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Flush: limpeza polêmica resolve ou traz mais problemas ao seu carro?

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Colunista do UOL

11/01/2022 04h00

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A dica de hoje é especial para David Oliveira, que já deixou vários comentários pedindo para eu falar sobre flush, só não especificou se é referente ao sistema de lubrificação ou ao de arrefecimento. Sendo assim, farei uma introdução sobre o assunto.

Flush é, basicamente, um procedimento de limpeza. Colocamos um produto dentro do sistema, a fim de tirar toda a sujeira dele, teoricamente, sem ter que desmontar nada, ou o mínimo possível.

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Como tantos outros temas, na mecânica encontramos defensores e opositores fervorosos do procedimento. E eu, que não sou fã de brigas, contarei a vocês o que eu já vi dentro da oficina quando consideramos o flush como opção em alguns casos específicos.

Nunca usei flush em motores que estavam com a manutenção preventiva em dia. Para mim, não faz absolutamente nenhum sentido. Se o plano de manutenções é seguido rigorosamente, não há o que inventar, é manter o plano, como manda o figurino, e pronto.

No outro extremo, também nunca usei em carros com o sistema muito comprometido. Neste caso, o procedimento de limpeza pode causar danos que resultarão em vazamentos que antes não existiam.

Aqui quero abrir um parêntese. Nunca fiz flush em carro de cliente, apenas nos meus. Quando comprei meu Maverick, ele estava em péssimas condições. Um dos sistemas que precisavam de revisão geral era o de arrefecimento e eu já queria, há tempos, testar o flush de radiador, que nunca tinha usado.

Foi minha oportunidade e só fiz porque sabia que tudo já estava condenado (mangueiras, válvula termostática e até o radiador) e eu teria mesmo que trocar todas as peças.

Estou destacando isso porque o sistema do meu carro estava muito sujo e enferrujado. Muito mesmo. E eu já previa que o procedimento de flush causaria danos ao promover a limpeza. Isso é natural, é esperado.

O bloco do motor, por exemplo, é feito de ferro fundido. Durante processo de produção, o bloco termina com alguns orifícios que são fechados com chapinhas de metal, que chamamos de selos. Quando os motores são postos em funcionamento, eles ficam em contato com as galerias de água do sistema de arrefecimento, então, ao longo do tempo, estão sujeitos à oxidação.

Se você vacila com a manutenção do sistema, ele enferruja. Se isso evolui demais, pode acontecer de um selo de motor ficar tão enferrujado que só o que impede um vazamento é o próprio acúmulo de ferrugem. Aí você vai lá e coloca um produto no radiador que sai limpando toda a ferrugem do sistema. Entendeu onde isso vai parar?

Pois foi isso que aconteceu no meu Maverick, não só nos selos do motor, mas também na carcaça da válvula termostática e nos bocais das mangueiras do radiador (que eram de Opala, tudo errado...). Mas como eu disse. Fiz o procedimento já esperando o caos. Tinha comprado o radiador novo, as mangueiras, válvula, selos, porque sabia o que esperar do procedimento.

Em carros de clientes, na oficina, nunca executei esse procedimento onde o sistema estivesse tão comprometido, pois não julgo correto. Nesse caso, vejo como perda de tempo e dinheiro fazer o flush. Quando o sistema está todo condenado é desmontar tudo, trocar o que tiver que trocar e limpar, com produtos mais adequados, o que tiver que limpar. Isso vale para o sistema de arrefecimento e para o de lubrificação também.

Então, no fim das contas, na minha opinião, é importante que isso fique claro, o flush é um procedimento válido para casos muito específicos, em que o sistema tem um nível de detritos muito pequeno para valer a pena ser limpo com esse tipo de produto.

Vale uma análise muito delicada e, sinceramente, dá para contar nos dedos de uma das mãos as vezes que eu optei por fazer flush em um carro.

Agora é com vocês. Mandem bala nos comentários e me contem se querem saber mais a respeito desse assunto.

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