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Investimentos estão voltando à indústria automotiva?

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

26/11/2021 04h00

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Nas últimas semanas anúncios de investimentos na cadeia automotiva nacional demonstraram que o futuro dessa indústria de transformação está sendo planejado e construído. Aos poucos, devagar, devagarinho, é verdade. Mas não se trata apenas da injeção de capital na produção de novos componentes, peças, serviços, veículos e implementos.

O que acontece neste fim de 2021 pode ajudar a pavimentar um cenário mais otimista para o ano que vem e contribuir para que outras empresas também possam pegar essa onda.

Na última semana foram anunciados pouco mais de R$ 700 milhões em investimentos, que se somam ao bilionário plano da Volkswagen, divulgado há 21 dias, que injetará em suas atividades no País R$ 7 bilhões até 2026.

No dia 18 a BMW disse que tem um novo programa no Brasil, de R$ 500 milhões, para sua fábrica de Araquari, SC, para os próximos três anos. Vai produzir três novos modelos, dois deles já revelados, o X3 e o X4. Este valor soma-se ao R$ 1,3 bilhão já investido no Brasil.

Com as novidades a expectativa da BMW é produzir e comercializar 10 mil unidades no ano que vem, capacidade que a fábrica já possui e que não será expandida. Parte do investimento reforçará a equipe de engenharia brasileira para participar, com maior protagonismo, do desenvolvimento de softwares de digitalização, uma das grandes apostas da empresa.

A engenharia nacional já entregou desenvolvimentos importantes que são usados em outros países, caso do Intelligent Personal Assistant, o BMW e MINI My App e a Digital Key, que permite abrir o veículo pelo smartphone.

Surfando a onda da crescente demanda do segmento de transportes por causa do agronegócio, da infraestrutura, da energia eólica, da construção civil e do e-commerce, a Librelato, de implementos para caminhões, investirá R$ 198 milhões.

O programa de investimento é para os próximos três anos e além de elevar a produção duplicando a área da fábrica de Içara, SC, para 60 mil m2, transformará sua manufatura em 4.0, com a digitalização do processo produtivo. O plano é elevar o volume de 63 implementos/dia para 70 em 2022, chegando, ao fim de 2023, a 90 unidades/dia. Também lançará uma nova linha de carroçarias chamada Evolut.

Outro segmento que costuma ficar longe dos holofotes da indústria, mas é bem importante, é o de equipamentos agrícolas. A Continental investiu R$ 25 milhões para produzir, em Ponta Grossa, PR, sua nova linha de esteiras Draper para plataformas de colheitadeiras de grãos.

A linha de produção foi instalada ali para atender à demanda crescente do agronegócio no Brasil e na América do Sul. Em comunicado a empresa diz que "é o primeiro investimento local realizado por uma multinacional nesse segmento". A expectativa é a de atender a toda a demanda das montadoras agrícolas instaladas na América do Sul e, também, o mercado de reposição.

Outra boa notícia é o retorno da produção, em Itatiaia, RJ, do Range Rover Evoque. Deixou de ser fabricado em 2019 e desde então a fábrica e o próprio modelo passaram por melhorias: a unidade da Land Rover no País, que emprega quatrocentas
pessoas, se preparou para receber a plataforma da nova geração do Evoque.

Em São Caetano do Sul, SP, a falta de semicondutores que paralisou por alguns meses a produção da GM acelerou os trabalhos na transformação daquela fábrica para os novos produtos, como a picape Montana.

A área de montagem das peças maiores, o body shop, recebeu novos robôs, máquinas e equipamentos e grande parte desse processo produtivo da nova geração da picape já está instalado. A área de estruturação, também ligada à de body shop, já está quase toda ocupada com 265 robôs que serão instalados e elevarão para 98% o nível de automação.

Essas alterações fazem parte de programa de investimento de R$ 10 bilhões que a GM pode anunciar graças a incentivos concedidos pelo governo estadual em março de 2019. Até 2025 esse valor renovará a linha de produtos de São Caetano.

Todas essas iniciativas devem contribuir para a melhoria das operações fabris e dos produtos, além de fomentar a economia do País durante o processo de consolidação dos investimentos.

Os estados de Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro certamente de alguma forma estão beneficiando sua população com postos de trabalhos mais valorizados, maior capacitação da mão de obra, serviços de terceiros que atuam indiretamente nessas operações, o comércio e também a economia informal, no entorno desses lugares. Não é uma boa notícia?

* Colaboraram André Barros, Caio Bednarski, Soraia Abreu Pedrozo e Vicente Alessi, filho