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Como guerra na Ucrânia deve afetar mercado automotivo em todo o mundo
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Os efeitos da primeira semana de conflito no Leste da Europa já afetam diversas atividades industriais. No mundo automotivo não é diferente. E o resultado de atitudes individuais de empresas fabricantes de veículos e sistemistas e de produtores de autopeças poderá ter um impacto ainda inimaginável nas operações em diversos países, inclusive no Brasil.
Na quinta-feira, 3, a Volkswagen se juntou a outras gigantes do setor e anunciou a paralisação das suas atividades nas unidades fabris russas de Kaluga, Nizhny e Novgorod, próximas às fronteiras com Bielorrússia e Letônia. E também escreveu no Twitter que está suspendendo imediatamente a exportação de veículos para a Rússia.
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Ainda comentou naquela rede social que, mesmo lamentando a situação que levou a essa decisão radical, manterá seu compromisso com os funcionários afetados pela paralisação na Rússia: todos receberão uma parte do salário como benefício pago pela Volkswagen.
A partir desta sexta-feira, 4, a Toyota, com fábrica em São Petersburgo, diz que também interromperá a fabricação de veículos. Desde 1º de março a Ford, que mantém joint-venture com a Sollers, da qual administra 50%, suspendeu a produção "até novo aviso".
No segmento de veículos pesados a Daimler e a Volvo Caminhões avisaram que paralisaram suas operações de produção e vendas na Rússia. No caso da Daimler Trucks isso inclui sua joint-venture com a Kamaz, importante fabricante local.
Todas essas empresas dizem que estão analisando constantemente o desenrolar do conflito armado e que podem rever suas decisões a qualquer momento.
É o que estão fazendo neste momento as marcas que exportam veículos para a Rússia que decidiram interromper temporariamente suas operações: General Motors, Honda, Jaguar Land Rover e Aston Martin são algumas delas.
As empresas do Reino Unido, inclusive, afirmaram que por causa dos desafios comerciais e logísticos dessas operações, mas, também, em apoio às sanções comerciais impostas pelo seu país de origem, tomaram a decisão de não enviar mais produtos à Rússia.
A Volvo Cars foi além e anunciou que suspendeu a exportação de veículos por causa de "riscos potenciais associados ao comércio de produtos com a Rússia, incluindo sanções dos Estados Unidos e da União Europeia". A empresa abastece o mercado russo a partir de suas fábricas instaladas na China, nos Estados Unidos e na Suécia, e aguarda o andar da carruagem no conflito para retomar suas operações comerciais no país.
Estes são impactos imediatos da crise Ucrânia-Rússia. O que está por vir pode ser ainda muito pior para a indústria automotiva. E os primeiros sinais amarelos começam a surgir. A Alemanha, por exemplo: por causa da guerra poderá não atingir o seu objetivo de colocar nas ruas, até 2030, os 15 milhões de veículos elétricos necessários para reduzir significativamente as emissões.
O Estado alemão estabeleceu uma meta provisória de redução de 48,1% nas emissões de gases de efeito estufa provenientes do setor de transporte de 1990 até 2030. Segundo a empresa de análise de riscos GlobalData a crise tem prejudicado o abastecimento de níquel, elemento essencial na produção das baterias para os carros elétricos.
A Rússia é o terceiro maior produtor de níquel do mundo. A incerteza do abastecimento dessa matéria-prima fez o preço do níquel subir 18% no ano passado, ultrapassando os US$ 24 mil por tonelada. O que virá a seguir é uma incógnita que pode atrasar por muito tempo o ritmo de produção dos veículos elétricos. Comprometendo toda uma cadeia global de fornecimento.
Além das unidades na Rússia a Volkswagen teve prejudicada sua produção em duas fábricas no Leste da Alemanha justamente porque a guerra interrompeu as entregas de peças importantes vindas a partir do Oeste da Ucrânia.
Se esse conflito continuar é uma questão de tempo para outras empresas europeias suspenderem suas operações. Não bastasse a crise dos semicondutores agora a indústria vê uma possível recuperação das vendas globais, mesmo que tímida, refém de uma guerra.
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