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8 coisas que você precisa saber antes de escolher o óleo do seu carro

Momento Vox
Imagem: Momento Vox

Colunista do UOL

30/04/2020 04h00

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Todos os dias recebo muitas perguntas com dúvidas sobre carros usados. Na maior parte delas, querem minha opinião sobre a melhor opção entre carros A e B. Mas também chegam várias questões sobre manutenções dos carros, principalmente da escolha do óleo lubrificante correto para o motor.

O tema é polêmico, mas não deveria ser. Afinal de contas, basta consultar o manual e seguir à risca aquilo que o fabricante recomenda, tanto para a escolha do óleo quanto seu intervalo de troca, por tempo ou quilometragem.

Porém, para deixar de ter essa resposta simplista, resolvi entender melhor, de forma técnica, um pouco mais sobre óleo lubrificante para motores. Consultei o engenheiro automotivo Felipe Hoffmann para me ajudar nessa.

Importância do óleo

Mesmo sendo das manutenções mais baratas, ainda é comum encontrar motoristas que negligenciam o uso correto do óleo. Esse composto é fundamental para lubrificar as peças do motor, ou seja, impedir que elas tenham contato direto umas com as outras, seja na fase fria ou na de temperatura ideal do funcionamento do motor. Sem ele, o atrito entre essas peças faz com que motor quebre em pouco tempo.

Levando em conta que o óleo perde suas propriedades com tempo e uso, substituí-lo periodicamente é fundamental para manter o motor saudável. O custo do reparo de um motor quebrado é inquestionavelmente maior que o da simples manutenção do óleo.

Tenho que trocar o filtro do óleo?

O filtro do óleo, como o próprio nome diz, é responsável por filtrar impurezas que estão nele e que possam prejudicar o motor. Obviamente que, dentro dele, fica um pouco de óleo. Quem substitui o óleo, mas opta por manter o filtro antigo, vai deixar que óleo antigo que ficou no filtro entre em contato com o novo. Não é bom que isso aconteça, ainda mais sabendo que é baixo o custo de um filtro novo.

Sei que tem muitos motoristas que preferem trocar o filtro a cada duas de óleo, mas eu recomendo que essa troca seja sempre feita junto com a do óleo.

Mineral ou sintético

Por seu um composto orgânico com aditivos, classificar um óleo como mineral ou sintético é errado do ponto de vista técnico, afinal de contas, todos os óleos para motores de carros são sintéticos. Por conta do marketing, as empresas que comercializam o produto adotam essa nomenclatura, que teoricamente separa a qualidade do óleo, sendo o sintético sempre superior ao mineral.

Na prática nem sempre é assim, pois dependendo de sua classificação é possível um óleo mineral ser melhor que outro sintético. A grande vantagem dos sintéticos é que eles conseguem ter propriedades mais próximas das exigidas pelo motor, sem ter que recorrer a tantos aditivos.

Você pode optar por óleo mineral ou sintético para usar no motor do seu carro, desde que atenda à viscosidade e à classificação estipulada pelo fabricante do carro.

Viscosidade

O óleo é viscoso e essa viscosidade se altera de acordo com a temperatura de trabalho do motor. Quando frio, ele é mais grosso, e vai ficando mais fino na medida que o motor se aquece. Para saber a viscosidade ideal do seu carro, é preciso consultar o manual ou, na falta dele, a internet. São dois números separados pela letra W, como por exemplo um óleo com viscosidade 5W30.

Vale dizer que a constante melhoria no processo fabril dos motores faz com que as peças tenham folgas cada vez menores. Com isso, o óleo também pode ser mais "fino" ou menos viscoso.

Classificação dos óleos

Além de verificar a viscosidade, é muito importante respeitar as classificações, que são letras geralmente vindas depois dos números já citados. Se o fabricante recomenda que o óleo tenha a classificação SL, você só deve usar essa. Para saber qual a classificação melhor, basta seguir a sequência do alfabeto.

Por exemplo, um óleo SM ou SN é melhor que o SL, portanto pode ser utilizado no seu carro se ele exigir o SL. Já um SJ, por ser inferior, não pode ser usado e nem misturado com o SL.

Vale dizer que óleos minerais ou sintéticos podem atender qualquer uma dessas classificações. Portanto é mais importante escolher a classificação antes de definir se será mineral ou sintético.

Posso usar ou misturar outro óleo?

É possível usar e misturar um óleo diferente do recomendado pelo fabricante, desde que seja de uma classificação superior, como já foi dito.
É um mito afirmar que não pode misturar mineral com sintético, pois o mais importante nessa mistura é respeitar a classificação.

Porém, você não deve utilizar óleos mais finos se o fabricante não recomendá-lo, pois a lubrificação do seu motor estará comprometida. Vão querer te convencer que o carro ficará mais econômico, já que a energia para bombear esse fluído mais fino é menor. Mas se o motor não foi projetado para trabalhar com esse óleo fino, os estragos serão grandes no futuro.

Combustível danifica óleo?

É sabido que a fase fria do motor é o pior momento para ele. As folgas entre as peças são maiores e estão com pouca lubrificação. Parte do combustível não queimado no processo de combustão acaba entrando em contato com o óleo e o contamina aos poucos.

Depois que o óleo chega a sua temperatura ideal, o que leva alguns minutos, esse combustível não queimado é evaporado. Sabendo disso, é fundamental que o motor seja pouco exigido nesses primeiros minutos de funcionamento. O carro pode ser utilizado, mas recomendo que evite elevar muito a rotação do motor.

Vale lembrar que poucos carros têm marcador de temperatura do óleo. Geralmente tem apenas o marcador da temperatura do líquido de arrefecimento. Não se baseie apenas nele para saber se o motor está em sua temperatura ideal, pois esse líquido se aquece mais rápido que o óleo.

Ou seja, o marcador pode acusar a temperatura ideal do líquido de arrefecimento, mas óleo pode não ter atingido essa temperatura. Na dúvida, dirija com suavidade nos 15 primeiros minutos.

Quando trocar

Esse é um dos pontos mais polêmicos e incertos. O uso do meu carro é diferente da utilização do veículo de outra pessoa, e isso influencia bastante na degradação do óleo no motor.

Mas não temos como saber exatamente como é o uso de cada carro, já que ninguém calcula se foi mais em estrada, com rotações constantes, ou em cidade, com muitas variações.

Geralmente os fabricantes colocam um intervalo de troca entre 5 e 10 mil km, com algumas variações para baixo ou para cima. Na dúvida de como é o seu uso, procure não sair desse intervalo. Eu, por exemplo, já troquei algumas vezes com 6 mil, outras com 8 mil, mas sei que dificilmente terei algum problema se deixar para trocar nos 10 mil km.

Não tenha aquela neura que algumas pessoas têm com isso, acreditando que com 10.001 km o motor vai quebrar. Tenha apenas um bom senso de trocar nesses intervalos.

A mesma coisa com o tempo, que aliás é até mais importante do que a distância percorrida. Alguns falam em 6 meses e outros em 1 ano. Procure ficar sempre nesse meio-termo e jamais deixe passar muito disso. Já vi carro usando o mesmo óleo por vários anos. Ele vai funcionar, mas não é nada saudável para o motor.