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Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Volkswagen: o que carros usados têm de bom e quais os problemas mais comuns

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Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

29/04/2021 04h00

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Se por um lado o mercado de carros usados é bem atrativo por causa da variedade de modelos com preços mais baixos que entre os zero km, por outro não faltam objeções que fazem o comprador sequer considere a hipótese de colocar um na garagem.

Uma dessas objeções é o desconhecimento de problemas que um carro possa ter. Quando o automóvel é novo e tem as manutenções feitas na concessionária, a garantia do fabricante acaba sendo um alívio para essas pessoas. Isso porque, por pior que seja o problema, a montadora assume os custos.

No caso de carros usados, geralmente fora do período de garantia, nem sempre o comprador está disposto a assumir o risco de ter que resolver um problema por conta própria.

Na semana passada falei sobre oficinas mecânicas especializadas em uma só marca. O tema levantou diversos pedidos para que falasse um pouco mais sobre as qualidades e os problemas mais comuns que carros de uma mesma montadora costumam ter, de forma a facilitar que está na dúvida sobre qual usado comprar.

Sendo assim, a coluna dessa semana abre uma série em que mostrarei o que você precisa ficar de olho em modelos lançados nos últimos cinco anos. E começarei pela Volkswagen, uma das marcas mais vendidas no Brasil.

Para levantar essas informações, contei com a ajuda de Daniel Taniguti, dono de uma oficina mecânica em São Paulo e que tem muito conhecimento dos carros da Volkswagen. Inclusive, mantém na garagem um clássico Golf GTI 1997 como novo, tamanha sua paixão pela marca.

Uma coisa é certa: a Volkswagen deixou de ser aquela marca popular do passado. É das que mais investem em tecnologias de seus motores, e isso tem um custo alto de reparação, por exigirem mecânicos especializados e componentes bem mais caros do que o normal.

Motores 1.0

Volkswagen Polo 1.0 MPI  - Murilo Góes/UOL - Murilo Góes/UOL
Imagem: Murilo Góes/UOL

A Volkswagen foi um dos primeiros fabricantes a popularizar os modernos motores de 3 cilindros no Brasil. Vários modelos foram equipados com esses propulsor, sempre com 4 válvulas por cilindro, totalizado 12 válvulas.

Quem estiver interessado em um desses carros se assustará com a vibração do motor quando ligado, mas essa característica é comum e esperada de motores tricilíndricos.

O que não pode é transmitir essa vibração para a carroceria do carro. Se isso acontecer, é bem provável que os suportes do motor, conhecidos como coxins, estejam ruins. Por causa dessa exigência maior de trabalho, essas peças sofrem de maneira prematura - e não são baratas.

Em algumas versões de up!, Polo e Golf, esse motor 1.0 recebe turbo e injeção direta de combustível, tecnologia que faz a alegria de quem gosta de carros com bom desempenho e baixo consumo de combustível. Porém, esse tipo de motor sofre com carbonização nas válvulas de admissão, que se agrava quando é utilizado combustível de má qualidade.

Por mais espetacular que seja esse 1.0 turbo, eu não recomendo para quem prioriza o menor custo de manutenção possível. Nesse caso, é melhor ficar com o 1.0 aspirado, de concepção mais simples.

Motores 1.6

Volkswagen Virtus 1.6 MSI - Reprodução/UOL - Reprodução/UOL
Imagem: Reprodução/UOL

O motor 1.6 é o mais antigo presente na linha Volkswagen, principalmente quando equipado com cabeçote de apenas 2 válvulas por cilindro.

Por possuir tanto tempo de vida e ter equipado uma quantidade gigantesca de carros no Brasil, podemos dizer que é um motor consagrado - mas nem sempre foi assim. Ele já sofreu bastante no passado, com alguns problemas crônicos que prejudicavam sua durabilidade. Felizmente a Volkswagen corrigiu esses problemas e hoje o motor passou a ser bem confiável.

Depois de alguns anos, esse motor 1.6 evoluiu para a geração conhecida como MSI, em que passou a contar com 4 válvulas por cilindro. Isso deu sobrevida digna ao propulsor, que passou a ser um dos melhores na minha opinião.

Quanto à transmissão, ela pode ser do tipo manual ou automática, e ambas são confiáveis, não exigindo nada além de manutenções normais.

Quem está de olho em um VW 1.6 deve se atentar ao histórico de manutenção, principalmente quanto ao tipo de óleo utilizado pelo dono anterior, além do tempo de intervalo dessas trocas. Se for algo diferente do recomendado pelo fabricante, é melhor desistir do negócio.

Motores 1.4 e 2.0 turbo

Volkswagen Tiguan 1.4 Comfortline - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Além do já citado 1.0 turbo, a Volkswagen tem em sua linha outros dois motores turbos, que são idolatrados pelos amantes de carros. São motores espertíssimos e deliciosos de serem guiados. Por causa dessas características, atingem aquele público adepto de alterações na programação eletrônica, que optam por deixarem seus motores ainda mais potentes.

É comum nos depararmos com modelos usados que tiveram a eletrônica alterada em algum momento da vida, mas nem sempre é possível rastrear o que foi feito. É fundamental fazer uma boa avaliação antes da compra nesses Volkswagen turbo, dando preferência para aqueles que possuem histórico de manutenção.

Por terem injeção direta, esses motores também sofrem com carbonização nas válvulas de admissão. Somente o motor conhecido como EA888 de 3ª geração, presente do Golf GTi e no Passat, possuem injeção indireta em conjunto com a direta, tendo assim menor incidência de carbonização.

A transmissão mais problemática é a automatizada de sete marchas a seco, que inclusive "queimou o filme" dos modelos equipados com ela, sempre com o motor 1.4. Apesar de gostar muito da dirigibilidade que ela propicia, não recomendo mais a compra. O melhor é ficar nas automatizadas banhadas a óleo ou na automática tradicional, que são as mais usadas pela marca nos últimos anos.

Na parte de suspensão, esses VW equipados com motores turbo sofrem com barulhos nas buchas da barra estabilizadora e nos batentes dos amortecedores, portanto requer atenção no momento do teste de rodagem.

No caso do Tiguan, quando equipado com tração nas quatro rodas, é fundamental que o óleo do diferencial seja substituído periodicamente. Mas, por causa do alto custo dessa manutenção, poucos donos se atentam a isso. Mais uma vez, dê preferência para os que tenham comprovante dessa revisão.

Só recomendo esses Volkswagen com motores turbo para aqueles apaixonados por carros, que não se frustram quando a oficina passa orçamentos de reparos na casa dos milhares de reais. Eles não são para qualquer bolso, inclusive se aproximando dos custos de manutenções de marcas de luxo. É uma pena, mas tudo indica que esses modelos não terão vida muito longa no mercado de usados.