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Mente aberta: o que você deve deixar de lado ao escolher um carro usado

Quase todos os dias entro nos principais classificados de carros usados para procurar boas oportunidades. Quando faço um bom negócio, sempre recebo comentários perguntando como faço para conseguir esses carros.

Alguns poucos caem no meu colo, ou seja, são oferecidos no mesmo momento em que tenho um comprador para o carro. Mas na maior parte das vezes é nos classificados onde consigo esses negócios. Ou seja, eles estão sempre disponíveis para qualquer pessoa disposta a procurar, desde que tenha olhos atentos e não limite tanto as buscas.

O que quero dizer é que temos que ser flexíveis no mercado de usados. Atendo muitos clientes que chegam com pedidos que seriam difíceis de atender até mesmo se quisessem carros zero-km. Até entendo que, dependendo da oferta do modelo pretendido, pode ser mais fácil conseguir algo do jeitinho que quiser. Mas, no geral, procurar bons carros usados é difícil e fica ainda mais se tiver que atender certos desejos.

Na coluna dessa semana apresento cinco coisas que podem ser deixadas de lado na escolha de um carro usado.

Modelo e carroceria

Tenho três carros na minha garagem, e nenhum deles atende o modelo exato que estava procurando. Quando escolho um carro para mim, não fico limitado em apenas um modelo específico, abro o leque de opções de outros que possam atender minhas necessidades. Quem só quer saber do modelo 'A' pode perder uma excelente oportunidade do modelo 'B' somente por não considerar nas buscar.

O mesmo se aplica para o tipo de carroceria. Hoje muitos querem SUV, mas nem param para pensar se precisam de um. Acabam seguindo a moda do momento e esquecem que um sedã ou hatch também podem ser considerados. Um dos meus carros, por exemplo, tem apenas duas portas - algo antiquado e pouco prático, mas foi melhor que qualquer quatro portas disponível no momento da compra e atende perfeitamente às minhas necessidades.

Versão

No mercado de novos, as versões estão sempre bem posicionadas, com diferenças de preços consideráveis, que fazem os compradores escolherem de acordo com o bolso. Já no mercado de usados, essa diferença de preços tende a diminuir com o passar dos anos, fazendo com que versões mais completas sejam mais atrativas.

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Essa é uma das vantagens do mercado de usados, mas na prática nem sempre o melhor negócio está disponível na melhor versão do momento. Pode ser que um modelo de entrada ou intermediário seja o negócio imperdível do momento. Já tive carros assim que foram excelentes. Considerando que todos carros modernos são equipados com o mínimo de conforto e segurança, versões mais completas às vezes têm apenas perfumarias que nem fazem diferença no uso normal.

Opcionais

Dependendo do modelo pretendido, a lista é longa. Porém, o valor de referência para o mercado, é sempre o da versão, independentemente de ter ou não opcionais.

Com isso, é óbvio que é melhor comprar um usado recheado de opcionais, como o cobiçado teto solar. Contudo, na prática, não são eles que vão determinar se o carro é realmente bom. Pode ser que o melhor negócio seja aquele sem o teto solar - inclusive é um bom argumento para conseguir um desconto no valor da compra.

Cor

Não gosto de carros pretos. Ou melhor, são bonitos, principalmente depois de passar por uma boa lavagem e polimento. Mas só quem tem ou teve um veículo assim sabe como é chato de mantê-los. Qualquer poeirinha é destacada, coisa que não acontece nos veículos pratas, que parecem limpos mesmo depois de semanas sem banho.

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Mas o que adianta essa minha preferência? Como já disse acima, tem que ter olhos atentos - e por isso estou no meu terceiro carro preto.

Tento convencer meus clientes a pensarem do mesmo jeito, mas nem sempre tenho sucesso. Muitos não aceitam certas cores, e alguns exigem uma cor específica, inclusive da parte interna. Isso limita demais a procura, o ideal é aceitar qualquer tipo de cor.

Esqueça o medo da dificuldade de revenda, que isso não existe. Quando o carro é bom, pode ser da cor que for que vai encontrar interessados.

Quilometragem

Infelizmente muitos carros usados passam por adulteração de quilometragem. Essa é uma das objeções de quem não quer saber de usados, por ter receio de cair nesse golpe. Mas dá para dizer que as adulterações só existem devido a dessa bobagem de querer classificar a qualidade de um veículo pelo tanto que ele rodou.

Não faltam exemplos de carros mais rodados em melhores condições que outros com menor quilometragem. O brasileiro roda em média, 15 mil km por ano, portanto, qual o problema de um carro com 10 anos ter 150 mil km? Aliás, pode ter até mais que isso, desde que as manutenções estejam em dia.

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Garanto que o mercado está lotado de excelentes opções mais rodadinhas. Vale a pena considerar, inclusive é um argumento para conseguir pagar mais barato. O que não dá é para acreditar que somente carros pouco rodados são bons.

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Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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