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Gasolina nas alturas: por que governo foca em subsidiar combustível errado?

Getty Images/iStock
Imagem: Getty Images/iStock

Colunista do UOL

10/06/2022 14h37

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Nos últimos dias o governo federal tem trabalhado para tentar reduzir os absurdos preços da gasolina e do diesel. A iniciativa, aparentemente tão louvável quanto eleitoreira, custará bilhões de reais ao Brasil por envolver renúncia fiscal e, de fato, o benefício poderá ser rapidamente anulado por causa da conjuntura internacional de aumento no preço dos derivados de petróleo, que já estão defasados por aqui.

Diante desse intenso debate que tomou conta dos corredores e gabinetes em Brasília (DF) e das mídias sociais e que está na rodinha de conversas de quase todos os brasileiros, nada, ou quase nada, se fala sobre a incontestável vantagem nacional, que melhor atende hoje às necessidades globais de redução de emissões: o etanol.

Por que não zerar, ou reduzir, o imposto do etanol para tornar seu uso mais vantajoso? Por que renunciar à arrecadação de bilhões, e fala-se de R$ 25 bilhões a R$ 50 bilhões - orçamento que é quase o que se destina para o Auxílio Brasil - para incentivar o uso de um combustível poluente, e importado, como a gasolina?

Nós que acompanhamos a indústria automotiva já estamos cansados de ouvir promessas de políticas de incentivo ao etanol, um combustível genuinamente nacional. Mas muito pouco foi feito para incentivar o uso de energia gerada por fontes renováveis, seja etanol, biodiesel ou qualquer outro biocombustível.

Segundo levantamento recente do Ticket Log, publicado por este portal UOL, em apenas quatro estados brasileiros o etanol é financeiramente mais vantajoso, em média, do que a gasolina: Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo. Nos outros 22 estados e no Distrito Federal a gasolina é a opção mais barata para o motorista.

Há quase vinte anos o Brasil introduziu o flex fuel, que permite ao consumidor escolher com qual combustível abastecer seu veículo. Segundo o estudo mais recente do Sindipeças sobre a frota circulante nacional, 72,7% dos automóveis que rodam nas ruas e estradas brasileiras têm motorização flex.

Diante desses números, novamente perguntamos: por que não criar políticas de incentivo aos biocombustíveis em vez de gastar bilhões de reais para reduzir temporariamente o preço da gasolina, abastecendo somente os resultados operacionais das petroleiras, calculados em dólar?

Incentivando o uso do combustível derivado da cana-de-açúcar com redução tributária todos os brasileiros dos 26 estados e do Distrito Federal poderão escolher pela gasolina ou por mais dinheiro no bolso. Quem foi ao supermercado nos últimos meses tem a dimensão da importância de economizar.

Assim, acreditamos que tanto o bolso como os pulmões dos brasileiros agradecerão.

Crença no segundo semestre. A média diária de emplacamentos chegou a 8,5 mil unidades em maio, sinalizando o início da recuperação do mercado. A Anfavea mantém sua projeção de 2,3 milhões de veículos vendidos no ano e seu presidente, Márcio de Lima Leite, aposta em 10 mil unidades de média diária no segundo semestre.

Os juros têm que ajudar. Ainda que as montadoras consigam acelerar a produção e entregar este volume projetado já existe problema no varejo, especialmente por causa dos financiamentos. Os consumidores, assustados com juros elevados, começam a postergar suas compras.

Locadoras. Mas falta de demanda não deverá haver: as locadoras seguem comprando, para renovar uma frota que ficou envelhecida por causa da falta de oferta. Lima Leite acredita que este canal de vendas possa equilibrar a situação caso os juros comecem a atrapalhar mais o varejo.

Fastback. Sem tanta surpresa a Fiat adotou o nome do conceito apresentado no Salão do Automóvel de 2018 em seu novo SUV, que será lançado no segundo semestre. O Fastback deverá ser um pouco maior do que o Pulse.

* Colaboraram André Barros, Caio Bednarski, Soraia Abreu Pedrozo e Vicente Alessi, filho