote eletrônico é bastante refinado como da BMW e da Honda. Tem tudo, suspensões eletrônicas, sistema keyless, modos de pilotagem, enfim...

Os preços partem de R$ 85.990, para a versão Alpine Edition, que usa rodas de liga-leve- uma opção para quem quer uma bigtrail, mas não vai se arriscar muito na terra. Já o modelo Desert Edition, com rodas raiadas e pneus sem câmara, o valor sobe para R$ 90.990.

Ducati Multistrada 1260 S

Ducati Multistrada 1260S - Divulgação - Divulgação
Ducati Multistrada 1260 S custa R$ 111.990 até 31 de maio, segundo o site da marca
Imagem: Divulgação

Se a Ducati Multistrada 1260 S fosse um SUV seria o Lamborghini Urus: pouca disposição off-road, mas muita esportividade do seu motor de 158 cv de potência. A bigtrail italiana até encara uma estrada de terra batida, mas não é lá seu habitat natural. Ela se sai melhor em estradas sinuosas, mesmo com pavimentação ruim.

Uma boa opção para quem nem pensa em fazer uma aventura off-road, mas quer bom desempenho e tecnologia de ponta para longas viagens. Bastante confortável, a Multistrada também esbanja eletrônica, com chaveiro keyless, muitos modos de pilotagem e suspensão eletrônica.

Dois fatores pesam contra ela: o preço elevado de R$ 111.990 e o fato de ser modelo 2020. No exterior, a 1260 já foi substituída pela Multistrada V4.

Suzuki V-Strom 1000XT

V-Strom 1000 XT - Divulgação - Divulgação
Suzuki V-Strom 1000XT tem bom custo-benefício, mas já é modelo ultrapassado. Em breve, deve chegar a 1050
Imagem: Divulgação

Outra opção pouco lembrada é a Suzuki V-Strom 1000XT. Também não é por menos. A J.Toledo, representante da Suzuki no país, praticamente não investia em marketing, não oferecia test-ride (nem para a imprensa) e pouco divulgava seus lançamentos. Neste ano, voltei a receber e-mails sobre novidades, as redes sociais da marca estão novamente ativas... Torço para que a Suzuki, que tem excelentes motos, volta a se destacar no mercado brasileiro.

A V-Strom 1000XT tem roda aro 19, na dianteira, mas usa rodas raiadas e pneus sem câmara. Seu motor V2 oferece 101 cv de potência e bom torque. Com eletrônica simples, mas suficiente para garantir a segurança do piloto, a V-Strom 1000 XT fica devendo um pouco em itens de conforto. Seu farol ainda usa lâmpada halógena e o painel é um antiquado, quando comparado às concorrentes.

Com preço sugerido de R$ 72.196, a V-Strom 1000XT oferece bom custo benefício, para o consumidor que não precisa - ou não quer - tanta eletrônica. O ponto negativo é que o modelo já saiu de linha no exterior e foi substituída pela V-Strom 1050.