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Brasil sofre com falta de peças enquanto Coreia investe bilhões em chips
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Em meio à continuidade da escassez de semicondutores, que atinge a diferentes setores industriais e regiões do planeta, a Coreia do Sul anunciou investimentos de quase US$ 50 bilhões, somente neste 2022, para ampliar sua produção de chips.
É quase 10% a mais do que já foi investido em 2021, segundo informou a Korea Semiconductor Industry Association, associação que representa as fabricantes locais, à publicação The Korea Herald.
O investimento será realizado com algum apoio governamental: o Ministério da Indústria prometeu criar mais vagas em cursos de formação superior relacionados a semicondutores para ampliar a massa trabalhadora do setor, reduzir a burocracia e os impostos e aprimorar a infraestrutura para a indústria de chips.
Uma nova legislação para a indústria foi prometida para julho. A Coreia do Sul sabe da importância dos semicondutores para sua indústria no futuro e conta com um bom lobby, pois o presidente da associação que negociou com o governo é executivo da Samsung, diretamente interessada no assunto pelos dois pontos da cadeia, como produtora e como consumidora.
Na contramão a indústria brasileira mais uma vez assiste, com certa ponta de inveja, a organização, a firmeza das decisões e a rapidez dos sul-coreanos. Em junho de 2021 o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, propôs com entusiasmo o investimento na produção local de chips para que o Brasil avance no protagonismo do fornecimento do componente. E o que aconteceu depois disso?
Trata-se de investimento com visão e retorno de longo prazo. Grandes valores envolvidos, a necessidade de articulação de vários setores e uma atuação firme dos poderes legislativo e executivo, algo que, no contexto atual, não parece fazer parte dos planos de um governo que bate cabeça e está preocupado apenas com o curtíssimo prazo, de olho nas eleições de outubro.
Até lá como ficará a cadeia industrial brasileira?
Por enquanto a cadeia automotiva responsável por milhares de empregos alimenta suas esperanças com a promessa do ministro da Economia, Paulo Guedes, de reduzir o IPI. Para, quem sabe, diminuir o ritmo dos reajustes nos automóveis compensando os necessários repasses ao preço final do aumento do custo nas matérias-primas, mão-de-obra e infraestrutura dos últimos meses.
As correções nas tabelas de preços e sucessivos aumentos de juros já provocaram efeito no mercado, que deverá fechar com o pior resultado de vendas para o primeiro bimestre desde 2006.
* Colaboraram André Barros, Caio Bednarski, Soraia Abreu Pedrozo e Vicente Alessi, fliho
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