Moto usada domina mercado em 2016; motos novas ficam abaixo do milhão
2016 não deixará saudades para o setor de motocicletas: a queda nas vendas foi brutal -- 28,5 % -- em relação ao já nada bom 2015. Pela primeira vez em mais de uma década, as vendas no atacado (dos fabricantes para os revendedores) ficaram abaixo de 1 milhão de unidades, marca sempre emblemática.
O "show do milhão" da indústria motociclística nacional foi exibido pela primeira vez em 2005 e duplicado seis anos depois, com o recorde histórico do setor: exatas 2.044.532 motocicletas foram faturadas pelas fábricas a seus revendedores. De lá para cá, a inexorável e contínua queda nas vendas parece não ter fim.
Nos últimos anos, só mercado de motos usadas cresceu.
Chegamos ao fundo do poço? Segundo Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, a entidade que reúne os fabricantes do setor, "ainda não". A previsão da entidade é que em 2017 a queda continue: pelo menos 4% em relação a este ano.
Usadas mantêm roda girando
Um dado que sustenta algum otimismo no futuro do setor é das vendas de usadas. De 2011 até 2015 tal mercado só cresceu.
Não é preciso um raciocínio muito elaborado para perceber que por trás deste fenômeno está não só a firme vontade dos brasileiros em ter uma motocicleta, como a necessidade que a população tem do veículo em si.
Não dá mais para comprar a motocicleta zero? Vai a usada mesmo. Não há linha de crédito? Resolve-se o problema de particular para particular: cheque pré-datado, moto velha dada de entrada na seminova, celular e até videogame entram no rolo.
Com isso a roda gira, e como: o último ano em que motos zero km venderam mais que as usadas no Brasil foi o já distante 2009.
Em 2016 a proporção foi de pouco mais de três motos usadas vendidas para cada zero-quilômetro, o que significa nada menos do que 2,8 milhões de usadas trocando de mãos. Um número poderoso, que mostra que o mercado brasileiro de motocicletas está longe da saturação.
Na realidade, o recado que os números passam é que a demanda continua: basta devolver algum poder de compra aos brasileiros para que os gráficos de vendas das zero-quilômetro voltem a apontar para cima.
Há otimismo
O clima entre os executivos também não de velório. Há um consenso de que o Brasil continua sendo um mercado potencialmente maravilhoso. Não há notícia de que nenhum fabricante de peso instalado em Manaus (AM) esteja pensando em tirar seu time de campo. De fato a tendência é oposta.
Exemplo da crença em uma volta aos números gordos é a ação alemã: recentemente, a BMW inaugurou sua fábrica no Polo Industrial de Manaus, depois de anos montando suas motocicletas nas instalações da Dafra.
A Piaggio, que voltou a vender Vespa no Brasil, também prepara mais opções ao comprador e cogita ter uma fábrica em Manaus, como aliás teve no final dos anos 1980.
Veículo essencial
Quando da instalação das primeiras grandes indústrias do setor no Brasil, quatro décadas atrás, a motocicleta era vista mais como um instrumento de lazer. Muitas vezes era o terceiro ou quarto veículo da família, um brinquedinho para usar no fim de semana.
Não demorou muito para que a visão sobre o veículo fosse ampliada e o enorme potencial aparecesse. Lazer, sim, mas também transporte e meio de subsistência, ferramenta de trabalho.
A motocicleta hoje impulsiona a economia em muitas regiões do Brasil e é imprescindível para milhões de pessoas, seja zero-quilômetro ou usada.
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